- 8 dezembro 2017
Blog focado em Geografia e em fatos e notícias contemporâneas, que compõem as Atualidades.
sábado, 31 de março de 2018
Carta de João Goulart Filho à Nação, em 31 de março
Ver mais em https://jornalggn.com.br/noticia/carta-de-joao-goulart-filho-a-nacao-em-31-de-marco
Dalai Lama pede que tibetanos permaneçam unidos enquanto Índia evita conflito com a China
Ver: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/dalai-lama-pede-que-tibetanos-permanecam-unidos-enquanto-india-evita-conflito-com-a-china,963656964dfea5ea09f1333b5f2902b8xs88q7d9.html
sexta-feira, 30 de março de 2018
Confronto com Exército de Israel na fronteira de Gaza deixa palestinos mortos e centenas de feridos
Confronto durante protestos deixou 15 palestinos mortos
nesta sexta-feira (30). Atos lembram êxodo palestino após criação de estado de
Israel.
Por G1
30/03/2018 08h55
Atualizado 30/03/2018 21h28
Ver: https://g1.globo.com/mundo/noticia/confronto-com-exercito-de-israel-na-fronteira-de-gaza-deixa-palestinos-mortos.ghtml
quarta-feira, 28 de março de 2018
Ataque infla tese de que Lula é alvo de caçada; aliados querem rever caravanas
Fonte: http://painel.blogfolha.uol.com.br/2018/03/28/ataque-infla-tese-de-que-lula-e-alvo-de-cacada-aliados-querem-rever-caravanas/
28.mar.2018 às 02h00
Painel
A última fronteira O ataque a tiros à caravana de Lula inflou o discurso político do PT de que ele é vítima de uma caçada antidemocrática. O líder da legenda na Câmara, Paulo Pimenta (RS), telefonou ainda nesta terça (27) ao ministro da Segurança, Raul Jungmann, para dizer que a integridade do petista tornou-se responsabilidade do governo Temer. A investida sem precedentes assustou quadros da sigla que agora falam na possibilidade real de tragédia e defendem o fim das andanças pelo país.
Batalha campal Integrantes da cúpula do PT temem uma escalada de confrontos caso o STF conceda o habeas corpus ao ex-presidente. Haverá, avaliam, uma “longa estrada até agosto”, período do registro das candidaturas. Eles apostam que Lula não topará se recolher nesse período.
Anéis e dedos Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça que hoje está advogando para o PT, diz que é preciso repensar o modelo das caravanas “para não colocar a vida de Lula em risco”.
Em alerta Num retrato de como os ataques durante o giro pela região Sul deixaram os petistas alarmados, em Chapecó (SC), Fernando Haddad estava no palanque com o ex-presidente quando avistou uma igreja com torres. “Alguém vistoriou?”, indagou. Diante da negativa, rebateu: “Estão brincando”.
Nossos tempos Raul Jungmann conversou pessoalmente com deputados do PT que foram até sua pasta falar sobre o assassinato de Marielle Franco, no Rio, e souberam dos tiros na comitiva de Lula durante a reunião. Segundo os relatos, o ministro mostrou-se assustado e tratou o episódio como o prenúncio de um futuro sombrio.
Nossos tempos 2 Edson Fachin não foi o único integrante do Supremo que pediu reforço na segurança à presidente da corte, Cármen Lúcia. Todos os que solicitaram foram atendidos. O clima no STF nunca esteve tão tenso.
Escalação Em mais um sinal de que pretende tocar sua campanha à reeleição, o presidente Michel Temer convidou Gustavo Guedes para ser seu advogado eleitoral durante a campanha.
É de casa Guedes defendeu o emedebista no Tribunal Superior Eleitoral da ação que ameaçou cassar os mandatos dele e de Dilma Rousseff.
Que fase A filiação de Flávio Rocha ao PRB como pré-candidato ao Planalto é mais uma má notícia para as pretensões presidenciais de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Não chega só O ingresso do empresário na seara eleitoral amplia a fragmentação da centro-direita.
Pior: Rocha aparecerá apoiado por um partido que reúne bancada considerável no Congresso –22 deputados e dois senadores– e que tem forte inserção entre os evangélicos.
Na sacola Após a chegada de Jair Bolsonaro (RJ), o PSL filiou sete deputados: Eduardo Bolsonaro (SP), Delegado Waldir (PR-GO), Francischini (SD-PR) e Carlos Manato (SD-ES), Major Olímpio (SD-SP), Marcelo Alvaro Antonio (PR-MG) e o professor Victorio Galli (PSC-MT). A meta é dobrar esse número.
Mercado livre O DEM, que chegou a 40 deputados, trabalha agora para não perder quadros antigos. Ao menos dois parlamentares avisaram que vão sair da legenda.
Pé na estrada João Doria (PSDB) vai começar a percorrer o interior do estado. O prefeito, que deixa seu posto em SP em 7 de abril, inicia o périplo pelo centro-oeste paulista no dia 14.
Visita à Folha Bernard Appy, Eurico Marcos Diniz de Santi, Nelson Machado e Isaias Coelho, diretores do CCiF (Centro de Cidadania Fiscal), visitaram a Folha nesta terça-feira (27), onde foram recebidos em almoço. Estavam acompanhados de Fábio Pimentel, assessor de imprensa.
TIROTEIO
Provocações de parte a parte permitem antever uma tragédia a qualquer momento. As primeiras escaramuças já estão visíveis.
DO DEPUTADO MIRO TEIXEIRA (REDE-RJ), sobre os atos de violência durante a caravana de Lula pelo Sul, que teve ônibus atingidos por tiros nesta terça (27).
CONTRAPONTO
Na contramão
Durante a reunião que selou a filiação de Flávio Rocha, dono da Riachuelo e agora pré-candidato à Presidência pelo PRB, nesta terça-feira (27), o deputado Jony Marcos (PRB-SE) inseriu um gracejo em seu discurso.
— Já gosto dele, porque é canhoto como eu! — iniciou.
Antes que pudesse concluir a fala, foi apartado pelo senador Eduardo Lopes (PRB-RJ):
— Sou canhoto também!
Retomando a palavra, o sergipano fez questão de concluir o raciocínio com uma ressalva:
— Que fique muito claro que o Flávio é canhoto, mas está longe de ser de esquerda!
28.mar.2018 às 02h00
Painel
A última fronteira O ataque a tiros à caravana de Lula inflou o discurso político do PT de que ele é vítima de uma caçada antidemocrática. O líder da legenda na Câmara, Paulo Pimenta (RS), telefonou ainda nesta terça (27) ao ministro da Segurança, Raul Jungmann, para dizer que a integridade do petista tornou-se responsabilidade do governo Temer. A investida sem precedentes assustou quadros da sigla que agora falam na possibilidade real de tragédia e defendem o fim das andanças pelo país.
Batalha campal Integrantes da cúpula do PT temem uma escalada de confrontos caso o STF conceda o habeas corpus ao ex-presidente. Haverá, avaliam, uma “longa estrada até agosto”, período do registro das candidaturas. Eles apostam que Lula não topará se recolher nesse período.
Anéis e dedos Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça que hoje está advogando para o PT, diz que é preciso repensar o modelo das caravanas “para não colocar a vida de Lula em risco”.
Em alerta Num retrato de como os ataques durante o giro pela região Sul deixaram os petistas alarmados, em Chapecó (SC), Fernando Haddad estava no palanque com o ex-presidente quando avistou uma igreja com torres. “Alguém vistoriou?”, indagou. Diante da negativa, rebateu: “Estão brincando”.
Nossos tempos Raul Jungmann conversou pessoalmente com deputados do PT que foram até sua pasta falar sobre o assassinato de Marielle Franco, no Rio, e souberam dos tiros na comitiva de Lula durante a reunião. Segundo os relatos, o ministro mostrou-se assustado e tratou o episódio como o prenúncio de um futuro sombrio.
Nossos tempos 2 Edson Fachin não foi o único integrante do Supremo que pediu reforço na segurança à presidente da corte, Cármen Lúcia. Todos os que solicitaram foram atendidos. O clima no STF nunca esteve tão tenso.
Escalação Em mais um sinal de que pretende tocar sua campanha à reeleição, o presidente Michel Temer convidou Gustavo Guedes para ser seu advogado eleitoral durante a campanha.
É de casa Guedes defendeu o emedebista no Tribunal Superior Eleitoral da ação que ameaçou cassar os mandatos dele e de Dilma Rousseff.
Que fase A filiação de Flávio Rocha ao PRB como pré-candidato ao Planalto é mais uma má notícia para as pretensões presidenciais de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Não chega só O ingresso do empresário na seara eleitoral amplia a fragmentação da centro-direita.
Pior: Rocha aparecerá apoiado por um partido que reúne bancada considerável no Congresso –22 deputados e dois senadores– e que tem forte inserção entre os evangélicos.
Na sacola Após a chegada de Jair Bolsonaro (RJ), o PSL filiou sete deputados: Eduardo Bolsonaro (SP), Delegado Waldir (PR-GO), Francischini (SD-PR) e Carlos Manato (SD-ES), Major Olímpio (SD-SP), Marcelo Alvaro Antonio (PR-MG) e o professor Victorio Galli (PSC-MT). A meta é dobrar esse número.
Mercado livre O DEM, que chegou a 40 deputados, trabalha agora para não perder quadros antigos. Ao menos dois parlamentares avisaram que vão sair da legenda.
Pé na estrada João Doria (PSDB) vai começar a percorrer o interior do estado. O prefeito, que deixa seu posto em SP em 7 de abril, inicia o périplo pelo centro-oeste paulista no dia 14.
Visita à Folha Bernard Appy, Eurico Marcos Diniz de Santi, Nelson Machado e Isaias Coelho, diretores do CCiF (Centro de Cidadania Fiscal), visitaram a Folha nesta terça-feira (27), onde foram recebidos em almoço. Estavam acompanhados de Fábio Pimentel, assessor de imprensa.
TIROTEIO
Provocações de parte a parte permitem antever uma tragédia a qualquer momento. As primeiras escaramuças já estão visíveis.
DO DEPUTADO MIRO TEIXEIRA (REDE-RJ), sobre os atos de violência durante a caravana de Lula pelo Sul, que teve ônibus atingidos por tiros nesta terça (27).
CONTRAPONTO
Na contramão
Durante a reunião que selou a filiação de Flávio Rocha, dono da Riachuelo e agora pré-candidato à Presidência pelo PRB, nesta terça-feira (27), o deputado Jony Marcos (PRB-SE) inseriu um gracejo em seu discurso.
— Já gosto dele, porque é canhoto como eu! — iniciou.
Antes que pudesse concluir a fala, foi apartado pelo senador Eduardo Lopes (PRB-RJ):
— Sou canhoto também!
Retomando a palavra, o sergipano fez questão de concluir o raciocínio com uma ressalva:
— Que fique muito claro que o Flávio é canhoto, mas está longe de ser de esquerda!
O ocaso do promotor que incomodava Aécio e Perrella
Após colecionar desafetos, Eduardo Nepomuceno foi afastado de investigações de corrupção e desvios envolvendo mandachuvas da política mineira
Ver mais: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/22/politica/1521756265_713032.amp.html?__twitter_impression=true
Safatle: “Vivemos uma fase cada vez mais explícita de guerra civil”
por Sergio Lirio — publicado 28/03/2018 12h27
Os ataques à caravana de Lula e o assassinato de Marielle Franco mostram que o País caminha para os extremos da radicalização política, diz o filósofo
Leia: https://www.cartacapital.com.br/politica/safatle-201cvivemos-uma-fase-cada-vez-mais-explicita-de-guerra-civil201d
terça-feira, 27 de março de 2018
Partidos brasileiros são mais do mesmo e poderiam ser reduzidos a 2, aponta pesquisa de Oxford
Nathalia Passarinho
Da BBC Brasil em Londres
27 março 2018
Leia: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43288018?ocid=socialflow_twitter
Incêndio na Sibéria mata 41 crianças, Putin fala em crime
Presidente russo visita centro comercial e atribui incêndio que deixou pelo menos 64 mortos a "negligência criminosa". Em protesto, população contesta reação das autoridades e cobra investigação do caso.
