domingo, 26 de março de 2017

A imprensa e as fábricas de salsicha

Por Paula Cesarino Costa - Ombudsman

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/paula-cesarino-costa-ombudsman/2017/03/1869767-a-imprensa-e-as-fabricas-de-salsicha.shtml

26/03/2017  02h00

O espetáculo de realismo mágico nas palavras de um juiz começou na sexta-feira (17), com a maior operação da história da Polícia Federal.

A PF investigou durante dois anos esquema de propinas envolvendo 32 empresas que pagavam fiscais do governo federal para liberar carnes adulteradas ou estragadas.

Os principais frigoríficos do país estavam entre os investigados. A carne adulterada chegara na merenda escolar. Haveria produtos com substâncias potencialmente cancerígenas. Não era bem assim.

Esse foi o tema mais comentado pelos leitores, que criticaram o trabalho da imprensa e da polícia.

Dizia o texto da edição de sábado: "Ao longo de dois anos de apuração, a PF afirma ter encontrado em gôndolas de supermercados carnes adulteradas, com prazo de validade vencido e maquiadas com produtos proibidos por lei".

Um leitor cobrou: "Por que os jornais não questionaram essa demora da polícia em divulgar assunto de extrema importância, em vez de punir e evitar que população consumisse carne com problemas?"

A Folha publicou o que a polícia divulgou, sem questionar, sem duvidar, sem consultar especialistas que pudessem ajudar na avaliação dos fatos. Não investiu em linha própria de investigação nem saiu a campo atrás de evidências.

Na segunda (20), o jornal embarcou também acriticamente nas vozes das empresas e do governo. Passou a ser crítico à operação policial, com a demonstração de relatos inapropriados, generalizações descabidas e provas técnicas parciais ou incompletas. O estrago para o setor já estava feito. O leitor, perdido, ficou sem saber em quem acreditar.

O editor de "Mercado", Ricardo Balthazar, admitiu que "o tom da cobertura foi ajustado durante o fim de semana, à medida que a avalanche de informações da polícia pôde ser avaliada com mais cuidado".

Lembrou que, na segunda-feira, primeira reportagem mais crítica da Folha informou que nos dois anos de investigação somente um dos frigoríficos teve seus produtos submetidos a análise técnica pela polícia, demonstrando de forma objetiva as fragilidades do trabalho policial.

De modo geral, tanto quanto a investigação sobre a carne, fraca acabou sendo a cobertura da Folha.

Veio à tona antiga associação: assim como a salsicha, se o leitor soubesse como os jornais são feitos, também não os consumiria?

Pela transparência e a boa prática jornalística

Por Paula Cesarino Costa - Ombudsman da Folha

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/paula-cesarino-costa-ombudsman/2017/03/1869768-pela-transparencia-e-a-boa-pratica-jornalistica.shtml

26/03/2017  02h00

A coluna publicada em 19 de março esteve no centro de polêmica entre atores do jogo político brasileiro.

Escrevi que a cobertura dos principais órgãos de comunicação sobre os pedidos de abertura de inquérito baseados nas delações premiadas de executivos e ex-executivos da construtora Odebrecht trazia versões inacreditavelmente harmoniosas umas com as outras.

Das dezenas de envolvidos na investigação, vazaram para os jornalistas nesse primeiro momento os mesmos 16 nomes de políticos, sem que se saiba o critério utilizado.

Apurei que as informações foram obtidas em encontro de jornalistas e representantes da Procuradoria-Geral da República, sob condição de off, quando a fonte da reportagem não é identificada no texto.

O procurador-geral, Rodrigo Janot,disse que a afirmação é uma "mentira". O ministro do STF Gilmar Mendes aproveitou para acusar a PGR de "chantagem" ao vazar informações sob sigilo. Janot reagiu falando em "disenteria verbal".

Reafirmo, como já fiz durante a semana, as informações aqui publicadas, confirmadas por mais de três fontes independentes, como requer a boa prática jornalística.

A ombudsman é profissional com atuação independente e isolada da Redação da Folha. Se a informação chegou até mim, cabia apurar, verificar e publicar. Foi o que fiz, em nome da transparência e da defesa do bom jornalismo que o leitor merece.

Há crises que são saudáveis por gerar a necessidade de revisão de procedimentos e comportamentos. A operação Lava Jato se coaduna com esse espírito em muitos dos seus principais movimentos. O turbilhão que involuntariamente provoquei também tem esse potencial.

Os defensores da independência, da transparência e da acuidade da informação têm aqui uma aliada, onde os obscurantistas por certo verão uma adversária.

Em 2 meses no poder, Donald Trump já coleciona fracassos

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/03/1869749-em-2-meses-no-poder-donald-trump-ja-coleciona-fracassos.shtml

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DE NOVA YORK

26/03/2017  02h00

Com pouco mais de 60 dias no poder, o presidente dos EUA, Donald Trump, já coleciona uma série de fracassos, coroada na sexta-feira (24) com o recuo na votação do projeto de reforma do Obamacare. Apesar da maioria republicana, a Câmara não reuniu votos para a aprovação.

O fiasco expôs a incompetência política do governo, que perdeu para si próprio, e as feridas que se abriram no Partido Republicano desde que Trump obteve a indicação da legenda para concorrer à Casa Branca.

O presidente admitiu que seu grande erro estratégico foi inaugurar a agenda do Legislativo com a mudança na lei de saúde –e não com a reforma tributária para cortar impostos, tema que tem mais fácil aceitação entre republicanos, embora ainda possa encontrar resistência em algumas alas.

Num país em que a assistência à saúde nunca atingiu um grau de universalização comparável ao de nações europeias, onde prosperou o Estado de bem-estar social, a reforma sancionada por Barack Obama, em 2010, ampliou de maneira expressiva o alcance dos cuidados médicos. Um escritório ligado ao próprio Congresso estimou que a reforma, se aprovada, deixaria 24 milhões desassistidos.

Longe de ser perfeito, o Obamacare foi bombardeado nos últimos anos por republicanos, que o acusam de promover uma intromissão indevida do Estado ao tornar obrigatória a contratação de planos de saúde e subsidiá-los (com aumento de tributos) para setores de baixa renda.

Para conservadores puro-sangue, a lei de Obama deveria ser abandonada em favor de um sistema que eliminasse subsídios e devolvesse aos indivíduos e ao mercado a iniciativa de organizar fundos mútuos e seguros com coberturas variadas de acordo com os interesses e possibilidades de cada um.

Mais cautelosos, parlamentares republicanos moderados passaram a temer as consequências de uma reforma que retirasse direitos logo antes das eleições de 2018 para o Congresso –o que daria aos democratas um discurso pronto de campanha.

As divergências expressam impasses da direita americana, num contexto em que mudanças demográficas e sociais pressionam por mais amparo governamental e solicitam dos políticos um tipo de sensibilidade nem sempre compatível com o conservadorismo privatista mais rígido e ideológico.

Para Trump, o fiasco foi o mais grave de sua breve e mal avaliada gestão –o patamar dos que aprovam seu trabalho é de 40%, o mais baixo entre presidentes nessa fase do mandato.

A seu favor, o republicano conta até aqui com a melhoria da economia –que na verdade já vem do período de Obama– e com sua coreografia de CEO hiperativo com as mangas arregaçadas a assinar ordens, disparar ataques contra a mídia de inclinação progressista e martelar sua retórica de América e trabalhadores em primeiro lugar.

Além da derrota na Câmara, Trump já teve dois decretos de veto à imigração derrubados na Justiça e enfrenta problemas em investigações que se conectam e colaboram para desgastar seu capital político.

A primeira delas diz respeito às ligações subterrâneas entre membros de sua equipe e os serviços de inteligência da Rússia –que parecem retiradas do enredo de um improvável filme de espionagem. O que a muitos soava como mirabolante teoria conspiratória da democrata Hillary Clinton tornou-se um pesadelo político que arrastou Trump para o meio de uma investigação do FBI.

O caso ganhou proporções de escândalo quando o conselheiro de Segurança Nacional, o general Michael Flynn, viu-se compelido a deixar o governo menos de um mês depois de ter assumido. A causa foi a revelação de que Flynn ocultou do vice, Mike Pence, as conversas telefônicas que manteve com o embaixador da Rússia em Washington, acerca das sanções impostas pelo governo de Barack Obama a seu país.

Depois da mentira do general, foi a vez de o secretário de Justiça, Jeff Sessions, ser apanhado numa dissimulação –o "Washington Post" revelou que ele havia se encontrado duas vezes com o mesmo embaixador, informação que escondera ao ser sabatinado pelo Senado.

Sob pressão, Sessions, numa manobra que faz lembrar o padrão político brasileiro, determinou seu próprio afastamento das apurações sobre os contatos com a Rússia e se manteve na função.

Numa aparente tentativa de desviar a atenção do imbróglio sobre a conexão russa, o presidente usou uma rede social para acusar, sem embasamento, seu antecessor de ter ordenado grampos telefônicos na Trump Tower, o quartel-general de sua campanha. O caso motivou uma segunda investigação –que nada encontrou até o momento.

Trump agora diz que aposta na implosão do Obamacare para relançar um plano de reforma com adesão dos democratas. Mas terá primeiro que recompor seu partido e minimizar suas áreas de atrito –um tipo de esforço conciliatório que não parece impresso em seu DNA.

*

MEDIDAS DE TRUMP

APROVADAS
- Muro na fronteira com o México
- Oleoduto do Canadá a Texas e Illinois
- Indicação de Neil Gorsuch à Suprema Corte
- Saída da Parceria Transpacífico (TPP)
- Renegociação do Nafta
- Aumento das exigências para visto americano
- Restrição à atuação de lobistas na Casa Branca
- Congelamento de contratações de funcionários
- Corte de recursos a "cidades-santuário"

APROVADAS EM PARTE
- Deportações: cogita poupar imigrantes ilegais sem crimes graves

DERRUBADAS
- Fim da reforma de saúde de Obama: retirada pela Câmara
- Veto a refugiados e cidadãos de seis países: suspenso pela Justiça

Europa, da alegria à melancolia

Por Clovis Rossi

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2017/03/1869746-europa-da-alegria-a-melancolia.shtml

26/03/2017  02h00

Tivessem uma sintonia fina com o público, os políticos europeus evitariam mandar tocar o hino oficial da União Europeia durante as cerimônias comemorativas, neste sábado (25), dos 60 anos do Tratado de Roma.

É o documento que criou a Comunidade Econômica Europeia (hoje rebatizada para União Europeia) e assentou os pilares do que seria o mercado comum.

Acontece que o hino oficial chama-se "Ode à Alegria", uma das costelas da 9ª Sinfonia de Beethoven. É belíssima, mas alegria é tudo o que falta à comunidade europeia nos dias que correm.

Não que haja propriamente tristeza, salvo na Grécia, em que o estado de espírito predominante é ainda mais grave. Chega ao desespero, depois de tantos anos de "austericídio".

O que há, essencialmente, é melancolia. Fácil de explicar, de resto, nas palavras de Frans Timmermans, social-democrata holandês que é vice-presidente da Comissão Europeia, o braço executivo do conglomerado de 28 países (incluindo o Reino Unido, prestes a abandoná-lo): "Agora, pela primeira vez, as classes médias acreditam que há um elevador [social] mas que só pode levá-las para baixo", declarou Timmermans ao "El País".

É natural que haja esse sentimento desagradável porque, nos últimos anos, confluíram pelo menos três crises graves: a da economia, iniciada em 2008 e ainda mal superada; a dos imigrantes, que fez parte da Europa pôr para fora os seus piores instintos; e a do terrorismo, que se fez de novo presente na antevéspera do 60º aniversário.

Foi aparentemente casual, mas o fato é que o ataque se deu nas imediações do Parlamento britânico, um dos dois grandes símbolos do que a Europa tem de melhor (a democracia).

A outra notável qualidade é o Estado de bem-estar social, o modelo menos ruim que o ser humano conseguiu construir até agora.

Por mais que a crise tenha imposto cortes nas áreas sociais, às vezes profundos, ainda sobrevive um sistema sem igual no resto do planeta.

Olhando para trás, é evidente que a construção europeia é uma história de tremendo sucesso. Basta lembrar que, dos seis membros originais que assinaram o Tratado de Roma, passou-se agora a 28 países, nos quais vivem 510 milhões de pessoas.

A "marca Europa" conseguiu atrair antigas ditaduras do sul (Portugal e Espanha) e do leste (muitos dos países que a União Soviética subjugava até o fim da década de 1980).

O problema é que, olhando para a frente, tanto o sucesso político como o social parecem ameaçados pelo avanço da xenofobia e do nacionalismo –ideias que são o oposto exato da cultura comunitária que esteve na origem da União Europeia.

Há um embate entre o Estado supranacional e os velhos Estados-nações.

Como acredito em Samuel Johnson (1709-1784), para quem "o patriotismo é o último refúgio do canalha", torço para que prevaleça o espírito comunitário.

Um primeiro resultado do duelo está próximo: a eleição francesa de abril/maio dirá se o nacionalismo, ainda por cima extremado, ganhará ou triunfará a Europa, com alegria ou com melancolia.

PATOS E PATINHOS

Por Elio Gaspari

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2017/03/1869775-gilmar-age-como-concessionario-do-apocalipse-e-janot-como-um-cerbero.shtml

O governo de Temer prometeu um crescimento de 1,6% do PIB. Aumento de impostos, nem pensar. O PIB ficará em 0,48%, se ficar, e o doutor Henrique Meirelles avisa que haverá aumento de impostos.

Quando o povo ia para a rua pedir a deposição de Dilma Rousseff, o doutor Paulo Skaf, presidente da Fiesp, enfeitou a avenida Paulista com um enorme pato amarelo.

Meirelles não pode deixar de convidar Skaf para a cena do aumento dos impostos. Ele representaria os patos.

De volta para o futuro

Por Bernardo Mello Franco

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/bernardomellofranco/2017/03/1869788-de-volta-para-o-futuro.shtml

26/03/2017  02h00

"CPI desvenda esquema de corrupção envolvendo empreiteiras e políticos." A manchete parece resumir o noticiário de hoje, dominado pela cobertura da Lava Jato. Saiu em 2 de dezembro de 1993, na capa do finado "Jornal do Brasil".

Naquele dia, a imprensa apresentou o relatório preliminar da CPI do Orçamento. O documento mostrava como as construtoras se organizaram para corromper parlamentares e superfaturar obras públicas.

Ainda não havia delação premiada, mas planilhas apreendidas pela Polícia Federal citavam deputados e senadores de diversos partidos. A investigação trazia outra conclusão atualíssima: o cartel das empresas era chefiado pela Odebrecht.

"A papelada revela a existência de um verdadeiro governo paralelo, tocado pelas grandes empreiteiras", afirmava a Folha. "O comprometimento se dava em três níveis: pagamento de propinas, ajuda para as campanhas políticas e presentes", contava o "JB".

A dimensão do caso assombrou o Congresso, onde a investigação passou a ser tachada de ameaça à democracia. Dois senadores foram ao Planalto dizer ao presidente que temiam um golpe. A CPI consultou os ministros militares e desistiu de divulgar a lista completa dos suspeitos.

O escândalo do Orçamento abalou a República, mas terminou muito aquém do que se esperava. A maior parte da conta foi paga pelos "anões", deputados de baixa estatura e pouca expressão política. Houve quatro renúncias e seis cassações.

Do outro lado do balcão, tudo continuou como antes. Isso explica por que Emílio Odebrecht diria, 23 anos depois, que o caixa dois "sempre foi o modelo reinante no país".

O noticiário de 1993 traz outra lembrança curiosa: o PT, que liderava a oposição, escapou invicto da lista de propinas. No ano seguinte, Lula se lançaria em campanha presidencial com um anúncio à praça: "Em princípio, nós não aceitaremos dinheiro da Odebrecht".

domingo, 19 de março de 2017

Como foi o resultado das eleições na Holanda?

Fonte: http://www.revistaforum.com.br/2017/03/17/como-foi-o-resultado-das-eleicoes-na-holanda/

17 de março de 2017

Liberais mantém-se fortes, extrema-direita não decola e esquerda tem resultado contraditório

Por Vinicius Sartorato*, colaborador da Rede Fórum

Um dos países mais desenvolvidos do mundo, a Holanda se destaca em diversos aspectos econômicos, políticos e sociais. Fundador da UE, da OTAN, da OECD e da OMC, é o segundo maior exportador de comida e produtos agrícolas do mundo, somente atrás dos Estados Unidos. Com uma extensão territorial cerca de seis vezes menor que a do estado de São Paulo, os Países Baixos impressionam por ser um dos países mais igualitários, com maior renda per capita, com maior nível de liberdade econômica e de imprensa do mundo. Fatos que são refletidos na felicidade da população.

Reconhecido como um dos países mais liberais do mundo, tem na legalização do aborto, da eutanásia, da prostituição, de uma política de drogas progressista e o casamento entre pessoas do mesmo sexo marcas. Entretanto, a onda conservadora que assola a Europa tem preocupado também os holandeses. Um dos países com maior densidade populacional do mundo, tem visto o crescimento do discurso eurocético e anti-imigração. Temas que chamaram a atenção do debate eleitoral.

É neste quadro, que na última quarta-feira (15) o povo holandês foi às urnas. Como sabemos, a Holanda é uma monarquia constitucional, com um sistema de governo parlamentarista e nesta eleição estava em jogo as 150 cadeiras da Câmara dos Deputados, eleição que possibilita a indicação do primeiro-ministro e a formação do governo.

Mas, como foi o resultado? Quem foram os vencedores? Quem foram os perdedores? Qual é o significado deste resultado para Europa? Quais foram as mensagens que a eleição holandesa trouxe à tona?

Tida como o primeiro grande desafio às elites políticas e econômicas do continente, a eleição holandesa foi temida por muitos políticos europeus, havendo inclusive, a celebração de alguns como a alemã, Angela Merkel e o francês, François Hollande – vizinhos, com eleições marcadas para o futuro próximo.

Na corrida eleitoral, o atual Primeiro-Ministro, Mark Rutte (do Partido do Povo pela Liberdade e a Democracia), concorreu por sua reeleição. No posto desde 2010, o governante tem um perfil liberal, pró-UE, com forte base eleitoral composta de setores médios, laicos e empreendedores. Nesta eleição, o partido de Rutte, conseguiu manter-se como o mais votado (21,3%, 33 cadeiras), porém com um desempenho inferior a eleição de 2012, perdendo 8 cadeiras. Neste sentido, Rutte procurará formar um novo governo, mas trata-se de uma “vitória com sabor amargo”.

Dentre vencedores, com maior importância no cenário, está o partido de extrema-direita, Partido da Liberdade, do líder populista, Geert Wilders, que tornou-se o 2º maior partido nesta eleição, ganhando 5 cadeiras (13,1%) em relação a 2012. Wilders é um oposicionista, que ganhou destaque por ser um dos aliados de Trump, Le Pen, entre outros políticos que professam discursos duros com perfil ultranacionalista, contra a UE e refugiados, em especial muçulmanos. Neste caso, muitas pessoas acabaram frustradas com o resultado, pois acreditavam que o Partido da Liberdade pudesse surpreender.

Já no campo das esquerdas, o resultado foi aparentemente contraditório. O Partido Trabalhista que forma a coalização governamental e foi o 2º maior partido em 2012, foi o maior perdedor desta eleição, ficando em 7º lugar (5,7%), tendo perdido 29 cadeiras no parlamento. Enquanto isso, o Partido Socialista (9,2%, +1 cadeira) e o Partido da Esquerda Verde (8.9%, +10 cadeiras) cresceram, sendo este último, o maior vencedor proporcional desta eleição. Ao todo, os partidos das esquerdas, se estivessem juntos, totalizariam cerca de 30% das cadeiras do parlamento.

Em resumo, o colapso do principal partido do governo não aconteceu. A perspectiva liberal, pró-UE saiu vitoriosa. A extrema-direita não conseguiu surpreender – como muitos esperavam. A expectativa de formação de um novo governo dependerá de pelo menos 4 partidos, uma tarefa complexa. Com a profunda queda do Partido Trabalhista, a tendência e especulação geral, é que o Primeiro-Ministro, Rutte, busque uma aliança com o partido “Apelo Democrata-Cristão”, o partido liberal D66 e a União Cristã, em uma clara movimentação à direita, porém ainda isolando a extrema-direita liderada por Wilders.

Enfim, apesar de remota, a participação no governo do Partido Socialista e do Partido da Esquerda Verde, também é especulada. Líderes de todos partidos, de esquerda e direita cogitados, negam a formação de um novo governo sob liderança do atual Chefe de Governo. Fato que promete prolongar esse período e talvez forçar o aparecimento de um novo nome no cenário.

*Sociólogo, mestre em Políticas de Trabalho e Globalização pela Universidade de Kassel (Alemanha)

Líderes europeus celebram derrota de líder populista de direita na Holanda

DIOGO BERCITO
DE MADRI

16/03/2017  21h54

Um dia após vencer um rival populista nas eleições parlamentares da Holanda, o premiê conservador Mark Rutte deu início nesta quinta (16) às negociações para formar seu próximo governo.

Rutte, do VVD (Partido Popular para a Liberdade e Democracia), terá 33 dos 150 assentos do Parlamento. São precisos 76 para governar.

Os líderes dos principais partidos se reuniram em Haia, sede do Parlamento holandês, para debater uma coalizão. O processo, em um espectro político fragmentado, poderá demorar meses.

O próximo governo provavelmente incluirá o VVD, o conservador CDA (Apelo Democrata-Cristão) e o centrista Democratas 66, somados a um quarto aliado.

A sigla xenófoba e islamofóbica PVV (Partido da Liberdade), de Geert Wilders, conquistou só 20 assentos e deve ser barrada da coalizão.

O PVV chegou a liderar as pesquisas de opinião e a perspectiva de que Wilders pudesse vencer o pleito causava ansiedade entre líderes europeus. Ele defendia retirar a Holanda da União Europeia.

Os resultados dos votos ainda são preliminares e serão oficializados no dia 21. A vitória de Rutte foi bem-recebida por seus aliados.

A chanceler alemã, Angela Merkel, declarou que "a alta participação [de 80%] nas eleições levou a um resultado bastante pró-europeu, um sinal claro". Ela enfrentará um partido de extrema-direita, o AfD (Alternativa para a Alemanha), afim ao PVV, nas eleições de setembro.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, congratulou Rutte dizendo que o resultado era "uma inspiração para muitos".

Em desacordo com os líderes europeus que congratularam o premiê holandês, o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que a Europa está a caminho de iniciar "guerras religiosas".