- Data 27.03.2018
O que é verdade e o que é invenção em 'O Mecanismo', a série da Netflix sobre a Lava Jato
André Shalders - @shaldim
Da BBC Brasil em São Paulo
27 março 2018
Atenção: a reportagem contém "spoilers" (revelações sobre a trama).
A série Narcos, que foi ao ar em 2015, constrói seu enredo misturando elementos de verdade com outros de ficção. Os "mocinhos" de Narcos - dois agentes do Dea, o departamento de narcóticos dos EUA - existem na vida real e deram consultoria aos produtores da série. Agora, o cineasta brasileiro José Padilha - que participou de Narcos - repetiu o mesmo método em sua nova série na Netflix, O Mecanismo, uma ficção baseada em fatos reais da operação Lava Jato.
Leia: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43550506
segunda-feira, 26 de março de 2018
Como as portas trancadas de um shopping durante incêndio mataram mais de 60 na Rússia
Como as portas trancadas de um shopping durante incêndio mataram mais de 60 na Rússia
26 março 2018
Leia: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43549840?ocid=socialflow_twitter
26 março 2018
Leia: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43549840?ocid=socialflow_twitter
Maduro corta 3 zeros da moeda venezuelana em meio à hiperinflação
Ver: http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/t/edicao-das-18h/v/maduro-corta-3-zeros-da-moeda-venezuelana-em-meio-a-hiperinflacao/6611787/
26/03/2018
26/03/2018
EUA e 14 países europeus decidem expulsar diplomatas russos por envenenamento no Reino Unido
EUA e 14 países europeus decidem expulsar diplomatas russos por envenenamento no Reino Unido
Do UOL, em São Paulo 26/03/201810h12 > Atualizada 26/03/201811h28...
- Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/03/26/eua-expulsam-60-diplomatas-russos-por-envenenamento-de-ex-espiao-no-reino-unido.htm?cmpid=copiaecola
Do UOL, em São Paulo 26/03/201810h12 > Atualizada 26/03/201811h28...
- Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/03/26/eua-expulsam-60-diplomatas-russos-por-envenenamento-de-ex-espiao-no-reino-unido.htm?cmpid=copiaecola
domingo, 25 de março de 2018
O mundo segundo Einstein: uma breve história da relatividade
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2018/03/o-mundo-segundo-einstein-uma-breve-historia-da-relatividade.shtml
25.mar.2018 às 2h09
Albert Einstein teria feito 139 anos semana passada, se bem que seu aniversário foi ofuscado pela morte de Stephen Hawking no mesmo dia. Curiosamente, ambos faleceram aos 76 anos. (E Hawking nasceu no 300º aniversário da morte de Galileu. Coincidências estranhas essas.) Fica então para hoje meu artigo celebrando Einstein.
Poucos cientistas, ou pensadores em geral, influenciaram tão profundamente a compreensão do mundo em que vivemos e nosso lugar nele. Não que Einstein fosse perfeito, longe disso. Ninguém é.
Foi um pai ausente e um marido infiel. Por outro lado, é bom lembrar que viveu em tempos bem diferentes, e devemos analisar suas ações dentro do seu contexto cultural, e não do nosso, que é outro.
Seu legado intelectual exemplifica uma inigualável coragem intelectual que, aliada a uma ética de trabalho imbatível, define o que chamamos de genialidade.
Para recriar os fundamentos do conhecimento, uma pessoa precisa de ao menos duas qualidades: uma crença profunda na força das suas ideias e a coragem de ir contra a ordem estabelecida. Nas ciências, o sucesso de uma empreitada dessa magnitude só vem se as ideias estiverem corretas.
Quando Einstein apareceu nos meios científicos, na virada do século 20, a ciência estava em crise. A física desenvolvida desde a época de Galileu (em torno de 1600) até 1899 era baseada em três pilares principais: a mecânica, o eletromagnetismo, e a termodinâmica, o estudo do calor --que surgiu devido às exigências da Revolução Industrial e da máquina a vapor. Para o desespero de toda uma geração de físicos, durante o século 19, uma série de descobertas feitas no laboratório e em observações astronômicas se recusavam a ser descritas pelos três pilares. Novas ideias eram necessárias com urgência, mas nada de promissor aparecia. O momento era ideal para um jovem cientista com ideias revolucionárias sobre a natureza do espaço, do tempo e da matéria.
Um dos problemas era a natureza da luz e sua propagação no espaço. (Ou seja, como a luz de um farol distante ou de uma estrela chega até seus olhos.) Após um debate que durou séculos, a maioria dos físicos concluiu que a luz era uma onda. (A outra opção, defendida por Newton dentre outros, era que a luz fosse feita de pequenas partículas, chamadas mais tarde de fótons.) Se a luz era uma onda, tinha que se propagar em algum meio material. Afinal, as ondas de água se propagam na água, as ondas de som no ar.
E a luz? Bem, para que possamos ver a luz vinda de estrelas distantes, o meio tem que ser transparente. Também precisa ser muito leve ou sem massa, para não influenciar as orbitas dos planetas e luas. Finalmente, tinha também que ser bem rígido para permitir a propagação de ondas de altíssima velocidade: já se sabia que a luz tem uma velocidade de propagação no espaço vazio de 300.000 quilômetros por segundo.
Que tipo de meio material seria esse? Sem saber, os físicos do século 19 fizeram uma proposta um tanto estranha: imagine que o espaço não é vazio, mas preenchido por uma substância sem massa, transparente e rígida chamada éter. O que era o éter, ninguém sabia. Seu único propósito era permitir a propagação da luz. Não há dúvida de que, com os nossos olhos, esse meio tinha propriedades meio mágicas. Por incrível que pareça, mesmo quando experimentos que tentaram detectar o éter falharam, ninguém desistiu dele. A alternativa, ter a luz se propagando no espaço vazio, por si só, era inconcebível.
Aqui entra o Einstein. Em 1905, com apenas 26 anos, ele propõe sua teoria da relatividade especial, onde destrói as noções de espaço e tempo absolutos, e a necessidade de o éter existir. De acordo com a teoria, um dos maiores sucessos na história do pensamento humano, a ideia do espaço como uma espécie de palco rígido onde as coisas acontecem, e do tempo fluindo, inexorável, como um rio, são apenas ilusões causadas pela nossa visão míope da realidade. A causa dessa miopia? A luz e a sua velocidade de propagação.
O espaço apenas seria um palco rígido e o fluxo do tempo como um rio se a luz viajasse de um ponto A a um ponto B instantaneamente. (Ou seja, se a velocidade da luz fosse infinita.) Nossa miopia é corrigida quando incorporamos a finitude da velocidade da luz no estudo de objetos em movimento, mesmo sendo um valor enorme. (Aliás, é esse valor enorme que faz com que nossa miopia seja tão convincente.) Quando a correção é feita, tudo muda.
Uma pessoa em pé na calçada que mede o comprimento de um ônibus passando à sua frente, obterá um valor diferente de um passageiro que viaja no ônibus. Para o pedestre, o ônibus será mais curto. E ainda, se o ônibus tiver um relógio afixado do lado de fora, nosso pedestre também vai notar que os segundos passam mais devagar nesse relógio em movimento do que no seu cronômetro. Chocada, nossa cientista não terá outra opção se não concluir que objetos em movimento encurtam na direção em que viajam e relógios em movimento marcam o passar do tempo mais lentamente.
Os efeitos, chamados de contração espacial e dilatação temporal, ficam mais dramáticos quando a velocidade do objeto em movimento se aproxima da da luz, algo que não vemos no nosso dia a dia. Os efeitos são minúsculos nas velocidades comuns, por isso não percebemos um ônibus encolhendo ou relógios mais lentos. Mas tudo isso está ocorrendo na nossa frente.
A essência da realidade nos escapa constantemente.
No mesmo ano, Einstein escreveu um segundo artigo, onde mostrou que nenhum objeto com massa pode viajar na velocidade da luz. A massa do objeto cresce com a velocidade em que se move e atinge um valor infinito na velocidade da luz. Isso está embutido na famosa fórmula E=mc2, onde a massa m varia com a velocidade. (c é a velocidade da luz.) Como é impossível mover um objeto com massa infinita, não chegamos lá. Apenas a luz consegue esse feito, ou outra entidade sem massa. (E não conhecemos nenhuma, fora, talvez, os hipotéticos grávitons, as partículas da força da gravidade.) E tudo isso é perfeitamente consistente com a luz se propagando no espaço vazio, sem éter.
Em 1915, Einstein expandiu sua teoria para incluir movimentos com velocidades variáveis (isto é, com aceleração). Sua teoria da relatividade geral, que muitos consideram um dos maiores feitos do intelecto humano, imprime a plasticidade do espaço e do tempo na essência do universo. Agora, a presença de qualquer objeto material (ou apenas mesmo a energia) pode encurvar o espaço e alterar a passagem do tempo. O espaço e o tempo se tornam literalmente flexíveis. Por exemplo, um raio de luz de uma estrela distante é ligeiramente desviado ao passar perto do sol. (Também é desviado quando passa perto de você, mas o efeito é tão pequeno que é praticamente imensurável.) Em 1919, duas expedições (uma delas para Sobral, no Ceará) foram enviadas para testar a previsão de Einstein. Embora as observações não tivessem uma qualidade muito alta, foram suficientes para comprovar o efeito. Einstein estava certo.
Mais tarde se verificou também a previsão de que a gravidade afeta a passagem do tempo. Um relógio no alto de um prédio bate mais rápido do que um no solo, onde a gravidade é ligeiramente maior. Mas o efeito é muito pequeno: Se você passar sua vida no alto dum prédio de 100 andares, perderá 104 milionésimos de segundo. Em 79 anos, as células do seu cérebro envelhecem 45 bilionésimos de segundo mais do que as no seu pé.
Einstein foi o primeiro a aplicar a plasticidade do espaço e do tempo ao universo como um todo. Em 1919, apresentou um modelo para o universo como sendo estático, esférico e perfeitamente simétrico, com a matéria distribuída igualmente nele todo. Esse primeiro modelo, mesmo que errado, inspirou a nova cosmologia, que levou ao modelo do Big Bang, hoje aceito como a melhor descrição da historia cósmica, que teve uma origem há 13,8 bilhões de anos. Buracos negros, ondas gravitacionais, a possibilidade de viagens no tempo (para o futuro apenas), tudo isso vem da teoria de Einstein. E também, claro, a precisão do seu GPS, que precisa de elementos das duas teorias da relatividade, a especial e a geral
Por incrível que pareça, as teorias da relatividade são apenas uma fração das contribuições de Einstein. O seu outro playground, sua musa e seu demônio, foi a teoria quântica. Em breve, exploro aqui com vocês a crise de Einstein ao confrontar os mistérios do átomo, e porque foi assombrado pelo fantasma quântico até o fim da sua vida.
Marcelo Gleiser
Coluna discute temas sobre física, filosofia e o impacto social e cultural da ciência.
25.mar.2018 às 2h09
Albert Einstein teria feito 139 anos semana passada, se bem que seu aniversário foi ofuscado pela morte de Stephen Hawking no mesmo dia. Curiosamente, ambos faleceram aos 76 anos. (E Hawking nasceu no 300º aniversário da morte de Galileu. Coincidências estranhas essas.) Fica então para hoje meu artigo celebrando Einstein.
Poucos cientistas, ou pensadores em geral, influenciaram tão profundamente a compreensão do mundo em que vivemos e nosso lugar nele. Não que Einstein fosse perfeito, longe disso. Ninguém é.
Foi um pai ausente e um marido infiel. Por outro lado, é bom lembrar que viveu em tempos bem diferentes, e devemos analisar suas ações dentro do seu contexto cultural, e não do nosso, que é outro.
Seu legado intelectual exemplifica uma inigualável coragem intelectual que, aliada a uma ética de trabalho imbatível, define o que chamamos de genialidade.