A Turquia cortou as relações diplomáticas de alto escalão com a Holanda após dois de seus ministros serem impedidos de participar de comícios no país. E o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tenta ampliar seu poder no referendo de 16 de abril e, para tal, conta com o voto dos expatriados em países como a Holanda.

FRANÇA

A eleição na Holanda era vista como o primeiro teste deste ano para o populismo de direita. Mas os próximos desafios serão mais complicados e de maior impacto.

Franceses votarão em 23 de abril e em 7 de maio. Um dos favoritos é a extremista Marine Le Pen, da Frente Nacional —como Wilders, ela é avessa à União Europeia.

Pesquisa divulgada na quinta estima que ela vencerá o primeiro turno com 26,5% dos votos, contra os 25,5% do centrista independente Emmanuel Macron. O conservador François Fillon teria 18%.

Ministro da Justiça critica índios e diz que 'terra não enche barriga'

RANIER BRAGON
CAMILA MATTOSO
DE BRASÍLIA

10/03/2017  02h00

Ligado ao agronegócio, o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio, disse que os envolvidos em conflitos no campo deveriam parar com a discussão sobre terras, que segundo ele "não enchem barriga de ninguém". Para o peemedebista, que assumiu o cargo na terça (7), o que importa aos indígenas é ter "boas condições de vida".

"O que acho é que vamos lá ver onde estão os indígenas, vamos dar boas condições de vida para eles, vamos parar com essa discussão sobre terras. Terra enche a barriga de alguém?", disse o ministro em entrevista à Folha.

Serraglio insinuou que ONGs do setor estão desviando dinheiro público. "Ouço muito essas ONGs levando dinheiro, inclusive dinheiro oficial na saúde. A saúde do indígena. Eu vejo, você vê, os indígenas são tratados quase como uns animais".

Questionado se estava se referindo a desvios, Serraglio disse que a CPI da Funai, em andamento na Câmara e dominada por ruralistas, vai "surpreender".

O ministro afirmou que não escolherá nenhum lado na batalha entre ruralistas e índios e fala em pacificar a crise no campo usando a Constituição. Ele defende interpretações da Carta de 1988 e decisões posteriores do STF mais benéficas aos ruralistas.

Cerca de 30% das doações de campanha de Serraglio em 2014 foram de empresas ligadas ao campo. Ele foi relator da PEC 215, uma proposta de emenda à Constituição que altera o sistema de demarcação de terras indígenas.

Na manhã seguinte em que tomou posse como ministro da Justiça, o peemedebista recebeu em seu gabinete a primeira visita de colegas deputados, da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

"É evidente que ele não vai escolher lado porque ele só tem um lado, o do agronegócio. Ele sempre foi um deputado atuante da bancada ruralista. Para o índio, a terra é um elemento central, ela não só enche a barriga mas enche também o sentido da vida para os indígenas", disse o secretário-executivo do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Cleber César Buzatto.

Para ele, a tese de Serraglio sobre a Constituição é uma estratégia dos ruralistas para inviabilizar as demarcações de terras indígenas.

"Os índios não estão preocupados em encher a barriga, estão preocupados em ter suas terras demarcadas e respeitadas", afirmou o ex-presidente da Funai e sócio-fundador do Instituto Socioambiental (ISA), Marcio Santilli.

Em novembro do ano passado, em uma decisão incomum, a Casa Civil da Presidência da República mandou devolver à Funai 13 processos de demarcação de terras indígenas que aguardavam homologação presidencial, como revelou a Folha.

Os processos aguardavam assinatura ou do presidente Michel Temer ou do então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Eles se referem a 1,5 milhão de hectares em 11 Estados reivindicados por índios de 17 diferentes etnias. A maioria foi aberta entre os anos de 2004 e 2014.

O Ministério da Justiça também devolveu à Funai outros seis processos em fase de identificação, uma etapa anterior à homologação.

QUESTÃO: é justo um ministro ligado ao agronegócio tomar atitudes em prol de seu grupo político?

Aposentadoria de único porta-aviões mostra limites dos militares

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1865895-aposentadoria-de-unico-porta-avioes-mostra-limites-dos-militares.shtml

IGOR GIELOW
DE SÃO PAULO

13/03/2017  02h00

A aposentadoria do único porta-aviões do Hemisfério Sul, o brasileiro São Paulo, é um exemplo das ambições e dos limites dos planejadores militares do país.

Comprado em 2000 da França a preço simbólico de US$ 12 milhões (pouco menos de R$ 24 milhões no câmbio da época), o navio já tinha 37 anos de uso.

Segundo a Marinha, 17 anos depois o São Paulo consumiu R$ 287 milhões em operação e reparos. Incêndios a bordo deixaram quatro mortos e diversos feridos. O navio ficou cinco anos parado por ter chegado com seu eixo empenado, e mal saiu do estaleiro nesta década.

A Força defende a energia despendida. "Esse investimento permitiu que o navio cumprisse bem sua missão, possibilitando à Marinha adquirir a capacitação para operar aeronaves de alta performance embarcadas, realizando 566 lançamentos e ganchos [pousos] de aeronaves", disse o Centro de Comunicação Social da Marinha.

Até 2000, aeronaves navais eram operadas pela FAB no antigo Minas Gerais, garantindo aos pilotos embarcados o nada elogioso apelido de "praga azul", referência à cor de seus uniformes.

Comprado em 1956, o Minas já era problemático, tendo recebido um pouso apenas nove anos depois. A partir do São Paulo, a Marinha passou a pilotar seus aviões, adquirindo uma frota de caças de segunda mão.

Apenas seis países, Brasil incluído, operam porta-aviões capazes de lançar e receber aparelhos de asa fixa, além de helicópteros. Os EUA são líderes incontestes, com dez supernavios nucleares e nove modelos menores.

Com eles, o país pode projetar poder e agressão a vários pontos do mundo, apoiados por uma esquadra. O Brasil precisava disso?

A resposta é ambígua. O Brasil nunca teve a pretensão de fazer tal projeção. Seu objetivo era o de se capacitar para esse tipo de operação, o que condiz com a tradição de buscar o máximo de autossuficiência em tecnologias militares. E havia, dissimulada, a questão do status.

Mas o custo da operação, que demandaria investimentos de até R$ 1 bilhão para manter o barco no mar, e a inviabilidade de construir um novo modelo, algo na casa dos R$ 3 bilhões, forçaram a opção racional pelo descomissionamento do navio.

A Força aposta tudo em outra arma ofensiva, o submarino nuclear, e uma frota de modelos convencionais mais adequados para a defesa da costa e das áreas do pré-sal.

Para críticos, o modelo nuclear é uma obsessão análoga à que manteve um porta-aviões tentando navegar.

O domínio da tecnologia, sustenta o argumento favorável ao investimento, é uma garantia contra eventuais ameaças hoje inexistentes. "Elas surgem", diz o ministro Raul Jungmann (Defesa).

Sem porta-aviões, segue o programa de modernização dos caças navais Skyhawk, que nunca estiveram aptos a combate, ao custo aproximado de R$ 430 milhões. A frota de 12 unidades é baseada em São Pedro da Aldeia (RJ).

O porta-aviões já está no Rio, e, em junho, começará o processo de três anos para realocar seus 1.920 tripulantes e sistemas de bordo reaproveitáveis. Depois deverá virar sucata.

Ficamos para trás

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/03/1863238-ficamos-para-tras.shtml

03/03/2017  02h00

EDITORIAL

Não deixa de causar espanto a notícia de que os salários da indústria na China já superam os de países como Brasil e Argentina, aproximando-se de níveis observados na periferia europeia.

Segundo estudo da Euromonitor, com informações da Organização Internacional do Trabalho e estatísticas nacionais, os salários triplicaram na indústria chinesa de 2005 a 2016 —de US$ 1,2 para US$ 3,6 por hora.

No mesmo período, houve queda de US$ 2,9 para US$ 2,7 no Brasil. Emergentes como México e África do Sul também amargaram piora; em outros, como Colômbia, Argentina e Tailândia, a alta foi tímida.

O avanço do gigante asiático pode ser notado ainda na comparação com nações mais ricas. Um operário português recebia, em média, o quíntuplo do valor pago a um chinês; hoje, a vantagem caiu para cerca de 25%.

O fenômeno não se restringe à indústria: considerados todos os setores, o salário médio por hora da China supera o brasileiro em 10%.

São números impressionantes quando se leva em conta que poucos países de desenvolvimento dito tardio —aqueles cuja industrialização iniciou-se apenas a partir de meados do século 20— conseguiram se aproximar dos padrões de renda do mundo rico.

Todos os exemplos de êxito encontram-se na Ásia e envolvem economias relativamente pequenas, casos de Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan.

Afora um agressivo incremento da educação, o grupo tem em comum a integração com o resto do mundo como estratégia para aumentar a escala de produção e incorporar tecnologias.

A novidade seria o surgimento de uma economia de grandes dimensões a trilhar o mesmo caminho —vale dizer, a superação do que se convencionou chamar de armadilha da renda média, condição na qual a maioria dos emergentes parece estar estacionada.

O desempenho brasileiro, em particular, tem figurado entre os mais desanimadores. Aqui, a produtividade —a capacidade de produção por trabalhador, decisiva para a elevação da renda— mantém-se estagnada há décadas.

Corre-se o risco de desperdiçar o bom momento demográfico, de maior proporção de adultos em idade produtiva na população, sem que se avance em reformas do sistema tributário, abertura comercial e melhora do ambiente de negócios, para nem mencionar os péssimos resultados da educação.

Impedir que o país envelheça pobre e incivilizado é o nosso grande desafio contemporâneo.

Chanceler da Venezuela diz que Brasil é uma 'vergonha mundial'

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/03/1864310-chanceler-da-venezuela-diz-que-brasil-e-uma-vergonha-mundial.shtml?cmpid=softassinanteuol

DE SÃO PAULO - 07/03/2017  12h17

A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, disse na segunda-feira (6) que o Brasil virou uma "vergonha mundial" desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff, informou a imprensa local.

"Hoje, devemos dizer: lamentavelmente, o Brasil [é] uma vergonha mundial. Todos os seus políticos estão envolvidos em algum escândalo desde que deram esse golpe de Estado contra Dilma Rousseff", disse a chanceler em uma entrevista coletiva.

"Se não é seu presidente, é algum de seus ministros ou congressistas. Isso é um concerto de corrução, mas isso não os incomoda porque a direita imperialista estende um tapete vermelho para eles", acrescentou.

Rodríguez também fez críticas a outros governos latino-americanos e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando políticas do país para barrar a imigração de xenófobas.

Ela chamou o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, de "covarde" e "cachorro simpático". O Peru, por sua vez, rejeitou as observações "insolentes" do governo venezuelano e disse que enviaria uma nota de protesto.

Impeachment na Coreia do Sul - Morre terceiro manifestante após protestos que tomaram as ruas de Seul

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/03/1865693-manifestacoes-seguem-em-seul-apos-impeachment-da-presidente-coreana.shtml

DA AFP - 11/03/2017  10h02

A presidente sul-coreana destituída Park Geun-Hye estava confinada neste sábado (11) no palácio presidencial, enquanto milhares de manifestantes exigiam sua prisão em Seul, e outros protestavam contra seu impeachment.

Um dia após a Corte Constitucional confirmar a destituição de Park, votada em 9 de dezembro de 2016 pela Assembleia Nacional, um terceiro manifestante, de 74 anos, de acordo com a agência de notícias Yonhap, morreu neste sábado no hospital.