Para recriar os fundamentos do conhecimento, uma pessoa precisa de ao menos duas qualidades: uma crença profunda na força das suas ideias e a coragem de ir contra a ordem estabelecida. Nas ciências, o sucesso de uma empreitada dessa magnitude só vem se as ideias estiverem corretas.
Quando Einstein apareceu nos meios científicos, na virada do século 20, a ciência estava em crise. A física desenvolvida desde a época de Galileu (em torno de 1600) até 1899 era baseada em três pilares principais: a mecânica, o eletromagnetismo, e a termodinâmica, o estudo do calor --que surgiu devido às exigências da Revolução Industrial e da máquina a vapor. Para o desespero de toda uma geração de físicos, durante o século 19, uma série de descobertas feitas no laboratório e em observações astronômicas se recusavam a ser descritas pelos três pilares. Novas ideias eram necessárias com urgência, mas nada de promissor aparecia. O momento era ideal para um jovem cientista com ideias revolucionárias sobre a natureza do espaço, do tempo e da matéria.
Um dos problemas era a natureza da luz e sua propagação no espaço. (Ou seja, como a luz de um farol distante ou de uma estrela chega até seus olhos.) Após um debate que durou séculos, a maioria dos físicos concluiu que a luz era uma onda. (A outra opção, defendida por Newton dentre outros, era que a luz fosse feita de pequenas partículas, chamadas mais tarde de fótons.) Se a luz era uma onda, tinha que se propagar em algum meio material. Afinal, as ondas de água se propagam na água, as ondas de som no ar.
E a luz? Bem, para que possamos ver a luz vinda de estrelas distantes, o meio tem que ser transparente. Também precisa ser muito leve ou sem massa, para não influenciar as orbitas dos planetas e luas. Finalmente, tinha também que ser bem rígido para permitir a propagação de ondas de altíssima velocidade: já se sabia que a luz tem uma velocidade de propagação no espaço vazio de 300.000 quilômetros por segundo.
Que tipo de meio material seria esse? Sem saber, os físicos do século 19 fizeram uma proposta um tanto estranha: imagine que o espaço não é vazio, mas preenchido por uma substância sem massa, transparente e rígida chamada éter. O que era o éter, ninguém sabia. Seu único propósito era permitir a propagação da luz. Não há dúvida de que, com os nossos olhos, esse meio tinha propriedades meio mágicas. Por incrível que pareça, mesmo quando experimentos que tentaram detectar o éter falharam, ninguém desistiu dele. A alternativa, ter a luz se propagando no espaço vazio, por si só, era inconcebível.
Aqui entra o Einstein. Em 1905, com apenas 26 anos, ele propõe sua teoria da relatividade especial, onde destrói as noções de espaço e tempo absolutos, e a necessidade de o éter existir. De acordo com a teoria, um dos maiores sucessos na história do pensamento humano, a ideia do espaço como uma espécie de palco rígido onde as coisas acontecem, e do tempo fluindo, inexorável, como um rio, são apenas ilusões causadas pela nossa visão míope da realidade. A causa dessa miopia? A luz e a sua velocidade de propagação.
O espaço apenas seria um palco rígido e o fluxo do tempo como um rio se a luz viajasse de um ponto A a um ponto B instantaneamente. (Ou seja, se a velocidade da luz fosse infinita.) Nossa miopia é corrigida quando incorporamos a finitude da velocidade da luz no estudo de objetos em movimento, mesmo sendo um valor enorme. (Aliás, é esse valor enorme que faz com que nossa miopia seja tão convincente.) Quando a correção é feita, tudo muda.
Uma pessoa em pé na calçada que mede o comprimento de um ônibus passando à sua frente, obterá um valor diferente de um passageiro que viaja no ônibus. Para o pedestre, o ônibus será mais curto. E ainda, se o ônibus tiver um relógio afixado do lado de fora, nosso pedestre também vai notar que os segundos passam mais devagar nesse relógio em movimento do que no seu cronômetro. Chocada, nossa cientista não terá outra opção se não concluir que objetos em movimento encurtam na direção em que viajam e relógios em movimento marcam o passar do tempo mais lentamente.
Os efeitos, chamados de contração espacial e dilatação temporal, ficam mais dramáticos quando a velocidade do objeto em movimento se aproxima da da luz, algo que não vemos no nosso dia a dia. Os efeitos são minúsculos nas velocidades comuns, por isso não percebemos um ônibus encolhendo ou relógios mais lentos. Mas tudo isso está ocorrendo na nossa frente.
A essência da realidade nos escapa constantemente.
No mesmo ano, Einstein escreveu um segundo artigo, onde mostrou que nenhum objeto com massa pode viajar na velocidade da luz. A massa do objeto cresce com a velocidade em que se move e atinge um valor infinito na velocidade da luz. Isso está embutido na famosa fórmula E=mc2, onde a massa m varia com a velocidade. (c é a velocidade da luz.) Como é impossível mover um objeto com massa infinita, não chegamos lá. Apenas a luz consegue esse feito, ou outra entidade sem massa. (E não conhecemos nenhuma, fora, talvez, os hipotéticos grávitons, as partículas da força da gravidade.) E tudo isso é perfeitamente consistente com a luz se propagando no espaço vazio, sem éter.
Em 1915, Einstein expandiu sua teoria para incluir movimentos com velocidades variáveis (isto é, com aceleração). Sua teoria da relatividade geral, que muitos consideram um dos maiores feitos do intelecto humano, imprime a plasticidade do espaço e do tempo na essência do universo. Agora, a presença de qualquer objeto material (ou apenas mesmo a energia) pode encurvar o espaço e alterar a passagem do tempo. O espaço e o tempo se tornam literalmente flexíveis. Por exemplo, um raio de luz de uma estrela distante é ligeiramente desviado ao passar perto do sol. (Também é desviado quando passa perto de você, mas o efeito é tão pequeno que é praticamente imensurável.) Em 1919, duas expedições (uma delas para Sobral, no Ceará) foram enviadas para testar a previsão de Einstein. Embora as observações não tivessem uma qualidade muito alta, foram suficientes para comprovar o efeito. Einstein estava certo.
Mais tarde se verificou também a previsão de que a gravidade afeta a passagem do tempo. Um relógio no alto de um prédio bate mais rápido do que um no solo, onde a gravidade é ligeiramente maior. Mas o efeito é muito pequeno: Se você passar sua vida no alto dum prédio de 100 andares, perderá 104 milionésimos de segundo. Em 79 anos, as células do seu cérebro envelhecem 45 bilionésimos de segundo mais do que as no seu pé.
Einstein foi o primeiro a aplicar a plasticidade do espaço e do tempo ao universo como um todo. Em 1919, apresentou um modelo para o universo como sendo estático, esférico e perfeitamente simétrico, com a matéria distribuída igualmente nele todo. Esse primeiro modelo, mesmo que errado, inspirou a nova cosmologia, que levou ao modelo do Big Bang, hoje aceito como a melhor descrição da historia cósmica, que teve uma origem há 13,8 bilhões de anos. Buracos negros, ondas gravitacionais, a possibilidade de viagens no tempo (para o futuro apenas), tudo isso vem da teoria de Einstein. E também, claro, a precisão do seu GPS, que precisa de elementos das duas teorias da relatividade, a especial e a geral
Por incrível que pareça, as teorias da relatividade são apenas uma fração das contribuições de Einstein. O seu outro playground, sua musa e seu demônio, foi a teoria quântica. Em breve, exploro aqui com vocês a crise de Einstein ao confrontar os mistérios do átomo, e porque foi assombrado pelo fantasma quântico até o fim da sua vida.
Marcelo Gleiser
Coluna discute temas sobre física, filosofia e o impacto social e cultural da ciência.
Ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont é detido na Alemanha
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/25/internacional/1521973804_797756.amp.html?__twitter_impression=true
Líder catalão foi interceptado na fronteira com a Dinamarca após a ativação da ordem de prisão europeia contra ele
ANA CARBAJOSA
Berlim 25 MAR 2018 - 11:15 BRT
Líder catalão foi interceptado na fronteira com a Dinamarca após a ativação da ordem de prisão europeia contra ele
ANA CARBAJOSA
Berlim 25 MAR 2018 - 11:15 BRT
sábado, 24 de março de 2018
O AGENTE PENITENCIÁRIO E A SEITA SATÂNICA QUE ENFRENTOU O PCC
O AGENTE PENITENCIÁRIO E A SEITA SATÂNICA QUE ENFRENTOU O PCC
Guilherme Santana
24 de Março de 2018, 5h35
Fonte: https://theintercept.com/2018/03/24/o-agente-penitenciario-e-a-seita-satanica-que-enfrentou-o-pcc/
Guilherme Santana
24 de Março de 2018, 5h35
Fonte: https://theintercept.com/2018/03/24/o-agente-penitenciario-e-a-seita-satanica-que-enfrentou-o-pcc/
Facebook tira do ar página que bombou notícia falsa sobre Marielle Franco
Facebook tira do ar página que bombou notícia falsa sobre Marielle Franco
Leonardo Sakamoto 24/03/2018 13:42... - Veja mais em https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/03/24/facebook-tira-do-ar-pagina-que-bombou-noticia-falsa-sobre-marielle-franco/?cmpid=copiaecola
Leonardo Sakamoto 24/03/2018 13:42... - Veja mais em https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/03/24/facebook-tira-do-ar-pagina-que-bombou-noticia-falsa-sobre-marielle-franco/?cmpid=copiaecola
sexta-feira, 23 de março de 2018
Por que o criador do botão curtir do Facebook apagou as redes sociais do celular
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/03/por-que-o-criador-do-botao-curtir-do-facebook-apagou-as-redes-sociais-do-celular.shtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=twfolha
Justin Rosenstein apagou todas as redes sociais, aplicativos de e-mails e notícias de seu iPhone
23.mar.2018 às 16h20
Ricardo Senra
SAN FRANCISCO
A tecnologia só deve prender nossa atenção nos momentos em que nós queremos, conscientemente, prestar atenção nela. "Em todos os outros casos, deve ficar fora do nosso caminho."
Quem afirma não é um dos críticos tradicionais das redes sociais ou um psicólogo preocupado com o vício em internet, mas justamente o executivo responsável pela criação do botão curtir nos primórdios do Facebook, há mais de dez anos.
Depois de perceber que as notificações de aplicativos como o próprio Facebook, Instagram e Twitter ocupavam boa parte do seu dia, eram distrativas e o afastavam das relações na vida real, o matemático Justin Rosenstein decidiu apagar todas as redes sociais, aplicativos de e-mails e notícias de seu iPhone, em busca de mais "presença" no mundo offline.
"Cheguei ao ponto em que percebi que frequentemente estava usando meu telefone como uma muleta, para filmar momentos em tempo real, ou que meu telefone vibrava e me tirava do momento enquanto eu tentava ter uma conexão emocional profunda com alguém", conta.
Hoje, Rosenstein prega a conscientização de desenvolvedores como ele, para que novos aplicativos permitam que usuários tenham autonomia para "controlar suas mentes e sua atenção".
"(Temos que) permitir que pessoas não se comuniquem apenas online e compartilhem fotos de si mesmas, mas efetivamente se encontrem e tenham conexões profundas e verdadeiras pessoalmente", diz, sempre acompanhado pelo olhar atento de sua assessora de imprensa.
Para muitos, os comentários podem parecer convenientes, uma vez que Rosenstein não trabalha mais no Facebook e a rede se tornou alvo constante de críticas de diversos setores.
A reportagem pergunta se ele se arrepende por ter criado a principal fonte da distração que hoje tanto critica.
"Nenhum arrependimento. Sempre que se tenta progredir, haverá consequências inesperadas. Você tem que ter humildade e ter muita atenção no que acontece depois, para fazer mudanças conforme for apropriado", responde.
ATENÇÃO X INTENÇÃO
A principal "consequência inesperada", segundo o executivo, é o fato de as redes sociais hoje prenderem nossa atenção independentemente da nossa intenção - ou de nossa vontade.
"Muitas vezes, nos vemos 'rolando' algo no telefone e 30 minutos depois sentimos que não foi um tempo bem gasto, sentimos que perdemos um pedaço do dia", diz.
"Ter atenção a isso e fazer essas escolhas sobre como eu quero passar meu dia, eu acho que é muito importante."
Durante a conversa, ele divide os aplicativos em diferentes grupos - aqueles que podem "roubar" nossa atenção, como as redes sociais ou aplicativos de mensagens, e aqueles que nós buscamos só quando realmente precisamos e deixamos de usar quando estamos satisfeitos.
"Há outros apps no meu telefone como Lyft (espécie de Uber, muito popular nos EUA), Google Maps, ou apps de meditação ou notas, que são ótimos em transformar meu telefone, que é quase como algo mágico no meu bolso. Se eu quiser fazer um carro vir até mim, posso fazer isso. Se quiser saber o caminho para um lugar, também posso. Estes são muito úteis."
"Para os outros... bem, eu ainda uso redes sociais, mas, ao esperar até voltar para o computador, eu sou capaz de moderar meu comportamento com mais facilidade e, digamos, gastar 20 minutos por dia fazendo isso, em vez de algo que estou constante checando, mesmo inconscientemente."
A entrevista à BBC Brasil aconteceu semanas antes de o Facebook ocupar manchetes em todo o mundo, em novo um escândalo que envolve o uso de dados de mais de 50 milhões de pessoas em campanhas de marketing político.
Um ex-funcionário da consultoria Cambridge Analytica, responsável pela campanha digital que elegeu Donald Trump nos Estados Unidos, revelou que a empresa teria usado informações pessoais coletadas a partir de um teste de personalidade no Facebook para influenciar o eleitorado a favor de seu cliente.
O escândalo resultou no afastamento do CEO da Cambridge Analytica, Alexander Nix, nesta segunda-feira, e em pedidos de explicações a Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pelos governos dos EUA e da Inglaterra.
Após dias em silêncio, Zuckerberg, admitiu que a rede social "cometeu erros" no caso da Cambridge Analytica e se comprometeu a criar novas regras que poderão tornar mais difícil a "coleta" de informações de usuários por aplicativos.
Procurado novamente pela BBC Brasil, Rosenstein não comentou o caso até a publicação desta reportagem.
'CURTIR É UMA EMOÇÃO MUITO SIMPLES'
Durante a entrevista na sede da Asana, sua mais recente empreitada milionária, dedicada ao gerenciamento do tempo de equipes em empresas, Rosenstein comentou os perigos da polarização gerada pela atenção excessiva que costumamos dar a curtidas no Facebook.
"Hoje, as redes sociais são muito eficientes em mostrar coisas que você gosta e que vão chamar sua atenção de volta para elas. Então, quando eu criei originalmente o botão curtir, há muitos anos, isso parecia uma boa primeira aproximação para aquilo que chama a atenção de alguém. Se você está tentando identificar qual é o conteúdo mais útil para mostrar a alguém, mostrar coisas que ele gosta é uma ideia muito boa", diz.
Ele segue: "mas se você parar aí, há problemas."
"Se você continuar a mostrar às pessoas apenas as informações de que elas gostam, e não aquelas que contradizem suas perspectivas e podem desafiar intelectualmente, vamos criar bolhas onde as pessoas continuamente veem informações que concordam com o que elas pensam."
Hoje, Rosenstein admite que "curtir é uma emoção simples, uma reação muito simples para ser a única coisa a se basear" nas redes.
"Então precisamos nos mover para um novo paradigma, em que pensamos em como sermos eficientes para as pessoas passarem seu tempo bem, para que elas vejam conteúdo que elas não apenas gostam, mas que as complete, que seja educacional, que desafie elas a pensarem diferente."
BRASIL
Multimilionário - estima-se que Justin Rosenstein tenha deixado o Facebook em 2008 com o equivalente a mais de US$ 700 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) a mais no bolso -, o executivo se dedica atualmente à ioga, meditação e a "ajudar a humanidade a prosperar, permitindo que equipes trabalhem juntas sem esforço".
É este o principal slogan da Asana, cujo valor de mercado ultrapassa US$ 900 milhões e que recebeu recentemente mais US$ 75 milhões do fundo de investimentos liderado por Al Gore - vice-presidente dos EUA durante o governo de Bill Clinton.
A empresa já tem 30 mil clientes pagantes em 192 países - incluindo gigantes como Google, Uber, Spotify, IBM e Nasa, segundo o executivo.
"Em uma companhia comum, o estado normal é muito caótico. Se você perguntar a membros de uma equipe qual é seu objetivo, eles serão capazes de explicar. Mas se você fizer perguntas muito básicas, como quais são as etapas que faltam entre agora e chegar a seu objetivo, ou quem é responsável por esses passos, qual o status desses passos, eles não sabem responder", diz.
Com interface parecida com a de uma rede social, a Asana promete concentrar todas as etapas e pessoas envolvidas em projetos em uma única plataforma, reduzindo o tempo perdido com reuniões, trocas de e-mails ou perda de informações.
O português acaba de entrar para a lista de idiomas do serviço e o executivo pretende expandir sua atuação no Brasil.
Segundo a empresa, o Brasil está entre os cinco principais mercados da Asana fora dos Estados Unidos - e o número de clientes mais que dobrou desde o ano passado.
Justin Rosenstein apagou todas as redes sociais, aplicativos de e-mails e notícias de seu iPhone
23.mar.2018 às 16h20
Ricardo Senra
SAN FRANCISCO
A tecnologia só deve prender nossa atenção nos momentos em que nós queremos, conscientemente, prestar atenção nela. "Em todos os outros casos, deve ficar fora do nosso caminho."
Quem afirma não é um dos críticos tradicionais das redes sociais ou um psicólogo preocupado com o vício em internet, mas justamente o executivo responsável pela criação do botão curtir nos primórdios do Facebook, há mais de dez anos.
Depois de perceber que as notificações de aplicativos como o próprio Facebook, Instagram e Twitter ocupavam boa parte do seu dia, eram distrativas e o afastavam das relações na vida real, o matemático Justin Rosenstein decidiu apagar todas as redes sociais, aplicativos de e-mails e notícias de seu iPhone, em busca de mais "presença" no mundo offline.
"Cheguei ao ponto em que percebi que frequentemente estava usando meu telefone como uma muleta, para filmar momentos em tempo real, ou que meu telefone vibrava e me tirava do momento enquanto eu tentava ter uma conexão emocional profunda com alguém", conta.
Hoje, Rosenstein prega a conscientização de desenvolvedores como ele, para que novos aplicativos permitam que usuários tenham autonomia para "controlar suas mentes e sua atenção".
"(Temos que) permitir que pessoas não se comuniquem apenas online e compartilhem fotos de si mesmas, mas efetivamente se encontrem e tenham conexões profundas e verdadeiras pessoalmente", diz, sempre acompanhado pelo olhar atento de sua assessora de imprensa.
Para muitos, os comentários podem parecer convenientes, uma vez que Rosenstein não trabalha mais no Facebook e a rede se tornou alvo constante de críticas de diversos setores.
A reportagem pergunta se ele se arrepende por ter criado a principal fonte da distração que hoje tanto critica.
"Nenhum arrependimento. Sempre que se tenta progredir, haverá consequências inesperadas. Você tem que ter humildade e ter muita atenção no que acontece depois, para fazer mudanças conforme for apropriado", responde.
ATENÇÃO X INTENÇÃO
A principal "consequência inesperada", segundo o executivo, é o fato de as redes sociais hoje prenderem nossa atenção independentemente da nossa intenção - ou de nossa vontade.
"Muitas vezes, nos vemos 'rolando' algo no telefone e 30 minutos depois sentimos que não foi um tempo bem gasto, sentimos que perdemos um pedaço do dia", diz.
"Ter atenção a isso e fazer essas escolhas sobre como eu quero passar meu dia, eu acho que é muito importante."
Durante a conversa, ele divide os aplicativos em diferentes grupos - aqueles que podem "roubar" nossa atenção, como as redes sociais ou aplicativos de mensagens, e aqueles que nós buscamos só quando realmente precisamos e deixamos de usar quando estamos satisfeitos.
"Há outros apps no meu telefone como Lyft (espécie de Uber, muito popular nos EUA), Google Maps, ou apps de meditação ou notas, que são ótimos em transformar meu telefone, que é quase como algo mágico no meu bolso. Se eu quiser fazer um carro vir até mim, posso fazer isso. Se quiser saber o caminho para um lugar, também posso. Estes são muito úteis."
"Para os outros... bem, eu ainda uso redes sociais, mas, ao esperar até voltar para o computador, eu sou capaz de moderar meu comportamento com mais facilidade e, digamos, gastar 20 minutos por dia fazendo isso, em vez de algo que estou constante checando, mesmo inconscientemente."
A entrevista à BBC Brasil aconteceu semanas antes de o Facebook ocupar manchetes em todo o mundo, em novo um escândalo que envolve o uso de dados de mais de 50 milhões de pessoas em campanhas de marketing político.
Um ex-funcionário da consultoria Cambridge Analytica, responsável pela campanha digital que elegeu Donald Trump nos Estados Unidos, revelou que a empresa teria usado informações pessoais coletadas a partir de um teste de personalidade no Facebook para influenciar o eleitorado a favor de seu cliente.
O escândalo resultou no afastamento do CEO da Cambridge Analytica, Alexander Nix, nesta segunda-feira, e em pedidos de explicações a Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pelos governos dos EUA e da Inglaterra.
Após dias em silêncio, Zuckerberg, admitiu que a rede social "cometeu erros" no caso da Cambridge Analytica e se comprometeu a criar novas regras que poderão tornar mais difícil a "coleta" de informações de usuários por aplicativos.
Procurado novamente pela BBC Brasil, Rosenstein não comentou o caso até a publicação desta reportagem.
'CURTIR É UMA EMOÇÃO MUITO SIMPLES'
Durante a entrevista na sede da Asana, sua mais recente empreitada milionária, dedicada ao gerenciamento do tempo de equipes em empresas, Rosenstein comentou os perigos da polarização gerada pela atenção excessiva que costumamos dar a curtidas no Facebook.
"Hoje, as redes sociais são muito eficientes em mostrar coisas que você gosta e que vão chamar sua atenção de volta para elas. Então, quando eu criei originalmente o botão curtir, há muitos anos, isso parecia uma boa primeira aproximação para aquilo que chama a atenção de alguém. Se você está tentando identificar qual é o conteúdo mais útil para mostrar a alguém, mostrar coisas que ele gosta é uma ideia muito boa", diz.
Ele segue: "mas se você parar aí, há problemas."
"Se você continuar a mostrar às pessoas apenas as informações de que elas gostam, e não aquelas que contradizem suas perspectivas e podem desafiar intelectualmente, vamos criar bolhas onde as pessoas continuamente veem informações que concordam com o que elas pensam."
Hoje, Rosenstein admite que "curtir é uma emoção simples, uma reação muito simples para ser a única coisa a se basear" nas redes.
"Então precisamos nos mover para um novo paradigma, em que pensamos em como sermos eficientes para as pessoas passarem seu tempo bem, para que elas vejam conteúdo que elas não apenas gostam, mas que as complete, que seja educacional, que desafie elas a pensarem diferente."
BRASIL
Multimilionário - estima-se que Justin Rosenstein tenha deixado o Facebook em 2008 com o equivalente a mais de US$ 700 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) a mais no bolso -, o executivo se dedica atualmente à ioga, meditação e a "ajudar a humanidade a prosperar, permitindo que equipes trabalhem juntas sem esforço".
É este o principal slogan da Asana, cujo valor de mercado ultrapassa US$ 900 milhões e que recebeu recentemente mais US$ 75 milhões do fundo de investimentos liderado por Al Gore - vice-presidente dos EUA durante o governo de Bill Clinton.
A empresa já tem 30 mil clientes pagantes em 192 países - incluindo gigantes como Google, Uber, Spotify, IBM e Nasa, segundo o executivo.
"Em uma companhia comum, o estado normal é muito caótico. Se você perguntar a membros de uma equipe qual é seu objetivo, eles serão capazes de explicar. Mas se você fizer perguntas muito básicas, como quais são as etapas que faltam entre agora e chegar a seu objetivo, ou quem é responsável por esses passos, qual o status desses passos, eles não sabem responder", diz.