Ele perdeu a consciência na sexta-feira (10) durante os confrontos entre a polícia e simpatizantes de Park, em que dois outros manifestantes morreram.

A ex-presidente ainda não fez qualquer comentário sobre a decisão da Corte, tomada por unanimidade pelos oito juízes.

Milhares de policiais foram mobilizados em Seul, enquanto cerca de 50.000 manifestantes que se opõem à Park comemoravam o veredito cantando: "o povo venceu!" e "prendam Park!".

Por sua vez, cerca de 20.000 partidários da ex-mandatária seguiam reunidos para exigir um reexame da decisão da Corte. A polícia estabeleceu barreiras para separar as manifestações opostas.

O presidente da Comissão Eleitoral Nacional, Kim Yong-Deok, expressou uma "crescente preocupação" frente a tensão antes da eleição de um novo presidente, a ser realizada no prazo de 60 dias.

"O voto deve proporcionar a oportunidade de superar as divisões e conflitos e alcançar a unidade nacional e harmonia", declarou em discurso televisionado ao vivo.

O Partido Democrata, principal formação de oposição, exortou a presidente a aceitar a decisão e a acusou de se comportar como se negasse o veredito.

O próprio partido de Park, Liberdade Coreia, apresentou suas desculpas, com seu presidente interino afirmando ter "falhado em proteger a dignidade e o orgulho da Coreia do Sul".

SOZINHA

De acordo com a imprensa sul-coreana, Park acompanhou pela televisão, sozinha em seu quarto, o anúncio da decisão da justiça.

Incrédula, imediatamente telefonou para seus conselheiros para confirmar o desfecho do caso, segundo o jornal sul-coreano "Chosun Ilbo".

De acordo com seus conselheiros, citados pelo jornal, ela não tem planos imediatos de emitir um comunicado de imprensa sobre a decisão da Corte ou sobre suas próprias intenções.

"A presidente pareceu surpreendida com a decisão", afirmou um dos conselheiros que não foi identificado pelo jornal, acrescentando que "deseja ficar sozinha neste momento".

Park deve deixar a Casa Azul, da presidência sul-coreana onde está enclausurada, mas espera que a sua residência privada esteja pronta, indicou nesta sexta-feira (10) um porta-voz.

A confirmação de sua destituição a priva de todos os poderes e privilégios, exceto em termos de segurança. A perda de sua imunidade a expõe a eventuais ações legais.

Park é filha do ditador Park Chung-Hee e se tornou a primeira presidenta da Coreia do Sul, ao ser eleita em 2012 com a maior votação da história democrática do país.

Mas seu estilo distante e uma série de polêmicas, somadas ao descontentamento social e político, minaram sua popularidade e levaram milhões de pessoas às ruas para pedir o impeachment.

Em dezembro, o Parlamento destituiu Park por corrupção e abuso de poder.

O escândalo político teve como figura central Choi Soon-sil, chamada de "Rasputina" pela imprensa.

Amiga de Park há 40 anos, Choi Soon-sil é acusada de utilizar sua influência para receber mais de 70 milhões de dólares de diferentes empresas sul-coreanas, e de intromissão nos assuntos do Estado.

Park pediu perdão, em diversas ocasiões, pelo escândalo, mas sempre negou as acusações de ter agido ilegalmente.

"Jamais busquei enriquecimento ou abusei do poder como presidente. Peço à corte que adote uma decisão sabia", argumentou em carta enviada aos juízes.

A Corte concluiu que Park violou a lei ao permitir a ingerência de Choi Soo-sil em assuntos do Estado.

Com a destituição de Park, a Coreia do Sul deve realizar eleições presidenciais em 9 de maio, e o favorito é Moon Jae-In, antigo líder do opositor Partido Democrático, que tem o apoio de 36,1% dos eleitores, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (9).

A destituição de Park ocorre em um momento particularmente delicado para a Coreia do Sul, que enfrenta uma crescente tensão com a vizinha Coreia do Norte, agravada nos últimos dias pelos disparos de mísseis balísticos norte-coreanos sobre o Mar do Japão.

terça-feira, 14 de março de 2017

'Tenho convicção do que a mulher faz pela casa', diz Temer no Dia da Mulher

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1864708-tenho-conviccao-do-que-a-mulher-faz-pela-casa-diz-temer-no-dia-da-mulher.shtml

MARINA DIAS
NATÁLIA CANCIAN
GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA

08/03/2017  17h07

Durante evento em referência ao Dia Internacional da Mulher, nesta quarta-feira (8) em Brasília, o presidente Michel Temer afirmou que tem "convicção do quanto a mulher faz pela casa" e da importância da figura feminina para a formação dos filhos que, segundo ele, é "seguramente" de responsabilidade da mãe.

"Tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao lado da Marcela [Temer], do quanto a mulher faz pela casa, pelo lar. Do que faz pelos filhos. E, se a sociedade de alguma maneira vai bem e os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada formação em suas casas e, seguramente, isso quem faz não é o homem, é a mulher", declarou o presidente em seu discurso de pouco mais de dez minutos no Palácio do Planalto.

O peemedebista ainda disse que a mulher tem uma grande participação na economia do país porque é "capaz de indicar os desajustes de preços em supermercados" e "identificar flutuações econômicas no orçamento doméstico".

"Na economia, também, a mulher tem uma grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes, por exemplo, de preços em supermercados mais do que a mulher. Ninguém é capaz melhor de identificar eventuais flutuações econômicas do que a mulher, pelo orçamento doméstico maior ou menor", afirmou.

Temer ressaltou ainda dados econômicos recentes, como a queda da inflação e dos juros, para dizer que, "além de cuidar dos afazeres domésticos", as mulheres têm cada vez mais chances de entrar no mercado de trabalho.

"Tudo isso significa empregos e significa também que a mulher, além de cuidar dos afazeres domésticos, vai ver um campo cada mais largo para o emprego".

No dia em que mulheres de todo o mundo celebram a data com manifestações e protestos que chamam a atenção para a importância da mulher na sociedade e da necessidade de lutar por direitos iguais, o presidente disse que, hoje, "homens e mulheres são igualmente empregados". "Com algumas restrições", ponderou. "Mas a gente vê o número de mulheres que comandam empresas", completou o peemedebista.

Pesquisas recentes, no entanto, mostram que mulheres ganham menos que os homens mesmo exercendo os cargos iguais.

Temer disse que as mulheres ainda são tratadas "como figuras de segundo grau em outras partes do mundo". Segundo ele, elas "devem ocupar o primeiro grau em todas as sociedades".

De 28 pastas na Esplanada dos Ministérios do governo peemedebista, apenas duas são ocupadas por mulheres: a AGU (Advocacia-Geral da União) e Direitos Humanos.

O presidente afirmou ainda que o Plano Nacional de Segurança de seu governo traz projetos específicos sobre o combate ao feminicídio e à violência contra a mulher e que há um estudo em sua gestão para criar um fundo com recursos exclusivos para essas medidas.

"Isso tudo é fruto do movimento das mulheres e da compreensão dos homens, digamos assim", finalizou.

MARCELA

A primeira-dama, Marcela Temer, fez um discurso rápido durante a cerimônia, de menos de dois minutos, em que afirmou que é preciso que a sociedade "reconheça os vários papéis" desempenhados pelas mulheres hoje, desde a escolha profissional "até o modo de vida".

Marcela disse que as mulheres vivem uma "realidade difícil" e que Estado e sociedade precisam "dar condições" para que elas criem seu filhos "da melhor maneira possível".

Por fim, a primeira-dama afirmou que é necessário "acabar com a intolerância que afronta a realidade das mulheres".


Reforma da Previdência sob suspeição

03/03/2017  - 02h00 - Por NILTON PAIXÃO

Num reino muito distante, havia um sistema de previdência pública. Certo dia, o gerente dessa previdência, titularizando uma função pública, passou a se reunir com a concorrência privada a fim de traçar uma estratégia que permitisse a valorização de um importante produto denominado "previdência privada complementar".

Algum tempo depois, descobriu-se que o gerente era próximo dos que queriam apenas lucrar com o novo mercado. Qualquer semelhança com a República Federativa do Brasil não é mera coincidência.

Vamos aos fatos. Marcelo Caetano, secretário de Previdência do Ministério da Fazenda e principal artífice da reforma que o governo federal prepara para o setor, integra o conselho de administração da Brasilprev, entidade privada patrocinadora de planos de previdência complementar -inclusive para servidores públicos, que antes ingressavam em planos geridos por entidades públicas.

A ética e a moralidade condenam esses expedientes nada republicanos, uma vez que existe nítido conflito de interesse em questão.

A isenção esperada da Secretaria de Previdência na elaboração e condução da PEC 287/16, que trata da reforma, está maculada, irremediavelmente deixando em situação vulnerável a primazia do interesse público sobre os particulares.

A função de secretário de Previdência permite acesso a informações privilegiadas, as quais conformam as políticas governamentais sobre o tema. Milhões de brasileiros poderão ser afetados por alterações na Previdência Social.

Pesquisas indicam que 42% da população não têm a mínima noção dos conteúdos em debate; dos que os conhecem, 60% são contrários.

A tragédia social está armada, e o governo alardeia a necessidade de votar com urgência a PEC 287/16. Nenhum país sério aprova reformas previdenciárias a toque de caixa, dado o impacto social de tal empreitada.

A Assembleia Nacional Constituinte brasileira fez clara opção por um Estado social e democrático de Direito. Não pode agora o governo se transformar no exterminador de um sistema de capital indiscutivelmente social, redutor de desigualdades e promotor do bem-estar dos trabalhadores brasileiros.

Toda ação contrária a esse sistema, inclusive, entraria em colisão com inúmeros tratados internacionais ratificados e incorporados ao direito brasileiro.

As funções públicas não podem estar a serviço de interesses estritamente privados, especialmente quando esses interesses alheios ao bem-estar da sociedade dependem de decisões de agente público envolvido.

Na hipótese aqui detalhada, há um relacionamento umbilical entre o órgão gestor do sistema previdenciário brasileiro (secretaria de Previdência) e uma das maiores empresas de previdência privada do país (Brasilprev).
Há limites, e eles foram ultrapassados. A situação torna-se ainda mais grave quando se examinam outros aspectos do caso - agentes do sistema financeiro, por exemplo, devem cifras milionárias à Previdência Social. A dívida de apenas dois bancos públicos chega a R$ 757 milhões.

Também não é coincidência o fato de esses bancos terem produtos comerciais de previdência privada complementar sob as bênçãos da secretaria de Previdência.

É preciso privatizar o privado e estatizar o público, afastando de vez a confusão entre um e outro.

NILTON PAIXÃO é presidente da Pública - Central do Servidor, consultor legislativo da Câmara dos Deputados e mestre em direito pela UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

domingo, 12 de março de 2017

PIB recua 3,6% em 2016, e Brasil tem pior recessão da história

Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/pib-brasileiro-recua-36-em-2016-e-tem-pior-recessao-da-historia.ghtml

Essa sequência, de dois anos seguidos de baixa, só foi verificada no Brasil em 1930 e 1931; ritmo de corte em 2015 e 2016 foi o maior. Pela 1ª vez, todos os setores se contraíram.