Com interface parecida com a de uma rede social, a Asana promete concentrar todas as etapas e pessoas envolvidas em projetos em uma única plataforma, reduzindo o tempo perdido com reuniões, trocas de e-mails ou perda de informações.
O português acaba de entrar para a lista de idiomas do serviço e o executivo pretende expandir sua atuação no Brasil.
Segundo a empresa, o Brasil está entre os cinco principais mercados da Asana fora dos Estados Unidos - e o número de clientes mais que dobrou desde o ano passado.
quarta-feira, 21 de março de 2018
Carta de Bogotá: Informe da ONU sobre Direitos Humanos na Colômbia é devastador
Carta de Bogotá: Informe da ONU sobre Direitos Humanos na Colômbia é devastador
Por Camilo Rengifo Marín 21/03/2018 12:05
Ler em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cartas-do-Mundo/Informe-da-ONU-sobre-Direitos-Humanos-na-Colombia-e-devastador/45/39651
Por Camilo Rengifo Marín 21/03/2018 12:05
Ler em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cartas-do-Mundo/Informe-da-ONU-sobre-Direitos-Humanos-na-Colombia-e-devastador/45/39651
terça-feira, 20 de março de 2018
Mutante, conflito no Iraque não acabou, apenas assumiu outro rosto
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/mutante-conflito-no-iraque-nao-acabou-apenas-assumiu-outro-rosto.shtml
Nos primeiros dias de cobertura, de certeza tínhamos só os mísseis que cruzavam os céus de Bagdá
20.mar.2018 às 2h00
JUCA VARELLA
Na madrugada de 20 de março de 2003, eu e o Sérgio Dávila, atual editor-executivo da Folha, entramos agitados no Palestine Hotel, no centro de Bagdá, depois um périplo de mais de três dias.
O que era para ser uma reportagem especial sobre um país ameaçado estava virando cobertura de guerra, uma das mais violentas desde a Segunda Guerra (1939-45).
Pouco antes das 6h daquele dia, caíam os primeiros Tomahawks, fazendo a cidade estremecer. Era o começo de uma cobertura assustadora, na qual todo o ódio resultante do 11 de Setembro seria despejado sobre um país fragilizado por mais de uma década de sanções econômicas.
Nenhum avião militar iraquiano decolou para tentar defender o país contra a investida que se descortinava. As poucas aeronaves que havia estavam inoperantes por falta de manutenção.
Para os cerca de 180 jornalistas que trabalhavam ali —só eu e o Sérgio do Brasil—, toda vez que um cheiro diferente ou que uma fumaça pairava sobre o local onde estávamos, disparava-se um alerta interior de que um ataque químico estaria ocorrendo. Preparávamos nossas máscaras.
A informação recorrente era a de que poderia, sim, haver um arsenal de armas químicas e nucleares no Iraque, já que essa fora uma justificativa para a invasão, além da presença da Al Qaeda.
Nada disso se confirmaria, mas, nos primeiros dias de cobertura, de certeza tínhamos apenas os mísseis que cruzavam os céus de Bagdá.
Assim foi por mais de 30 dias, reportando o cotidiano dos bagdalis sob bombardeio intenso (apoiado no pretexto de uma "guerra preventiva"). Até que, em 9 de abril, o Iraque foi declarado ocupado, e o regime de Saddam Hussein já não existia. O país estava entregue ao caos.
Hospitais e museus eram saqueados à luz do dia. A desordem social estava instalada, e a resistência armada começava a se organizar.
Voltei outras três vezes ao país. Em 2005, quando ocorreram as primeiras eleições parlamentares, Bagdá ainda estava se reconstruindo e o perigo maior eram os sequestros. Foi quando o engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Júnior foi raptado. Em 2007, seus restos mortais seriam encontrados e trazidos ao Brasil.
Em 2010, retornei para cobrir as segundas eleições, e os sequestros de ocidentais seguiam em alta. Bagdá buscava manter sua identidade em meio aos costumes ocidentais que já começavam a despontar nas ruas, enquanto a Al Qaeda, agora sim instalada, organizava ataques e comandava a resistência contra a ocupação. O Estado Islâmico viria em seguida.
Em 2013, retornamos, eu e Sérgio Dávila, para cobrir os dez anos do início dos ataques e da ocupação norte-americana. Sinais da devastação de 2003 e de um país fragilizado estavam à mostra.
No dia que marcou o aniversário, dezenas de carros-bomba explodiram pela cidade —um deles, bem atrás do Sérgio, enquanto fazíamos uma reportagem multimídia. O subsolo do Palestine, antes um bunker, agora abrigava um clube de strippers.
Em 18 de dezembro de 2011, Obama declarou oficialmente o fim da guerra, com a retirada gradual das tropas americanas. Como se vê, ela não acabou —à imagem de um ser mutante, assume novas faces.
GUERRA NO IRAQUE EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito
20.mar.2003
O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas
9.abr.2003
Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein
13.dez.2003
Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal
30.jan.2005
Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro
30.dez.2006
Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá
jan.2007
Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque
17.nov.2008
Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011
15.dez.2011
Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país
288 mil pessoas
morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis
Fontes: Iraq Body Count, The New York Times, BBC
Nos primeiros dias de cobertura, de certeza tínhamos só os mísseis que cruzavam os céus de Bagdá
20.mar.2018 às 2h00
JUCA VARELLA
Na madrugada de 20 de março de 2003, eu e o Sérgio Dávila, atual editor-executivo da Folha, entramos agitados no Palestine Hotel, no centro de Bagdá, depois um périplo de mais de três dias.
O que era para ser uma reportagem especial sobre um país ameaçado estava virando cobertura de guerra, uma das mais violentas desde a Segunda Guerra (1939-45).
Pouco antes das 6h daquele dia, caíam os primeiros Tomahawks, fazendo a cidade estremecer. Era o começo de uma cobertura assustadora, na qual todo o ódio resultante do 11 de Setembro seria despejado sobre um país fragilizado por mais de uma década de sanções econômicas.
Nenhum avião militar iraquiano decolou para tentar defender o país contra a investida que se descortinava. As poucas aeronaves que havia estavam inoperantes por falta de manutenção.
Para os cerca de 180 jornalistas que trabalhavam ali —só eu e o Sérgio do Brasil—, toda vez que um cheiro diferente ou que uma fumaça pairava sobre o local onde estávamos, disparava-se um alerta interior de que um ataque químico estaria ocorrendo. Preparávamos nossas máscaras.
A informação recorrente era a de que poderia, sim, haver um arsenal de armas químicas e nucleares no Iraque, já que essa fora uma justificativa para a invasão, além da presença da Al Qaeda.
Nada disso se confirmaria, mas, nos primeiros dias de cobertura, de certeza tínhamos apenas os mísseis que cruzavam os céus de Bagdá.
Assim foi por mais de 30 dias, reportando o cotidiano dos bagdalis sob bombardeio intenso (apoiado no pretexto de uma "guerra preventiva"). Até que, em 9 de abril, o Iraque foi declarado ocupado, e o regime de Saddam Hussein já não existia. O país estava entregue ao caos.
Hospitais e museus eram saqueados à luz do dia. A desordem social estava instalada, e a resistência armada começava a se organizar.
Voltei outras três vezes ao país. Em 2005, quando ocorreram as primeiras eleições parlamentares, Bagdá ainda estava se reconstruindo e o perigo maior eram os sequestros. Foi quando o engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Júnior foi raptado. Em 2007, seus restos mortais seriam encontrados e trazidos ao Brasil.
Em 2010, retornei para cobrir as segundas eleições, e os sequestros de ocidentais seguiam em alta. Bagdá buscava manter sua identidade em meio aos costumes ocidentais que já começavam a despontar nas ruas, enquanto a Al Qaeda, agora sim instalada, organizava ataques e comandava a resistência contra a ocupação. O Estado Islâmico viria em seguida.
Em 2013, retornamos, eu e Sérgio Dávila, para cobrir os dez anos do início dos ataques e da ocupação norte-americana. Sinais da devastação de 2003 e de um país fragilizado estavam à mostra.
No dia que marcou o aniversário, dezenas de carros-bomba explodiram pela cidade —um deles, bem atrás do Sérgio, enquanto fazíamos uma reportagem multimídia. O subsolo do Palestine, antes um bunker, agora abrigava um clube de strippers.
Em 18 de dezembro de 2011, Obama declarou oficialmente o fim da guerra, com a retirada gradual das tropas americanas. Como se vê, ela não acabou —à imagem de um ser mutante, assume novas faces.
GUERRA NO IRAQUE EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito
20.mar.2003
O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas
9.abr.2003
Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein
13.dez.2003
Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal
30.jan.2005
Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro
30.dez.2006
Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá
jan.2007
Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque
17.nov.2008
Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011
15.dez.2011
Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país
288 mil pessoas
morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis
Fontes: Iraq Body Count, The New York Times, BBC
Legado da Guerra do Iraque ainda divide americanos 15 anos depois
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/legado-da-guerra-do-iraque-ainda-divide-americanos-15-anos-depois.shtml
País árabe ganhou com queda de ditador, mas caos que sobreveio alimentou facções terroristas
20.mar.2018 às 2h00
Diogo Bercito
MADRI
Na madrugada de 20 de março de 2003, o então presidente George W. Bush se dirigiu à população americana e disse ter decidido "desarmar o Iraque, libertar seu povo e defender o mundo de um grave perigo". Prometeu "levar a liberdade" ao país, àquela época governado pelo ditador Saddam Hussein.
Quinze anos após o discurso, o Iraque e o restante do Oriente Médio se lembram da data com a convicção de que diversos perigos graves nasceram naquela noite.
A invasão levou a uma guerra de mais de oito anos, encerrada oficialmente em 18 de dezembro de 2011 (ainda há um pequeno contingente de soldados americanos no país, porém). Seus efeitos —como o surgimento da facção terrorista Estado Islâmico— ainda castigam a região.
"A desestabilização do Iraque levou a dezenas de milhares de mortos, fomentou o extremismo e expandiu a influência do Irã", disse à Folha Daveed Gartenstein-Ross, analista sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, baseada em Washington, e CEO da firma de análise de risco Valens Global.
Detestada no Iraque e em seus vizinhos, a invasão é rejeitada também nos EUA.
71% da população americana apoiava o uso de força militar contra o Iraque, hoje são apenas 43%, segundo relatório recente do Centro de Pesquisas Pew. Para 48%, a guerra foi um erro (e 9% disseram não saber). O estudo foi feito de 7 a 14 de março com 1.466 pessoas.
Um dos pontos mais controversos é o fato de a invasão ter sido justificada com a acusação de que Saddam tinha um arsenal de destruição em massa. As armas nunca foram encontradas, e a acusação, jamais provada.
Um ano após o início da ofensiva, o secretário de Estado Colin Powell admitiu que não havia prova de laço entre o governo iraquiano e a Al Qaeda, outra acusação feita no rastro dos atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram 2.977 pessoas nos EUA e deram origem à Guerra do Afeganistão.
"A aprovação à invasão continuará a cair, e o público dificilmente dirá um dia que aquela guerra valeu a pena", diz Gartenstein-Ross.
Do ponto de vista iraquiano, entre as vantagens da ação está a deposição de Saddam —cujo regime chegou a utilizar armas químicas contra a própria população— após 24 anos no poder e a celebração de eleições. O próximo pleito legislativo no país será em outubro deste ano.
"São raras as políticas que só têm pontos negativos. No caso do Iraque, houve a instituição de um sistema democrático, ainda que ele precise de ajustes", diz o analista.
ESTADO ISLÂMICO
Após a invasão americana, Saddam se escondeu nos entornos de sua cidade natal, Tikrit. Capturado e julgado por crimes contra a humanidade, foi enforcado em dezembro de 2006.
A queda do ditador, porém, não desarmou o Iraque nem tornou o mundo mais seguro, como disse Bush em seu discurso de guerra.
Facções terroristas se alimentaram do caos político e instigaram a violência entre diferentes ramos do islã, como os sunitas e os xiitas.
A mais influente dessas milícias foi a Al Qaeda no Iraque, que anos depois se transformou no Estado Islâmico. O grupo Iraq Body Count afirma que houve 288 mil mortes violentas no país desde 2003, a maior parte de civis.
Em uma entrevista recente à revista Time, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse que a decisão americana de ocupar o Iraque após a invasão foi "um enorme erro". Em vez de transferir o poder imediatamente aos iraquianos, os EUA se instalaram ali, o que facilitou o recrutamento de militantes e contaminou o país com uma violência até hoje presente, disse o premiê.
A purga dos membros do partido de Saddam, o Baath, também desmontou o Estado e o Exército e engordou as fileiras de facções terroristas.
Para Gartenstein-Ross, "os EUA ganharam pouco no Iraque, e a alto custo".
GUERRA NO IRAQUE EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito
20.mar.2003
O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas
9.abr.2003
Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein
13.dez.2003
Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal
30.jan.2005
Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro
30.dez.2006
Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá
jan.2007
Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque
17.nov.2008
Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011
15.dez.2011
Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país
288 mil pessoas
morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis
Fontes: Iraq Body Count, The New York Times, BBC
País árabe ganhou com queda de ditador, mas caos que sobreveio alimentou facções terroristas
20.mar.2018 às 2h00
Diogo Bercito
MADRI
Na madrugada de 20 de março de 2003, o então presidente George W. Bush se dirigiu à população americana e disse ter decidido "desarmar o Iraque, libertar seu povo e defender o mundo de um grave perigo". Prometeu "levar a liberdade" ao país, àquela época governado pelo ditador Saddam Hussein.
Quinze anos após o discurso, o Iraque e o restante do Oriente Médio se lembram da data com a convicção de que diversos perigos graves nasceram naquela noite.
A invasão levou a uma guerra de mais de oito anos, encerrada oficialmente em 18 de dezembro de 2011 (ainda há um pequeno contingente de soldados americanos no país, porém). Seus efeitos —como o surgimento da facção terrorista Estado Islâmico— ainda castigam a região.
"A desestabilização do Iraque levou a dezenas de milhares de mortos, fomentou o extremismo e expandiu a influência do Irã", disse à Folha Daveed Gartenstein-Ross, analista sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, baseada em Washington, e CEO da firma de análise de risco Valens Global.
Detestada no Iraque e em seus vizinhos, a invasão é rejeitada também nos EUA.
71% da população americana apoiava o uso de força militar contra o Iraque, hoje são apenas 43%, segundo relatório recente do Centro de Pesquisas Pew. Para 48%, a guerra foi um erro (e 9% disseram não saber). O estudo foi feito de 7 a 14 de março com 1.466 pessoas.
Um dos pontos mais controversos é o fato de a invasão ter sido justificada com a acusação de que Saddam tinha um arsenal de destruição em massa. As armas nunca foram encontradas, e a acusação, jamais provada.
Um ano após o início da ofensiva, o secretário de Estado Colin Powell admitiu que não havia prova de laço entre o governo iraquiano e a Al Qaeda, outra acusação feita no rastro dos atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram 2.977 pessoas nos EUA e deram origem à Guerra do Afeganistão.
"A aprovação à invasão continuará a cair, e o público dificilmente dirá um dia que aquela guerra valeu a pena", diz Gartenstein-Ross.
Do ponto de vista iraquiano, entre as vantagens da ação está a deposição de Saddam —cujo regime chegou a utilizar armas químicas contra a própria população— após 24 anos no poder e a celebração de eleições. O próximo pleito legislativo no país será em outubro deste ano.
"São raras as políticas que só têm pontos negativos. No caso do Iraque, houve a instituição de um sistema democrático, ainda que ele precise de ajustes", diz o analista.
ESTADO ISLÂMICO
Após a invasão americana, Saddam se escondeu nos entornos de sua cidade natal, Tikrit. Capturado e julgado por crimes contra a humanidade, foi enforcado em dezembro de 2006.
A queda do ditador, porém, não desarmou o Iraque nem tornou o mundo mais seguro, como disse Bush em seu discurso de guerra.
Facções terroristas se alimentaram do caos político e instigaram a violência entre diferentes ramos do islã, como os sunitas e os xiitas.
A mais influente dessas milícias foi a Al Qaeda no Iraque, que anos depois se transformou no Estado Islâmico. O grupo Iraq Body Count afirma que houve 288 mil mortes violentas no país desde 2003, a maior parte de civis.
Em uma entrevista recente à revista Time, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse que a decisão americana de ocupar o Iraque após a invasão foi "um enorme erro". Em vez de transferir o poder imediatamente aos iraquianos, os EUA se instalaram ali, o que facilitou o recrutamento de militantes e contaminou o país com uma violência até hoje presente, disse o premiê.
A purga dos membros do partido de Saddam, o Baath, também desmontou o Estado e o Exército e engordou as fileiras de facções terroristas.
Para Gartenstein-Ross, "os EUA ganharam pouco no Iraque, e a alto custo".
GUERRA NO IRAQUE EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito
20.mar.2003
O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas
9.abr.2003
Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein
13.dez.2003
Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal
30.jan.2005
Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro
30.dez.2006
Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá
jan.2007
Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque
17.nov.2008
Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011
15.dez.2011
Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país
288 mil pessoas
morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis
Fontes: Iraq Body Count, The New York Times, BBC
Desembargadora que ofendeu Marielle criticou Zumbi dos Palmares e pediu fuzilamento de Jean Wyllys
Marília de Castro Neves Vieira também afirma que Lei Maria da Penha pode ser usada "covardemente" contra homens. CNJ abre investigação sobre a desembargadora

A desembargadora em foto do seu perfil no Facebook.
G.A.
São Paulo 20 MAR 2018 - 18:49 BRT
Leia: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/20/politica/1521561716_720743.html
Legado da Guerra do Iraque ainda divide americanos 15 anos depois
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/legado-da-guerra-do-iraque-ainda-divide-americanos-15-anos-depois.shtml
País árabe ganhou com queda de ditador, mas caos que sobreveio alimentou facções terroristas
20.mar.2018 às 2h00
Diogo Bercito
MADRI
Na madrugada de 20 de março de 2003, o então presidente George W. Bush se dirigiu à população americana e disse ter decidido "desarmar o Iraque, libertar seu povo e defender o mundo de um grave perigo". Prometeu "levar a liberdade" ao país, àquela época governado pelo ditador Saddam Hussein.
Quinze anos após o discurso, o Iraque e o restante do Oriente Médio se lembram da data com a convicção de que diversos perigos graves nasceram naquela noite.
A invasão levou a uma guerra de mais de oito anos, encerrada oficialmente em 18 de dezembro de 2011 (ainda há um pequeno contingente de soldados americanos no país, porém). Seus efeitos —como o surgimento da facção terrorista Estado Islâmico— ainda castigam a região.
"A desestabilização do Iraque levou a dezenas de milhares de mortos, fomentou o extremismo e expandiu a influência do Irã", disse à Folha Daveed Gartenstein-Ross, analista sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, baseada em Washington, e CEO da firma de análise de risco Valens Global.
Detestada no Iraque e em seus vizinhos, a invasão é rejeitada também nos EUA.
Se, em 2003, 71% da população americana apoiava o uso de força militar contra o Iraque, hoje são apenas 43%, segundo relatório recente do Centro de Pesquisas Pew. Para 48%, a guerra foi um erro (e 9% disseram não saber). O estudo foi feito de 7 a 14 de março com 1.466 pessoas.
Um dos pontos mais controversos é o fato de a invasão ter sido justificada com a acusação de que Saddam tinha um arsenal de destruição em massa. As armas nunca foram encontradas, e a acusação, jamais provada.
Um ano após o início da ofensiva, o secretário de Estado Colin Powell admitiu que não havia prova de laço entre o governo iraquiano e a Al Qaeda, outra acusação feita no rastro dos atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram 2.977 pessoas nos EUA e deram origem à Guerra do Afeganistão.
"A aprovação à invasão continuará a cair, e o público dificilmente dirá um dia que aquela guerra valeu a pena", diz Gartenstein-Ross.
Do ponto de vista iraquiano, entre as vantagens da ação está a deposição de Saddam —cujo regime chegou a utilizar armas químicas contra a própria população— após 24 anos no poder e a celebração de eleições. O próximo pleito legislativo no país será em outubro deste ano.
"São raras as políticas que só têm pontos negativos. No caso do Iraque, houve a instituição de um sistema democrático, ainda que ele precise de ajustes", diz o analista.
ESTADO ISLÂMICO
Após a invasão americana, Saddam se escondeu nos entornos de sua cidade natal, Tikrit. Capturado e julgado por crimes contra a humanidade, foi enforcado em dezembro de 2006.
A queda do ditador, porém, não desarmou o Iraque nem tornou o mundo mais seguro, como disse Bush em seu discurso de guerra.
Facções terroristas se alimentaram do caos político e instigaram a violência entre diferentes ramos do islã, como os sunitas e os xiitas.
A mais influente dessas milícias foi a Al Qaeda no Iraque, que anos depois se transformou no Estado Islâmico. O grupo Iraq Body Count afirma que houve 288 mil mortes violentas no país desde 2003, a maior parte de civis.
Em uma entrevista recente à revista Time, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse que a decisão americana de ocupar o Iraque após a invasão foi "um enorme erro". Em vez de transferir o poder imediatamente aos iraquianos, os EUA se instalaram ali, o que facilitou o recrutamento de militantes e contaminou o país com uma violência até hoje presente, disse o premiê.
A purga dos membros do partido de Saddam, o Baath, também desmontou o Estado e o Exército e engordou as fileiras de facções terroristas.
Para Gartenstein-Ross, "os EUA ganharam pouco no Iraque, e a alto custo".
GUERRA NO IRAQUE EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito
20.mar.2003
O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas
9.abr.2003
Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein
13.dez.2003
Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal
30.jan.2005
Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro
30.dez.2006
Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá
jan.2007
Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque
17.nov.2008
Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011
15.dez.2011
Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país
288 mil pessoas
morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis
Fontes: Iraq Body Count, The New York Times, BBC
País árabe ganhou com queda de ditador, mas caos que sobreveio alimentou facções terroristas
20.mar.2018 às 2h00
Diogo Bercito
MADRI
Na madrugada de 20 de março de 2003, o então presidente George W. Bush se dirigiu à população americana e disse ter decidido "desarmar o Iraque, libertar seu povo e defender o mundo de um grave perigo". Prometeu "levar a liberdade" ao país, àquela época governado pelo ditador Saddam Hussein.
Quinze anos após o discurso, o Iraque e o restante do Oriente Médio se lembram da data com a convicção de que diversos perigos graves nasceram naquela noite.
A invasão levou a uma guerra de mais de oito anos, encerrada oficialmente em 18 de dezembro de 2011 (ainda há um pequeno contingente de soldados americanos no país, porém). Seus efeitos —como o surgimento da facção terrorista Estado Islâmico— ainda castigam a região.
"A desestabilização do Iraque levou a dezenas de milhares de mortos, fomentou o extremismo e expandiu a influência do Irã", disse à Folha Daveed Gartenstein-Ross, analista sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, baseada em Washington, e CEO da firma de análise de risco Valens Global.
Detestada no Iraque e em seus vizinhos, a invasão é rejeitada também nos EUA.
Se, em 2003, 71% da população americana apoiava o uso de força militar contra o Iraque, hoje são apenas 43%, segundo relatório recente do Centro de Pesquisas Pew. Para 48%, a guerra foi um erro (e 9% disseram não saber). O estudo foi feito de 7 a 14 de março com 1.466 pessoas.
Um dos pontos mais controversos é o fato de a invasão ter sido justificada com a acusação de que Saddam tinha um arsenal de destruição em massa. As armas nunca foram encontradas, e a acusação, jamais provada.
Um ano após o início da ofensiva, o secretário de Estado Colin Powell admitiu que não havia prova de laço entre o governo iraquiano e a Al Qaeda, outra acusação feita no rastro dos atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram 2.977 pessoas nos EUA e deram origem à Guerra do Afeganistão.