Por Anay Cury e Daniel Silveira, G1
07/03/2017 09h00  Atualizado 07/03/2017 14h37

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu pelo segundo ano seguido em 2016 e confirmou a pior recessão da história do país, segundo dados divulgados nesta terça-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A retração foi de 3,6% em relação ao ano anterior.
Em 2015, a economia já havia recuado 3,8%. Essa sequência, de dois anos seguidos de baixa, só foi verificada no Brasil nos anos de 1930 e 1931, quando os recuos foram de 2,1% e 3,3%, respectivamente.

Como a retração nos anos de 2015 e 2016 superou a dos anos 30, essa é a pior crise já registrada na economia brasileira. O IBGE e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) dispõem de dados sobre o PIB desde 1901. Pela primeira vez desde 1996, todos os setores da economia registraram taxas negativas.
“Se a gente olhar o biênio, a retração foi de 7,2%. A gente nunca teve um biênio com uma queda acumulada destas”, disse Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. A série histórica do IBGE vai até 1948.



Em valores correntes, o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) chegou a R$ 6,266 trilhões em 2016, e o PIB per capita ficou em R$ 30.407 – uma redução de 4,4% diante de 2015.

Queda generalizada

A crise foi generalizada e os três setores que entram no cálculo do PIB recuaram no ano - agropecuária (-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%).

"Em 2014, a gente já tinha a indústria caindo, mas os serviços continuavam crescendo. Em 2015, caíram a indústria e os serviços. Já em 2016, a agropecuária. Desde 1996, isso nunca ocorreu. A situação peculiar desta vez é justamente essa queda generalizada”, afirmou.

De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais, a produção agrícola sofreu por conta das condições climáticas, que afetaram a produção dos principais produtos agrícolas do país. “Milho cana e soja pesam quase 60% no valor da produção da agricultura brasileira.”

No caso do resultado da indústria, a atividade extrativa, que reúne as mineradoras, teve queda de 2,9%, ainda foi influenciada pela tragédia de Mariana, segundo Rebeca. “É um setor que a gente viu que tem sido bastante afetado por tudo que tem acontecido. Inclusive a parte fiscal é muito importante. Como, obviamente, o governo tem segurado os gastos, isso tem uma influência grande na construção. A parte pública é muito importante na infraestrutura.”



Investimento e consumo menores

Os investimentos também pesaram contra o PIB. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), como o indicador de investimentos é conhecido, teve uma retração pelo terceiro ano seguido e caiu 10,2% em 2016. De acordo com o IBGE, esse resultado negativo pode ser explicado, principalmente, pela queda da produção interna e da importação de bens de capital.

Nesse cenário, a taxa de investimento no ano de 2016 caiu para 16,4% do PIB, abaixo do observado no ano anterior (18,1%). Trata-se do menor nível de investimento na economia já registrado pela série histórica do IBGE, que começa em 1996.

O consumo das famílias, que por muitos anos sustentou o crescimento do PIB do Brasil, também seguiu ladeira abaixo em 2016. Em 2016, as famílias consumiram 4,2% a menos do que em 2015, acima da queda registrada entre 2014 e 2015, de 3,9%.

Segundo o IBGE, a alta dos juros, a restrição ao crédito, o aumento do desempenho e a queda da renda explicam esse resultado. Também recuou, mas de forma menos intensa, a despesa do consumo do governo: 0,6% sobre 2015. De 2014 para 2015, a retração havia sido de 1,1%.

Seguindo o que já havia sido visto em 2015, com a valorização do dólar, as exportações de bens e serviços cresceram 1,9%, e as importações de bens e serviços caíram, 10,3%. "A gente teve uma contribuição positiva do setor externo na economia, com o aumento das exportações de bens e serviço.”

“Se a gente não tivesse nenhuma ligação com o setor externo, a gente teria uma queda de 5,3% no PIB”, destacou Rebeca, enfatizando a relevância de o país ter exportado mais do que importado no ano.

Três últimos meses de 2016

No quarto trimestre do ano passado, o PIB caiu 0,9% em relação aos três meses anteriores. Foi a oitava queda seguida nesse tipo de comparação. Ao contrário do que ocorreu no consolidado do ano, no último trimestre um setor conseguiu registrar resultado positivo - a agropecuária, que cresceu 1%, influenciada pela agricultura. Já a indústria recuou 0,7%, porque a indústria de transformação foi mal, e os serviços, 0,8%, que não tiveram taxa positiva em nenhuma atividade.

“Olhando para o resultado do quarto trimestre, nós voltamos ao mesmo patamar do terceiro trimestre de 2010”, afirmou Rebeca.

Em relação ao quarto trimestre de 2015, a queda do PIB foi ainda mais intensa. O recuo, de 2,5%, foi o 11º negativo seguido. Todos os setores tiveram desempenho negativo: agropecuária (-5%), indústria (-2,4%) e serviços (-2,4%).

A coordenadora do IBGE destacou que, comparando com os outros trimestres de 2016, o ritmo de queda do PIB diminuiu. No primeiro trimestre do ano, a queda foi de 5,8% em relação ao trimestre anterior. “A gente viu que em outros períodos, algumas atividades econômicas davam uma segurada na economia. Neste biênio, a gente viu que foi uma coisa disseminada em todos os setores.”



Repercussão

Após a divulgação do PIB, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o PIB de 2016 é "o espelho retrovisor", mas outros dados mostram que haverá crescimento no primeiro trimestre de 2017.

O titular da Fazenda destacou que, apesar da nova queda do PIB, o Brasil está agora em processo de saída da crise e começa, "claramente", a crescer.

Para Juan Jensen, professor de economia do Insper e Sócio da 4, o resultado deixa a expectativa ruim para 2017. "Como caímos em todos os trimestres em 2016, a gente parte de um nível deprimido de atividade econômica, mesmo crescendo ao longo deste ano”, diz.

Para os próximos anos, a expectativa de alguns economistas é menos pessimista. “O lado positivo dessa situação é que muitos erros estão sendo corrigidos, como, por exemplo, a redução do endividamento das empresas e das famílias, bem como o retorno do equilíbrio fiscal. Dessa forma, a economia ganha fôlego em 2017 para retomar o crescimento de forma mais consistente e, em maior intensidade, a partir de 2018”, disse Alex Agostini.

Na esteira das medidas que deverão ser aprovadas e adotadas neste ano pelo governo, o economista Jason Viera também prevê que o PIB deverá crescer na ordem de 0,5%, “concentrado na segunda metade de 2017 e avançando por 2018".

Previsões

A previsão do mercado financeiro era que o PIB encerraria o ano em queda de 3,5%, de acordo com o último boletim Focus que trazia as estimativas para 2016. A expectativa do Banco Central era ainda mais pessimista. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma espécie de "prévia do PIB", indicava que a economia brasileira havia recuado 4,34% no ano passado.

Em relatório publicado no início de 2017, o Fundo Monetário Internacional (FMI) indicava que o PIB de 2016 teria caído 3,5%. O Brasil foi o país com um dos piores resultados do PIB em 2016 (veja quadro abaixo).



O que é o PIB

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O resultado negativo do ano passado é reflexo da crise econômica, do aumento do desemprego e da taxa de inadimplência.

Em 2015, a economia brasileira já havia registrado encolhimento, de 3,8%. Já em 2014, houve um crescimento de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB).

Para tentar reaquecer a economia, o governo Michel Temer tem anunciado medidas como a liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O Banco Central também vem reduzindo a taxa Selic, o que deve se traduzir em queda dos juros dos empréstimos bancários.

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Questão: por que você acha que o PIB brasileiro não voltou a crescer ainda?

Após novos limites, acidentes nas marginais superam média de 2016

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/03/1865220-apos-novos-limites-acidentes-nas-marginais-superam-media-de-2016.shtml

RODRIGO RUSSO
DE SÃO PAULO

10/03/2017  02h00

Os primeiros 30 dias da retomada de limites mais altos de velocidade nas marginais Pinheiros e Tietê registraram 102 acidentes de trânsito com vítimas, de acordo com dados preliminares divulgados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Apesar dos pedidos, a gestão João Doria (PSDB) não divulga estatísticas referentes ao mesmo período de 2016 nem balanços detalhados por meses de anos anteriores.

No entanto, a média mensal de acidentes com vítimas nas duas marginais no ano passado era bem menor: 64. O aumento de velocidades nas marginais foi uma das principais promessas da campanha eleitoral do tucano.

Para retomar os limites de 90 km/h na pista expressa, de 70 km/h na pista central, e de 60 km/h na pista local, a gestão criou o programa Marginal Segura, comandado por Sergio Avelleda, secretário de Transportes –indicado ao cargo pelo vereador Milton Leite (DEM), hoje presidente da Câmara Municipal.

Nos primeiros 30 dias com velocidades máximas mais altas do que as implementadas em julho de 2015, na gestão Fernando Haddad (PT), houve uma morte e quatro atropelamentos. Do total de 102 acidentes com vítimas, 82% envolveram motos.

COMPARAÇÕES

A CET argumenta que os números recém-divulgados não poderiam ser comparados com períodos anteriores porque ainda não foram consolidados (cruzados com registros de boletins de ocorrências e atendimentos no sistema público de saúde).

Além disso, diz que os casos registrados podem ter crescido porque a quantidade de agentes atuando nas marginais passou de 45 por dia em 2016 para 75 depois do Marginal Segura. Com mais funcionários, diz, mais ocorrências passaram a ser atendidas.



Como as anotações dos agentes da CET são ligadas a casos com vítimas já no local do acidente, no entanto, esse reexame do total de feridos só tende a aumentar os balanços de mortos e gravidade das lesões, por contar com informações mais atualizadas de atendimentos hospitalares.

Em nota, a Cidadeapé (Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo) afirmou que "o registro de 102 incidentes com vítimas em um período do ano caracterizado por movimento veicular abaixo da média, por envolver período de férias escolares, é um indicativo de alerta".

A associação pondera ainda que, "embora, a rigor, seja de fato cedo para fazer comparações aprofundadas, diversos exemplos internacionais, somados à constatação da redução de ocorrências durante o período em que as velocidades estiveram reduzidas nas marginais, já deveriam ser evidências suficientes de sua capacidade de minimização de risco".

A Folha solicitou entrevista com representante da direção da CET para comentar os dados de acidentes com vítimas nas marginais depois da mudança das velocidades, mas não foi atendida. Outro pedido rejeitado foi o de divulgar o total de acidentes com vítimas, de mortos e de atropelamentos no período de fevereiro deste ano e no mesmo mês de 2016.

Para explicar por que se nega a atender essa solicitação, a companhia ligada à gestão Doria afirma em nota que "o balanço operacional da CET do programa Marginal Segura leva em consideração a data do início da ação, ou seja, 25 de janeiro. Em razão disso, para ter uma medição justa, fechamos o período de 30 dias corridos".

Além de destacar o aumento no número de agentes para justificar a alta nas ocorrências, a CET afirma também que o "tempo médio para a chegada dos agentes de trânsito nos atendimentos de ocorrências nas marginais também é menor comparado ao ano passado".

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Questão: se todos sabiam que o aumento das velocidades aumentariam os acidentes nas marginais, por que você acha que mesmo assim as velocidades foram aumentadas?


Pós-verdade dá a impressão de que a política já foi o lugar da verdade

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2017/03/1863902-acho-que-estamos-vivendo-a-era-da-pos-mentira.shtml

Por Gregorio Duvivier

06/03/2017  02h00

"Pós-verdade" foi eleita a palavra do ano de 2016 pelo dicionário "Oxford". A imprensa explica que Trump ganhou por causa da pós-verdade —"o presidente inventa fatos que não ocorreram mas o povo não se importa e acredita em tudo o que ele diz". Trump, estranhamente, também credita à pós-verdade a enxurrada de críticas que recebe —"a imprensa inventa fatos que não ocorreram mas o povo não se importa e acredita em tudo o que ela diz".

Num camarote de cerveja, o ex-futuro-prefeito Pedro Paulo explicou, essa semana, porque é que o acusam de bater na mulher: "Vivemos a era da pós-verdade". O olho roxo não passa de um pós-olho, o dente quebrado não passa de um pós-dente. "Vivemos na era da pós-verdade" is the new "exagerei nos remédios pra labirintite".

Não concordo com a ideia de que os fatos, hoje em dia, já não importam —não porque os fatos, hoje em dia, importem, mas porque dizer que eles "já não importam" dá a impressão de que em algum momento da história eles importaram. Como se vivêssemos, antigamente, no mundo idílico da verdade nua e crua, um mundo em que os jornais se atinham aos fatos, os governantes só falavam do que tinham certeza, os articulistas jamais ousavam tecer hipóteses que não fossem cientificamente comprovadas, até que a internet —sempre ela— inventou a manipulação —Eureka! E a partir daí tudo degringolou. Só que não.

A Guerra de Troia. O caso Dreyfus. O incêndio do Reichstag. O tiro no pé do Lacerda. A cenoura de Mario Gomes. Nunca houve, em toda a história, um fato inconteste. Contra argumentos, os fatos nunca serviram pra nada. Primeiro inventa-se uma hipótese, depois é que se inventa os acontecimentos que a validam.

Já dizia Trótski: não existem fatos, só manipulações. Só que não foi ele que disse. Foi Nietzsche. E não disse isso. Mas o que importa? Nunca importou. O ponto de vista cria o objeto, disse um linguista. Ou não disse. Vai saber. Quer dizer: hoje em dia, graças à possibilidade de fazer registros audiovisuais e checar informações na internet, inventar não-fatos ficou muito mais difícil.

O século 21 não inventou a mentira mas o "fact checking". Hoje é muito mais fácil desmascará-la. E no entanto imprensa e classe política continuam mentindo igual. O que mudou não foi uma maior incidência de mentiras mas o fato de que todo o mundo sabe que é mentira mas já ninguém se importa com isso. Acho que estamos vivendo a era da pós-mentira.

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Questão: o que você acha do conceito de "pós-verdade"?

Amarelinhos da CET vão usar Chilli Beans e dirigir Mitsubishi

Fonte: http://veja.abril.com.br/politica/amarelinhos-da-cet-vao-usar-chilli-beans-e-dirigir-mitsubishi/

Com ajuda do setor privado, Prefeitura anunciou novo uniforme dos agentes de tráfego, além da doação de carros, motos e óculos para programa Marginal Segura

Da redação - 9 mar 2017, 16h49

Em sua página oficial no Facebook, o prefeito de São Paulo, João Doria, publicou vídeo anunciando a doação de veículos, uniformes e até mesmo óculos para os agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

A doação tem como foco o programa Marginal Segura, que prevê série de ações de melhoria da segurança nas marginais.

O novo uniforme dos agentes foi produzido e doado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e suas parceiras. Até pouco tempo chamados de “marronzinhos”, os agentes da CET receberam o apelido de “amarelinhos” e novas roupas, para serem visualizados com mais facilidade pelos motoristas. A publicação explica que “os uniformes foram feitos para trazer mais segurança e conforto térmico”.

Os óculos que serão usados pelos agentes foram doados pela Chilli Beans. No total, a Mitsubishi Motors doou 10 veículos, chamados de Anjos. Além disso, a montadora, de acordo com o prefeito, fará a manutenção dos veículos por quatro anos, incluindo troca de pneus e assistência técnica gratuita. Também foram doadas 20 motocicletas, pela Yamaha e pela Honda, e oito ambulâncias, de acordo com a publicação de Doria.

A partir de 20 de fevereiro, a Secretaria de Gestão da Prefeitura passou a aceitar doações de pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de “viabilizar as melhorias necessárias ao desempenho das atividades de prestação dos serviços ao cidadão, com redução de gastos, aumento de eficiência, transparência e participação social, otimizando os gastos de recursos públicos e viabilizando projetos”.

Desde então, doações têm sido feitas por meio de repasses de bens, como no caso do Marginal Segura, e em serviços, como a limpeza da Ponte Estaiada e a reforma dos banheiros do Parque do Ibirapuera, por exemplo.

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Questão: sabendo que as empresas, no sistema capitalista, só têm como objetivo o interesse pelo lucro, será bom para o município de São Paulo ficar "devendo favores" para essas empresas?

sábado, 11 de março de 2017

Guerra de notícia faz novo estrago em Washington e salva a semana

02/03/2017  21h30

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2017/03/1863241-guerra-de-noticia-faz-novo-estrago-em-washington-e-salva-a-semana.shtml

O comediante Jon Stewart, de passagem pelo "Late Show" da CBS, cobrou menos vitimização e mais jornalismo da imprensa sob Trump.

A resposta veio com duas revelações na noite de quarta. Primeiro o "New York Times", com o esforço do governo Obama para evitar que o sucessor apagasse os rastros dos contatos com a Rússia. Depois o "Washington Post", com a bala de prata de que o secretário de Justiça havia se reunido durante a campanha com um diplomata russo -e mentido sobre isso.

A corrida entre "WP" e "NYT", como sublinharam as principais newsletters de Washington e Margaret Sullivan, ex-ombudsman do "NYT", hoje colunista de mídia do "WP", salvou a semana do jornalismo americano. Os opinadores, "pundits", que dominam o telejornalismo tinham interrompido a cobertura crítica depois do tão louvado discurso de Trump ao Congresso.

O dia fechou com manchetes celebrando que o secretário aceitou a derrota e anunciou que não participará mais das investigações sobre a campanha.

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Desinformado
Vazamentos da Casa Branca para CNN e "USA Today" e por fim uma declaração em público do próprio Trump indicaram que ele "não sabia" das reuniões escondidas do secretário. E descobriu pelos "relatos da imprensa".

Só vê Fox News
A Bloomberg reportou que o presidente passou a evitar veículos mais críticos, como CNN e MSNBC, e pelas manhãs e noites só vê Fox News, que o apoia e esconde problemas. Segundo a agência, o lobby farmacêutico nos EUA até já distribuiu instrução aos associados para concentrarem publicidade no canal favorito.

Fox vs. fake news
Curiosamente, James Murdoch, filho de Rupert e presidente do conglomerado do qual faz parte a Fox News, criticou como a expressão "fake news", notícia falsa, "foi cooptada pela classe política para denegrir coisas que eles não querem ouvir". O presidente americano, maior usuário da expressão, é muito próximo de seu pai.

Dia sem mentir
O "WP" fez um balanço das alegações de Trump que passaram por seu tradicional serviço de "checagem de fatos". Quarta, após o pronunciamento tão elogiado, foi o primeiro dia sem afirmações questionáveis ou abertamente mentirosas do presidente desde sua posse.

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Próximo alvo
"Financial Times" e "Wall Street Journal" destacam que o novo governo americano afirmou que não aceitará mais as decisões da Organização Mundial do Comércio (OMC) e seguirá apenas as leis americanas. O brasileiro reeleito diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, se diz "pronto para sentar e discutir". Mas Trump pode "derrubar um pilar da ordem econômica que os EUA estabeleceram pós-Segunda Guerra", alerta o "FT".

Hangover
Assim que saiu o nome do novo chanceler brasileiro, o correspondente da Associated Press no Rio foi buscar um tuíte de Aloysio Nunes em novembro, logo depois da eleição: "Trump é o Partido Republicano de porre. É o que há de pior, de mais incontrolado, de mais exacerbado".

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Questão: relacione a importância de uma imprensa de oposição com o bom funcionamento da democracia.

Casa Branca radicaliza guerra à mídia ao excluir ‘NYT’ e CNN de entrevista

Veículos sofrem represálias por críticas ao presidente; na quinta-feira, reportagem da emissora de TV revelou que FBI havia rejeitado pressão de Trump para desmentir relatos de contatos entre assessores e agentes russos durante a campanha eleitoral

Cláudia Trevisan / Correspondente, Washington ,
O Estado de S. Paulo

24 Fevereiro 2017 | 16h22
Atualizado 24 Fevereiro 2017 | 20h56

A Casa Branca barrou nesta sexta-feira, 24, o New York Times, a CNN e outros três veículos de um briefing com o porta-voz Sean Spicer. Ao mesmo tempo, permitiu a participação de organizações menores simpáticas ao governo Donald Trump, entre as quais o site de extrema direita Breitbart.

 A exclusão ocorreu poucas horas depois de o presidente americano lançar um novo ataque à imprensa em um discurso a integrantes da ala conservadora do Partido Republicano. Trump reiterou a acusação de que a mídia tradicional – à qual se refere como a ‘mídia das falsas notícias’ – é inimiga do povo americano.

“Nada parecido a isso aconteceu na Casa Branca em nossa longa história de cobertura de múltiplas administrações de diferentes partidos”, disse em nota o editor-executivo do New York Times, Dean Baquet. “Livre acesso da mídia a um governo transparente é obviamente de crucial interesse nacional.”

A CNN foi a única grande rede de TV barrada no briefing, que teve participação de repórteres da ABC, CBS NBC e Fox News. Na quinta-feira, reportagem da emissora disse que o FBI havia rejeitado pressão da Casa Branca para desmentir relatos da imprensa de que pessoas ligadas a Trump tiveram contatos com integrantes dos serviços de inteligência russo durante a campanha eleitoral do ano passado.

O movimento violou regra que proíbe comunicação da administração com a polícia federal americana quando há uma investigação em andamento –o FBI analisa se Moscou interferiu na disputa presidencial entre Trump e a democrata Hillary Clinton.

A CNN divulgou uma nota em protesto contra a exclusão de seus jornalistas do briefing. “Aparentemente é assim que eles retaliam quando reportamos fatos que não os agradam.”

A Casa Branca negou que tenha havido uma ordem deliberada para impedir a entrada de alguns veículos no briefing de ontem, que ocorreu na sala de Spicer e não foi transmitido ao vivo. Segundo Sarah Sanders, o encontro havia sido planejado para o “pool” de jornalistas – um pequeno grupo formado na base de rodízio que representa todos os credenciados na Casa Branca e têm a responsabilidade de compartilhar com os demais as informações que recebe. “Nós decidimos adicionar umas pessoas além do pool, nada mais do que isso”, disse Sanders, que também atua como porta-voz.

“Estava claro que eles permitiram a entrada de veículos com menos alcance que são simpáticos a Trump”, disse o repórter do Los Angeles Times Noah Bierman, que foi impedido de participar da entrevista. Jornalistas da revista Time e da Associated Press decidiram não participar do briefing de Spicer em protesto contra a ação da Casa Branca.

Porta-voz do Wall Street Journal disse à CNN que a publicação se opõe à exclusão de veículos do evento de hoje. “Se soubéssemos no momento nós não teríamos participado e não participaremos no futuro desse tipo de briefing fechado.” Os que estiveram presentes disseram que nenhuma informação relevante foi dada durante o encontro.

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Questão: na sua opinião, por que Trump tem entrado em conflito com mídia dos EUA?