"A aprovação à invasão continuará a cair, e o público dificilmente dirá um dia que aquela guerra valeu a pena", diz Gartenstein-Ross.
Do ponto de vista iraquiano, entre as vantagens da ação está a deposição de Saddam —cujo regime chegou a utilizar armas químicas contra a própria população— após 24 anos no poder e a celebração de eleições. O próximo pleito legislativo no país será em outubro deste ano.
"São raras as políticas que só têm pontos negativos. No caso do Iraque, houve a instituição de um sistema democrático, ainda que ele precise de ajustes", diz o analista.
ESTADO ISLÂMICO
Após a invasão americana, Saddam se escondeu nos entornos de sua cidade natal, Tikrit. Capturado e julgado por crimes contra a humanidade, foi enforcado em dezembro de 2006.
A queda do ditador, porém, não desarmou o Iraque nem tornou o mundo mais seguro, como disse Bush em seu discurso de guerra.
Facções terroristas se alimentaram do caos político e instigaram a violência entre diferentes ramos do islã, como os sunitas e os xiitas.
A mais influente dessas milícias foi a Al Qaeda no Iraque, que anos depois se transformou no Estado Islâmico. O grupo Iraq Body Count afirma que houve 288 mil mortes violentas no país desde 2003, a maior parte de civis.
Em uma entrevista recente à revista Time, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse que a decisão americana de ocupar o Iraque após a invasão foi "um enorme erro". Em vez de transferir o poder imediatamente aos iraquianos, os EUA se instalaram ali, o que facilitou o recrutamento de militantes e contaminou o país com uma violência até hoje presente, disse o premiê.
A purga dos membros do partido de Saddam, o Baath, também desmontou o Estado e o Exército e engordou as fileiras de facções terroristas.
Para Gartenstein-Ross, "os EUA ganharam pouco no Iraque, e a alto custo".
GUERRA NO IRAQUE EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito
20.mar.2003
O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas
9.abr.2003
Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein
13.dez.2003
Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal
30.jan.2005
Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro
30.dez.2006
Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá
jan.2007
Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque
17.nov.2008
Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011
15.dez.2011
Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país
288 mil pessoas
morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis
Fontes: Iraq Body Count, The New York Times, BBC
Stephen Hawking sobreviveu graças à qualidade da saúde pública britânica
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/americo-martins/2018/03/stephen-hawking-sobreviveu-gracas-a-qualidade-da-saude-publica-britanica.shtml
Criado em 1948, NHS é motivo de orgulho para o Reino Unido e nenhum governo tentou acabá-lo
20.mar.2018 às 2h00
Quase todos os textos publicados sobre a morte do brilhante físico britânico Stephen Hawking, na semana passada, destacaram a sua luta contra a esclerose lateral amiotrófica, uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo.
Os seus autores se concentraram no fato de Hawking ter vencido os prognósticos iniciais de que morreria em três anos para se transformar em um dos mais importantes cientistas contemporâneos.
Mas a imensa maioria desses textos omitiu uma outra informação de vital importância: Hawking só conseguiu sobreviver por tanto tempo graças à qualidade dos tratamentos que recebeu do serviço público de saúde do Reino Unido, o National Health Service (NHS).
O próprio Hawking admitiu isso, em vídeo gravado em agosto do ano passado. Na ocasião, ele começou dizendo que “não estaria aqui sem o NHS”. E foi direto ao ponto: “eu recebi tratamentos de alta qualidade do NHS e, sem eles, não teria sobrevivido como quis para contribuir com alguns avanços sobre o entendimento do universo”.
O melhor de tudo é que os mesmos tratamentos de saúde estão disponíveis para qualquer outra pessoa com doenças semelhantes no país. E gratuitamente.
O NHS é realmente um dos maiores motivos de orgulho do Reino Unido. Criado em 1948, logo depois da Segunda Guerra Mundial, o NHS parte do princípio de que tratamentos de saúde de qualidade devem estar disponíveis para todos, independentemente da condição social ou riqueza pessoal ou familiar.
O sistema é gratuito no ponto de entrega, as clínicas e hospitais, para todos os 64,6 milhões de cidadãos que vivem legalmente no Reino Unido. E praticamente todo mundo o usa. Tudo é financiado diretamente através dos impostos recolhidos pelo governo. Apenas alguns tratamentos dentários e oftalmológicos são cobrados dos usuários, ainda assim a preços subsidiados.
Claro, existem problemas. Há menos enfermeiras do que o necessário em alguns hospitais e, em alguns casos, filas de espera de meses para tratamentos considerados menos urgentes. Mas, mesmo assim, o sistema público de saúde britânico é de dar inveja à imensa maioria dos países do mundo.
O NHS, por exemplo, cobre todos os tipos de tratamento, de exames pré-natal até ajuda paliativa no final da vida –passando por todos os tipos de exames, cirurgias, transplantes e emergências.
O sistema está presente em praticamente todas as cidades do país e faz com que os caríssimos tratamentos privados sejam quase redundantes.
Planos de saúde existem no Reino Unido basicamente para uma pequena minoria de pessoas interessadas em evitar algumas filas mais longas para alguns tratamentos não emergenciais. Eles cobrem apenas parte dos tratamentos. As complicações e emergências acabam sendo resolvidas mesmo pelo NHS.
O sistema todo, claro, depende de grandes investimentos do governo. De qualquer forma, no Reino Unido existe uma visão majoritária de que as escolas e o sistema de saúde precisam continuar sendo públicos e democráticos. Tanto que nenhum governo, de nenhum partido, tentou acabar com o NHS desde sua criação.
O sistema público também se fortalece com a ajuda pública de pessoas importantes que se mobilizam para defendê-lo. Assim como fez Hawking. No fim de sua vida, ele se envolveu em duras discussões com o governo, exigindo ainda mais investimentos no NHS. Foi por isso que ele gravou o vídeo em defesa do serviço. Ele sabia, mais do que muita gente, a importância de um serviço público de saúde de qualidade para a sociedade.
Américo Martins
Jornalista escreve sobre a vida em Londres, onde mora pela terceira vez --num total de 15 anos.
Criado em 1948, NHS é motivo de orgulho para o Reino Unido e nenhum governo tentou acabá-lo
20.mar.2018 às 2h00
Quase todos os textos publicados sobre a morte do brilhante físico britânico Stephen Hawking, na semana passada, destacaram a sua luta contra a esclerose lateral amiotrófica, uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo.
Os seus autores se concentraram no fato de Hawking ter vencido os prognósticos iniciais de que morreria em três anos para se transformar em um dos mais importantes cientistas contemporâneos.
Mas a imensa maioria desses textos omitiu uma outra informação de vital importância: Hawking só conseguiu sobreviver por tanto tempo graças à qualidade dos tratamentos que recebeu do serviço público de saúde do Reino Unido, o National Health Service (NHS).
O próprio Hawking admitiu isso, em vídeo gravado em agosto do ano passado. Na ocasião, ele começou dizendo que “não estaria aqui sem o NHS”. E foi direto ao ponto: “eu recebi tratamentos de alta qualidade do NHS e, sem eles, não teria sobrevivido como quis para contribuir com alguns avanços sobre o entendimento do universo”.
O melhor de tudo é que os mesmos tratamentos de saúde estão disponíveis para qualquer outra pessoa com doenças semelhantes no país. E gratuitamente.
O NHS é realmente um dos maiores motivos de orgulho do Reino Unido. Criado em 1948, logo depois da Segunda Guerra Mundial, o NHS parte do princípio de que tratamentos de saúde de qualidade devem estar disponíveis para todos, independentemente da condição social ou riqueza pessoal ou familiar.
O sistema é gratuito no ponto de entrega, as clínicas e hospitais, para todos os 64,6 milhões de cidadãos que vivem legalmente no Reino Unido. E praticamente todo mundo o usa. Tudo é financiado diretamente através dos impostos recolhidos pelo governo. Apenas alguns tratamentos dentários e oftalmológicos são cobrados dos usuários, ainda assim a preços subsidiados.
Claro, existem problemas. Há menos enfermeiras do que o necessário em alguns hospitais e, em alguns casos, filas de espera de meses para tratamentos considerados menos urgentes. Mas, mesmo assim, o sistema público de saúde britânico é de dar inveja à imensa maioria dos países do mundo.
O NHS, por exemplo, cobre todos os tipos de tratamento, de exames pré-natal até ajuda paliativa no final da vida –passando por todos os tipos de exames, cirurgias, transplantes e emergências.
O sistema está presente em praticamente todas as cidades do país e faz com que os caríssimos tratamentos privados sejam quase redundantes.
Planos de saúde existem no Reino Unido basicamente para uma pequena minoria de pessoas interessadas em evitar algumas filas mais longas para alguns tratamentos não emergenciais. Eles cobrem apenas parte dos tratamentos. As complicações e emergências acabam sendo resolvidas mesmo pelo NHS.
O sistema todo, claro, depende de grandes investimentos do governo. De qualquer forma, no Reino Unido existe uma visão majoritária de que as escolas e o sistema de saúde precisam continuar sendo públicos e democráticos. Tanto que nenhum governo, de nenhum partido, tentou acabar com o NHS desde sua criação.
O sistema público também se fortalece com a ajuda pública de pessoas importantes que se mobilizam para defendê-lo. Assim como fez Hawking. No fim de sua vida, ele se envolveu em duras discussões com o governo, exigindo ainda mais investimentos no NHS. Foi por isso que ele gravou o vídeo em defesa do serviço. Ele sabia, mais do que muita gente, a importância de um serviço público de saúde de qualidade para a sociedade.
Américo Martins
Jornalista escreve sobre a vida em Londres, onde mora pela terceira vez --num total de 15 anos.
segunda-feira, 19 de março de 2018
Os sem bolas da bala
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/celso-rocha-de-barros/2018/03/os-sem-bolas-da-bala.shtml
Única intervenção que Bolsonaro e Alberto Fraga apoiam é a intervenção 'subir morro e matar pobre'
19.mar.2018 às 2h00
O novo não era apresentador de TV, não era jogador de vôlei, não eram os mercenários de internet do MBL, não era empresário, não era juiz ou procurador, não era seja lá o que for isso aí que o Doria é.
O novo não era apresentador de TV, não era jogador de vôlei, não eram os mercenários de internet do MBL, não era empresário, não era juiz ou procurador, não era seja lá o que for isso aí que o Doria é.
O novo era a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), e o novo os caras mataram.
Mataram na última quarta-feira, durante o jogo do Flamengo de Marielle. Ela teria ficado feliz com o golaço do garoto Vinícius Jr., mas foi executada covardemente enquanto ainda estava empatado.
Pelo profissionalismo da execução, pelo lote da munição, pelo histórico de militância de Marielle e, sobretudo, pelo indisfarçável e desesperado terror que o crime despertou nos deputados Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e Alberto Fraga (DEM-DF), podemos supor que os assassinos eram milicianos, membros da banda podre da polícia, ou algum cruzamento entre os dois grupos.
Afinal, quem matou Marielle foi gente bem ruim, gente bem armada, e essa turma aí ninguém na bancada da bala é homem de enfrentar.
Bolsonaro ficou mudo de medo. Seu filho Flavio chegou a postar uma homenagem a Marielle, mas teve que apagá-la: Bolsonaro não quer filho dele se comportando como homem na frente de todo mundo.
Alberto Fraga achou que o silêncio não seria submissão suficiente aos assassinos e preferiu postar boatos contra Marielle. Entre outras coisas, disse que ela seria ex-mulher do traficante Marcinho VP.
Os boatos já foram desmentidos, mas, vejam que curioso: ano passado, Fraga foi pego em uma gravação reclamando que a propina recebida por seu assessor seria maior do que a dele (o que o teria deixado “com cara de babaca”). O deputado nega as acusações (diz que era piada), mas, se fosse condenado, Alberto Fraga é que teria a chance de entrelaçar seu coração ao de Marcinho VP, preso há vários anos e talvez já sedento por um novo amor.