CIA sempre esteve de olho no petróleo brasileiro

18.02.2017

Fonte: http://port.pravda.ru/cplp/brasil/18-02-2017/42713-cia_petroleo-0/



CIA sempre esteve de olho no petróleo brasileiro

Relatórios disponibilizados pela CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) desde o final do ano passado permitem traçar um histórico do monitoramento a respeito da exploração do petróleo brasileiro.

Praticamente todos, desde a década de 1950, ressaltam as possibilidades do Brasil alcançar a autossuficiência e também de abrir o setor do petróleo para empresas estrangeiras.

Eduardo Vasco

Preocupação com parceria entre Brasil e URSS

Alguns documentos mostram que os Estados Unidos acompanhavam com atenção as negociações entre Brasil e União Soviética no setor petrolífero pouco antes do golpe de 1964.

Na virada da década de 1950 para a década de 1960, a URSS estava expandindo suas exportações de petróleo para os países capitalistas. Um documento datado de 9 de junho de 1960 evidencia a preocupação da CIA com a atividade soviética na América Latina.

Moscou "aparentemente está usando o petróleo como um meio para explorar o sentimento nacionalista contra os investimentos dos EUA na indústria petrolífera da América Latina e para romper os padrões de mercado das companhias estadunidenses na área", comenta o informe.

O mesmo relatório aponta que o Brasil havia importado em 1959 cerca de 420 mil barris de óleo cru da URSS em troca da exportação de cacau. Um acordo de dezembro do mesmo ano havia proporcionado ao país sul-americano mais de 4 milhões de barris anualmente durante três anos (aproximadamente 4% de todo o consumo brasileiro), embora o Brasil não tivesse certeza se completaria o acordo.

O serviço de inteligência dos EUA destaca que, em 1959, "uma grande delegação" de negócios do Brasil, incluindo membros da Petrobras, foi a Moscou para ver se era possível adquirir equipamento soviético especializado. Depois, quatro técnicos soviéticos visitaram São Paulo para aconselhar uma empresa privada a extrair xisto.

Outro documento, de 28 de agosto de 1961, aponta que "os vastos depósitos de óleo de xisto no Brasil continuam a ser de interesse da URSS". Embora a Petrobras tivesse pedido um empréstimo do Export-Import Bank dos EUA para financiar a construção de uma usina piloto de óleo de xisto no Paraná, engenheiros da Petrobras visitariam o país socialista para estudar as operações soviéticas relacionadas com o óleo de xisto.

Logo depois, a Companhia Industrial de Rochas Betuminosas (CIRB) contratou técnicos soviéticos para fazerem estudos geológicos e técnicos a fim de determinar a viabilidade do desenvolvimento comercial dos depósitos de óleo de xisto no Vale do Paraíba, em São Paulo. Pelo acordo, em meados de 1962 a União Soviética forneceu equipamento e assistência técnica para a construção da usina de produção de gás de xisto em Pindamonhangaba, município da região. No final de 1960, especialistas soviéticos já haviam ficado três meses no local, com a aprovação do antigo Conselho Nacional do Petróleo.

Estimava-se que o sudeste do Brasil continha reservas de 102 bilhões de barris de óleo de xisto, menor apenas do que as dos Estados Unidos.

Relatório de 16 de março de 1962 (Arquivo: CIA)

A produção brasileira de petróleo vinha aumentando a cada ano, embora o país necessitasse importar a maior parte do que consumia. Mesmo assim, a CIA comentava, em 16 de março de 1962: "as condições parecem favoráveis para o desenvolvimento de óleo de xisto."

A URSS utilizava o óleo de xisto na fabricação de produtos químicos a partir de seus derivados e também em locomotivas e usinas termoelétricas.

"A capacidade soviética para fornecer assistência tecnológica no desenvolvimento de uma indústria de óleo de xisto no Brasil é baseada em mais de 40 anos de experiência na área, incluindo produção de petróleo, gás e produtos químicos do xisto e seu uso como um combustível sólido", relata a agência.

Assim, o Kremlin poderia fornecer ao Brasil qualquer tipo de equipamento para a indústria de óleo de xisto encontrado no Ocidente e outros exclusivamente soviéticos. A União Soviética também era o único país que desenvolvia uma indústria de gás de xisto.

A exploração das reservas de óleo de xisto era levada em consideração por altos oficiais, possivelmente com o auxílio dos EUA ou da URSS, segundo informou um agente em 23 de março de 1962. "Esse programa, se prometer ser bem-sucedido, teria forte apoio de líderes políticos e militares que há tempos se opõem à dependência de fontes estrangeiras de petróleo."

A preocupação da concorrência com a URSS ainda é mais acentuada, no mesmo relatório, afirmando-se que o governo do então presidente João Goulart tem dado continuidade à política "de desenvolver relações próximas com o bloco sino-soviético" do governo anterior de Jânio Quadros, a quem o agente se referiu como tendo desempenhado "atividades anti-EUA".

Quadros assumira o mandato em janeiro de 1961 e renunciara apenas sete meses depois, denunciando inclusive a participação estrangeira em conspirações contra ele. João Goulart, então vice-presidente, tomou posse em seu lugar e dois meses depois reatou relações diplomáticas do Brasil com a URSS após 13 anos.

Poucos dias depois do último comunicado, a CIA escreve outro, vendo a possibilidade de Moscou utilizar o projeto "como uma oportunidade para demonstrar a eficiência dos técnicos soviéticos e como os precursores de extensa ajuda para o desenvolvimento do xisto em cooperação com a Petrobras".

Em outubro de 1963, a espionagem estadunidense envia um relatório sobre as atividades econômicas do bloco sino-soviético em países do Terceiro Mundo. É dedicada uma página inteira às recentes atividades no Brasil, mas somente o resumo de um parágrafo foi disponibilizado no site da CIA. Informava das potencialidades para o desenvolvimento de petróleo na Amazônia e no nordeste do país, segundo um comunicado soviético enviado à Petrobras.

Golpe militar e esfriamento das relações com a URSS

Relatório de 19 de março de 1964 (Arquivo: CIA)

As refinarias privadas de Capuava, Ipiranga, Manguinhos, Amazonas e Destilaria Riograndense seriam encampadas a partir de 15 de abril de 1964, de acordo com decreto assinado por João Goulart no comício da Central do Brasil, em 13 de março do mesmo ano, como parte das Refomas de Base. A essa altura, Jango já se apoiava nas forças populares para se defender dos ataques conservadores que o acuavam cada vez mais.

Na semana seguinte, a CIA mostrava preocupação com as medidas nacionalistas do presidente brasileiro. "Há rumores na imprensa de que o próximo passo de Goulart será expropriar companhias privadas de distribuição de petróleo que têm pesados investimentos europeus e dos EUA", relata um agente. E continua: "A embaixada dos EUA duvida que Goulart vá tão longe em provocar os EUA e outros governos nesse momento, mas diz que a possibilidade não pode ser descartada."

Em 1º de abril, Jango e suas reformas são derrubados por um golpe militar. Posteriormente, descobrem-se provas de que os Estados Unidos desempenharam importante papel nos acontecimentos. Washington apoiou o golpismo de diversas formas, desde o financiamento de políticos opositores, meios de comunicação, entidades da sociedade civil, até o deslocamento de navios próximos à costa brasileira.

Militares participantes do golpe e do restante do período foram treinados por instrutores estadunidenses na Escola das Américas, no Panamá.

De acordo com o ministro do Trabalho do Governo Jango, Almino Affonso, o monopólio estatal do petróleo era uma questão central do golpe militar que vinha desde o governo de Getúlio Vargas, quando foi criada a Petrobras, em 1953.

"A criação da Petrobras e da Eletrobras [estatal de energia elétrica], proposta por Vargas, confrontava interesses norte-americanos de maneira absoluta, porque ambas feriam os interesses que eles gostariam de ver triunfar no Brasil. Ou seja: gostariam de participar da exploração direta do petróleo, sozinhos ou como parte da Petrobras", declarou em uma entrevista em 2014. Ele não descartou a influência de "interesses escusos" sobre políticos da oposição, que desde a década de 1950 vinham pressionando por uma maior liberalização do setor.

O historiador e cientista político Roberto Bitencourt da Silva lembra também que no final dos anos 1950 uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) encabeçada por parlamentares da esquerda nacionalista denunciou o envolvimento direto das petrolíferas multinacionais Esso e Shell "por condicionarem a imprensa brasileira em um sentido entreguista, via vultuosas propagandas, possivelmente conformando os maiores gastos de anunciantes no Brasil". A Esso patrocinava um programa de rádio e TV, "Repórter Esso", que veiculava o ponto de vista contrário da empresa ao monopólio estatal do petróleo, assim como à limitação de remessa de lucros para o exterior.

O regime pós-64 não rompeu com o bloco comunista, mas esfriou suas relações, limitando-as mais ainda ao comércio e a acordos de cooperação de pouca importância. Além disso, perseguiu com mão de ferro as ideias de esquerda dentro do país. Mas no âmbito das relações internacionais, havia um certo pragmatismo.

No entanto, o que parecia ser uma firme parceria no setor do petróleo acabou por desmoronar-se. Logo nos primeiros anos do regime militar, a Petrobras cortou relações com a União Soviética sobre a lavra do xisto e, para construir a usina piloto de São Mateus do Sul, no Paraná, aproximou-se da empresa estadunidense Cameron & Jones Company, que desde 1958 havia se interessado no projeto. A companhia era ligada ao Escritório de Minas do Governo dos EUA em operações de óleo de xisto no Colorado.

Um ano após o golpe, o governo aprovou o investimento privado de qualquer origem na indústria petroquímica. Isso beneficiou empresas como a Union Carbide, a Phillips Petroleum e o grupo Rockefeller, além da Dow Chemical - presidida no Brasil pelo general Golbery do Couto e Silva, uma das principais figuras do regime e ex-diretor do IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), que conspirou contra Jango e era financiado pelo governo dos EUA.

Foi a realização parcial do interesse expresso desde os anos 1950 de privatização ou participação de capital privado estrangeiro em empresas estatais, especialmente de petróleo.

Logo depois, franqueou-se o aproveitamento do xisto betuminoso da região sul que até então era reservado à Petrobras.

Curiosamente, por outro lado, a União Soviética continuou desenvolvendo pesquisas para a construção do complexo de xisto da CIRB em São Paulo, pelo menos até 1968, conforme dois relatórios da CIA.

Relatórios detalhados sobre riquezas naturais brasileiras

Nas décadas de 1970 e 1980 a CIA manteve a produção de informes sobre as relações do Brasil com diversos países e sua produção e exploração de riquezas naturais. O principal interesse continuou sendo o petróleo.

Um relatório de 1975 diz que o então presidente Ernesto Geisel era favorável à ideia de ter empresas estrangeiras trabalhando no setor petrolífero. De fato, o governo foi afrouxando a partir da década de 1970 o monopólio estatal da Petrobras.

Os principais responsáveis por essa política foram o então ministro de Minas e Energia, Shigeaki Ueki, e o economista e ex-ministro do Planejamento no governo de Castelo Branco, Roberto Campos, que defenderam "arduamente" os chamados contratos de risco, segundo Carlos Alberto Lucena, em seu livro "Tempos de destruição: educação, trabalho e indústria do petróleo no Brasil".

Em março de 1970 o Brasil havia declarado que seu território marítimo era até 200 milhas da costa, o que contraria os interesses dos EUA. Relatório de 1974 intitulado "Estudo da Lei do Mar - Brasil", com informações pormenorizadas, mas que não foi totalmente disponibilizado na internet, ressalta que esse posicionamento do governo brasileiro restringia atividades de pesca dos EUA. O país norte-americano acabou fazendo um acordo para continuar operando nas águas da região norte do Brasil, apesar de algumas limitações e do pagamento de 200 mil dólares anuais.

Em 1979, Ueki assumiu a presidência da Petrobras até o fim do regime militar (1984) e o caminho para a abertura da companhia ao capital estrangeiro continuou sendo trilhado. Na metade da década de 1980, a empresa já havia começado a trabalhar junto com companhias estrangeiras. Por meio de decretos-leis e do sucateamento da Petrobras, o governo buscou iniciar as privatizações das estatais, que se tornariam realidade no final dos anos 1980 e durante a década de 1990.

Documentos da CIA de 1986 também apontavam nessa direção. Um deles dizia que as políticas adotadas por organizações comerciais estatais (State Trading Organizations, STOs na sigla em inglês) de países do Terceiro Mundo, como o bloqueio de investimentos estrangeiros, afetam os interesses dos EUA ao reduzir a competitividade de suas companhias e serem hostis ao livre comércio.

O relatório sugere ainda que os EUA deveriam pressinar por reformas nessas empresas estatais (como a Petrobras e a Vale do Rio Doce, algumas das maiores e mais importantes STOs citadas) através de diversos organismos internacionais, porque seu desmantelamento favoreceria os interesses comerciais e políticos do governo estadunidense.

O outro, do mesmo ano, afirmava que as novas descobertas de campos de petróleo brasileiros no final dos anos de 1980 "têm o potencial de, no início dos anos de 1990, reduzir, senão eliminar, a dependência do país na importação de petróleo".

Segundo esse último relatório, as implicações do desenvolvimento da área petrolífera da Bacia de Campos (onde, em 1984, foi descoberto o primeiro campo gigante em águas profundas, o de Albacora) e outras águas profundas para os EUA eram os seguintes: assistência de companhias de engenharia estrangeiras na exploração do que fosse encontrado em águas profundas; oportunidades para empresas estadunidenses vencerem contratos de perfuração na exploração adicional de offshores; e concessões comerciais do Brasil, facilitando as chances para exportações dos EUA entrarem no país.

O relatório adverte, entretanto, que empresas dos EUA enfrentariam a competição de outros países para operar em parceria com a Petrobras e que as companhias brasileiras poderiam ficar em uma posição muito forte para competir no mercado offshore mundial na década de 1990.

Entre os arquivos que citam a Petrobras, nenhum dos que estão disponíveis é datado da década de 1990 para frente.

Em 1995, o monopólio estatal da Petrobras foi quebrado pelo Congresso brasileiro, o que permitiu a abertura do setor petrolífero à iniciativa privada em 1997 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. No mesmo ano, o governo privatizou a Vale.

A história se repete?

Em entrevista concedida no início deste ano ao jornalista Fernando Morais, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, afirmou que o Brasil é o país da América Latina mais espionado pelos Estados Unidos.

Como publicou o jornal Folha de S. Paulo em setembro de 2013, agentes da CIA atuam livremente no Brasil. Eles colaboram em diversas operações da Polícia Federal, principalmente através da parceria de fachada entre a embaixada dos EUA e a PF formalizada em 2010. Agentes trabalham em regiões estratégicas do país, como São Paulo (maior polo industrial e financeiro), Amazonas e Foz do Iguaço (ambas com recursos naturais invejáveis).

"Zona cinza - assim são chamadas pelos policiais federais algumas técnicas dos espiões americanos no país: invasão de sistemas, compra de informações e suborno de funcionários de empresas públicas ou privadas", informa a reportagem.

Mas a CIA não é a única agência de espionagem dos EUA atuando no país. Ainda em 2013, o analista Edward Snowden vazou documentos que provaram que a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) espionou a Petrobras e a então presidenta da República, Dilma Rousseff.

Um dos motivos da espionagem foi possivelmente para que petrolíferas estadunidenses obtivessem vantagem no leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos, maior reserva do pré-sal - que, por sua vez, é a maior reserva de petróleo descoberta em todo o mundo nas últimas décadas.

As gigantes companhias dos EUA, Exxon Mobil e Chevron, acabaram ficando de fora da exploração daquele campo. O leilão foi vencido por consórcio liderado pela Petrobras (com 40% de participação - sendo 30% obrigatórios por lei) e formado por duas empresas chinesas, além da Shell e da francesa Total.

As multinacionais norte-americanas foram passadas para trás na competição pelo petróleo brasileiro. Mas o Wikileaks já havia revelado em 2010 que Exxon Mobil e Chevron faziam lobby junto ao Congresso para flexibilizar ainda mais o regime de exploração do pré-sal. Diplomatas dos EUA e o então senador José Serra estavam envolvidos.

Em 2016, Serra elaborou um projeto de lei que retira a obrigatoriedade da participação da Petrobras na exploração do pré-sal e sua exclusividade na operação dos campos.

No mesmo ano, Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe judicial-parlamentar-midiático que vinha sendo tramado desde 2014. Grandes manifestações por todo o Brasil apoiaram sua destituição. Algumas pediam intervenção militar, outras pediam intervenção dos EUA.

Uma das principais entidades organizadoras dos protestos foi o Movimento Brasil Livre (MBL), do qual nunca se havia ouvido falar. Alguns de seus principais membros são ligados a instituições financiadas pelos irmãos Charles e David Koch, bilionários estadunidenses da indústria do petróleo.
Além disso, a Operação Lava Jato, que investiga crimes de corrupção envolvendo a Petrobras, foi o carro-chefe que embalou o impeachment da presidenta, apesar dela nunca ter sido relacionada a ações de corrupção.

A operação, levada a cabo pela Polícia Federal, contou com apoio direto dos Estados Unidos no fornecimento de dados sigilosos sobre a companhia e afetou especialmente os setores nacionais da Petrobras, não os estrangeiros. A empresa, que até aquele momento tinha enorme prestígio internacional, sofreu crise de grandes proporções e o atual governo já iniciou novo desmonte do que restou da estatal.

Juízes que comandam a Lava Jato e policiais federais foram treinados por instrutores estadunidenses. Os primeiros, no Brasil, e os segundos, nos EUA.

Ainda em 2016, o recém-empossado ministro das Relações Exteriores, José Serra, viu aprovado em outubro o seu projeto de lei na Câmara dos Deputados. Ele ainda deverá ser sancionado pelo presidente Michel Temer.

Em janeiro deste ano, foi anunciado o leilão de 21 campos de óleo e gás da Petrobras a partir de 2018 e licitação para uma obra no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro com a participação de 30 empresas estrangeiras e nenhuma nacional.

Será uma ótima oportunidade para as companhias estadunidenses.

- See more at: http://port.pravda.ru/cplp/brasil/18-02-2017/42713-cia_petroleo-0/#sthash.mRR92HrL.dpuf

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Questão: para você, qual a importância da Petrobras para o Brasil? Você acha que a Petrobras pode estar envolvida, de alguma forma, no Golpe de 2016 no Brasil? E os EUA? Justifique.

Artista que pichou ‘Doria’ perde casa após ‘visita’ do Deic

Fonte: http://ponte.cartacapital.com.br/iaco-viana-doria/

21/02/17 - por Fausto Salvadori - Instagram do artista: Instagram @iaco_art

Iaco Viana entrou na mira da polícia após fazer pichação em protesto contra o prefeito João Doria na Avenida 23 de Maio, em São Paulo



Depois do Carnaval, o artista plástico, pichador e grafiteiro Iaco Viana, 34 anos, pretende montar uma “exposição beneficente” dos seus trabalhos. A causa beneficiada é o próprio artista. “Vou vender alguns quadros e arranjar dinheiro para poder alugar um lugar para morar”, explica. Iaco está morando de favor na casa de uma amiga há duas semanas, quando as pessoas com quem dividia apartamento pediram sua saída. O motivo: não gostaram de receber a “visita” de uma viatura da Polícia Civil, que apareceu no local para convocar o artista a depor no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

Especializado em investigar crimes graves como roubo a banco, lavagem de dinheiro e facções criminosas, o Deic passou também a caçar pichadores, depois que o prefeito João Doria, aliado politico do governador Geraldo Alckmin (ambos do PSDB), declarou “guerra” às pichações na cidade de São Paulo. Iaco tornou-se um dos primeiros suspeitos ouvidos por um inquérito do Deic que busca enquadrar os artistas por associação criminosa, crime que pode dar em até três anos de reclusão. Com isso, a polícia paulista segue os passos das autoridades de Minas Gerais, que em 2015 passaram a prender pichadores com base na mesma lei. Até então, a prática mais comum era enquadrá-los na Lei de Crimes Ambientais, que prevê até um ano de detenção — possível de ser substituído, na Justiça, pelo pagamento de uma cesta básica.

Nome conhecido da arte de rua em São Paulo, Iaco protagonizou um dos protestos mais emblemáticos feitos contra o prefeito Doria por conta do apagamento dos grafites da Avenida 23 de Maio, no final de janeiro. Sobre a tinta cinza deixada nos muros pela prefeitura, o pichador escreveu 12 vezes o nome do prefeito. “Nada melhor do que escrever o nome da pessoa que está proibindo algo. Quando alguém manda apagar o próprio nome é como se estivesse apagando a si mesmo, destruindo seu ego”, explicou na época. À Ponte, Iaco faz questão de ressaltar que seu trabalho vai além das pichações e grafites. “Eu sou um artista plástico. A parede é só um suporte para mim. Eu faço milhares de outras coisas”, diz.

Fotos da pichação “Doria” na 23 de Maio, ao lado de várias outras, faziam parte de um dossiê com mais de 400 páginas com imagens do seu trabalho que Iaco viu nas mãos dos policiais ao ser interrogado na 1ª Delegacia de Policia de Investigações sobre Propriedade Imaterial do Deic, no último dia 7. Após ser ouvido, foi liberado sem indiciamento. “Eles estavam tentando me enquadrar em associação criminosa, mas ficou bastante óbvio que nunca tive nenhum intuito de participar de gangue nem de nada parecido”, conta.

A advogada do artista, Adriana Gregorut, lembra que “o crime de associação criminosa precisa de pelo menos três pessoas para sua tipificação e Iaco deixou muito claro em seu depoimento que fez a escrita no muro da Avenida 23 de maio sozinho, de forma autônoma, bem como não integra e nunca integrou qualquer ‘grupo de pichadores'”.

Logo depois do depoimento à polícia, mesmo sem ter sido indiciado, Iaco foi convidado pelos antigos colegas de apartamento a deixar o local. Ele não insistiu para ficar. “As pessoas [com quem eu morava] me pediram para sair e eu também, depois que a polícia apareceu lá, me sinto mais seguro morando em outro lugar”, explica.

Para a advogada, a saída de Iaco da própria casa foi “uma consequência gravíssima” da investigação do Deic, que se mostra “ainda mais desproporcional” quando se pensa “na baixa ofensividade do crime ao qual ele pode eventualmente vir a ser indiciado ou denunciado”. Nas palavras de Adriana, “essa situação mostra como o estigma que a nossa sociedade impõe aos indivíduos que passam pelo sistema penal (sejam eles investigados, acusados ou condenados) faz com que sofram penas além daquelas previstas na lei”.

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Questão: o que você acha desta política do prefeito de São Paulo, João Doria?