O que ficou claro, também, é que Bolsonaro e Fraga ficarão contra os interventores militares em tudo que for sério. A única intervenção que os sem bolas da bala apoiam é a intervenção “subir morro e matar pobre”. Se for mexer com corrupção policial, se for cutucar milícia, se for comprar briga com a turma que mais teria motivos para matar Marielle, é melhor o general Braga Neto ir buscar aliados no PSOL. E o assassinato pode ser muita coisa, mas tem todas as marcas de também ter sido um recado para os interventores.
Seja quais forem os motivos para a execução de Marielle, o que espanta é que os assassinos não esperaram os militares irem embora no fim do ano. Talvez estivessem desesperados por alguma revelação que a vereadora estivesse prestes a fazer ao público. Se não for isso, mataram agora para intimidar os militares. Foi uma demonstração de poder extremamente ousada, de gente que se sente muito confiante.
E os mesmos suspeitos de terem executado Marielle andam insatisfeitos com a intervenção: temem o afastamento de oficiais corruptos, temem a mudança na escala de trabalho dos policiais, temem, enfim, que dessa vez seja sério.
Marielle era contra a intervenção, os militares não são simpáticos ao “pessoal dos direitos humanos”, mas dessa vez eles foram parar do mesmo lado da briga. Do outro lado, o crime organizado, e o pessoal que ganha dinheiro com o crime dentro da polícia. Fugindo da briga, já perto da linha do horizonte, Jair Bolsonaro.
Celso Rocha de Barros
Doutor em sociologia pela Universidade de Oxford.
Doutor em sociologia pela Universidade de Oxford.
O lado obscuro do ‘milagre econômico’ da ditadura: o boom da desigualdade
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/29/economia/1506721812_344807.html
Mesmo com o forte crescimento e criação de empregos no período militar, os salários foram achatados e a distância entre ricos e pobres cresceu
BEATRIZ SANZ
HELOÍSA MENDONÇA
São Paulo 28 NOV 2017 - 19:05 BRST
Mesmo com o forte crescimento e criação de empregos no período militar, os salários foram achatados e a distância entre ricos e pobres cresceu
BEATRIZ SANZ
HELOÍSA MENDONÇA
São Paulo 28 NOV 2017 - 19:05 BRST
Mesmo morta, seguem atirando sobre o seu corpo
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2018/03/mesmo-morta-seguem-atirando-sobre-o-seu-corpo.shtml
Estão tentando despolitizar a morte de Marielle; não bastasse matá-la, agora tentam diluí-la
19.mar.2018 às 2h00
Estão tentando politizar a morte de Marielle, diz o deputado, a desembargadora e os abutres de plantão. Marielle morreu como morrem todos e todas, dirão. Podia ser meu filho, podia ser o seu. Estão fazendo palanque em cima de um caixão.
A violência assola o país inteiro e nos iguala a todos, disseram, e é por isso, pra evitar a morte de mais Marielles, que precisamos de mais intervenção, chegaram a dizer.
Procuraram fotos dela com bandidos, porque afinal quem anda com bandido merece morrer. Não acharam nenhuma foto dela com bandidos, mas encontraram uma foto de uma mulher negra no colo de um homem, e disseram que era Marielle no colo de Marcinho VP.
E a classe média, indignada com aquela morte absurda, até então sem explicação, respirou aliviada: ah, ela era mulher do Marcinho VP, ufa, tá explicado. A mulher da foto sequer se parece com ela, assim como o homem sequer se parece o Marcinho VP. Mas a mulher é negra, se não é ela, é sua prima. Muita gente aceitou.
A postagem do MBL tem mais de 30 mil compartilhamentos em um dia --e não para de crescer. Multiplicam-se áudios vazados no WhatsApp --alguns supostamente da própria Marielle. "Isso é coisa do Comando Vermelho", diz um suposto expert, explicando-se em seguida: "os bandidos usavam chinelo". Elementar, meu caro WhatsApp.
Estão tentando despolitizar a morte de Marielle. Não bastasse matá-la, agora tentam diluí-la. Despolitizar Marielle equivale a matá-la outra vez, e de uma maneira igualmente cruel. Todos aqueles que responsabilizam, mesmo que indiretamente, Marielle pela sua execução têm as mãos sujas de sangue.
Toda execução de um político é um ato político: junto com o representante, querem matar tudo aquilo que ele representa. Marielle passou a vida lutando contra o feminicídio, a guerra às drogas, a desigualdade, e sobretudo o genocídio da população preta e pobre. Não tratar a morte de Marielle como parte desse genocídio é desrespeitá-la.
Pedir mais intervenção militar usando seu nome é ultrajá-la. Sua morte não antecede a intervenção. Sua morte é consequência da intervenção, logo não pode ser sua causa. Não podemos deixar Marielle morrer duas vezes.
Mataram pra silenciar seu grito. Não funcionou. Sua voz ganhou o país inteiro. Foram buscar munição pesada. Não sossegam. Mesmo morta, continuam atirando sobre o seu corpo.
Gregorio Duvivier
É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.
Estão tentando despolitizar a morte de Marielle; não bastasse matá-la, agora tentam diluí-la
19.mar.2018 às 2h00
Estão tentando politizar a morte de Marielle, diz o deputado, a desembargadora e os abutres de plantão. Marielle morreu como morrem todos e todas, dirão. Podia ser meu filho, podia ser o seu. Estão fazendo palanque em cima de um caixão.
A violência assola o país inteiro e nos iguala a todos, disseram, e é por isso, pra evitar a morte de mais Marielles, que precisamos de mais intervenção, chegaram a dizer.
Procuraram fotos dela com bandidos, porque afinal quem anda com bandido merece morrer. Não acharam nenhuma foto dela com bandidos, mas encontraram uma foto de uma mulher negra no colo de um homem, e disseram que era Marielle no colo de Marcinho VP.
E a classe média, indignada com aquela morte absurda, até então sem explicação, respirou aliviada: ah, ela era mulher do Marcinho VP, ufa, tá explicado. A mulher da foto sequer se parece com ela, assim como o homem sequer se parece o Marcinho VP. Mas a mulher é negra, se não é ela, é sua prima. Muita gente aceitou.
A postagem do MBL tem mais de 30 mil compartilhamentos em um dia --e não para de crescer. Multiplicam-se áudios vazados no WhatsApp --alguns supostamente da própria Marielle. "Isso é coisa do Comando Vermelho", diz um suposto expert, explicando-se em seguida: "os bandidos usavam chinelo". Elementar, meu caro WhatsApp.
Estão tentando despolitizar a morte de Marielle. Não bastasse matá-la, agora tentam diluí-la. Despolitizar Marielle equivale a matá-la outra vez, e de uma maneira igualmente cruel. Todos aqueles que responsabilizam, mesmo que indiretamente, Marielle pela sua execução têm as mãos sujas de sangue.
Toda execução de um político é um ato político: junto com o representante, querem matar tudo aquilo que ele representa. Marielle passou a vida lutando contra o feminicídio, a guerra às drogas, a desigualdade, e sobretudo o genocídio da população preta e pobre. Não tratar a morte de Marielle como parte desse genocídio é desrespeitá-la.
Pedir mais intervenção militar usando seu nome é ultrajá-la. Sua morte não antecede a intervenção. Sua morte é consequência da intervenção, logo não pode ser sua causa. Não podemos deixar Marielle morrer duas vezes.
Mataram pra silenciar seu grito. Não funcionou. Sua voz ganhou o país inteiro. Foram buscar munição pesada. Não sossegam. Mesmo morta, continuam atirando sobre o seu corpo.
Gregorio Duvivier
É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.
'Esmagadora', vitória reforça 'mão' de Putin
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2018/03/esmagadora-vitoria-reforca-mao-de-putin.shtml
WSJ vê confronto crescente com Ocidente; na China, Xi também dá 'show de autoridade'
19.mar.2018 às 2h00
Nelson de Sá
SÃO PAULO
Na manchete do principal jornal russo, Kommersant, Putin foi agradecer sua votação ao público de um show em comemoração aos quatro anos da anexação da Crimeia —condenada no Ocidente.
Nos EUA, sem destacar, o New York Times reconheceu que, com “aprovação retumbante”, ele recebeu um “mandato amplo”. O Wall Street Journal ressaltou o dia todo que “venceu a reeleição com ampla margem, reforçando sua mão em meio a confronto crescente com o Ocidente”.
Na Europa, o londrino Financial Times deu enunciado dizendo que foi “vitória esmagadora” (landslide). Na França, tanto Le Monde como Le Figaro manchetaram o resultado “amplo”. Na Alemanha, a “vitória clara” foi o destaque de Frankfurter Algemeine e Süddeutsche.
Este último ressaltou que, para recuperar a economia, ele precisará conversar com a União Europeia, porque “a China não se mostrou um parceiro alternativo auspicioso”. Em entrevista coletiva, porém, Putin reafirmou a China como “parceiro estratégico”, com “projetos compatíveis”.
Declarou também, resultando na manchete do financeiro russo RBC, que não planeja mudar a Constituição, “no momento”. Pela Carta, ele fica no poder até 2024.
XI TAMBÉM
Na manchete impressa do Sunday Morning Post, de Hong Kong, “Xi inicia segundo mandato com show de autoridade”. O jornal de Jack Ma, dono do Alibaba, enfatiza que o presidente e seu vice, “aliado próximo”, não têm mais “limites para o tempo em que ficarão nos cargos”.
O Global Times, edição em inglês de tabloide ligado ao PC chinês, ressaltou que no sábado “Xi também foi eleito por unanimidade presidente da Comissão Militar” —e foi congratulado pelos presidentes dos vizinhos comunistas Coreia do Norte, Vietnã e Laos, mais o Paquistão.
G20 E AS TARIFAS
O WSJ adiantou, sobre o encontro de ministros de finanças do G20 em Buenos Aires, que “a atenção se voltou para as tarifas dos EUA” e “grande parte do mundo vai tentar pressionar” —a começar do Brasil, cujo Ministério da Fazenda confirmou estar “muito preocupado”.
Já a Argentina de Mauricio Macri negocia diretamente com Donald Trump e, segundo o WSJ, não quer o assunto na pauta.
COLHEITA
A partir de revelações de um ex-funcionário (acima) da Cambridge Analytica, Observer, NYT e Channel 4 mostraram que 50 milhões de perfis do Facebook foram "colhidos" e ajudaram depois a eleger Trump. Já se fala em chamar Mark Zuckerberg para depor.
Nelson de Sá
Na coluna Toda Mídia, jornalista aborda mídia internacional.
WSJ vê confronto crescente com Ocidente; na China, Xi também dá 'show de autoridade'
19.mar.2018 às 2h00
Nelson de Sá
SÃO PAULO
Na manchete do principal jornal russo, Kommersant, Putin foi agradecer sua votação ao público de um show em comemoração aos quatro anos da anexação da Crimeia —condenada no Ocidente.
Nos EUA, sem destacar, o New York Times reconheceu que, com “aprovação retumbante”, ele recebeu um “mandato amplo”. O Wall Street Journal ressaltou o dia todo que “venceu a reeleição com ampla margem, reforçando sua mão em meio a confronto crescente com o Ocidente”.
Na Europa, o londrino Financial Times deu enunciado dizendo que foi “vitória esmagadora” (landslide). Na França, tanto Le Monde como Le Figaro manchetaram o resultado “amplo”. Na Alemanha, a “vitória clara” foi o destaque de Frankfurter Algemeine e Süddeutsche.
Este último ressaltou que, para recuperar a economia, ele precisará conversar com a União Europeia, porque “a China não se mostrou um parceiro alternativo auspicioso”. Em entrevista coletiva, porém, Putin reafirmou a China como “parceiro estratégico”, com “projetos compatíveis”.
Declarou também, resultando na manchete do financeiro russo RBC, que não planeja mudar a Constituição, “no momento”. Pela Carta, ele fica no poder até 2024.
XI TAMBÉM
Na manchete impressa do Sunday Morning Post, de Hong Kong, “Xi inicia segundo mandato com show de autoridade”. O jornal de Jack Ma, dono do Alibaba, enfatiza que o presidente e seu vice, “aliado próximo”, não têm mais “limites para o tempo em que ficarão nos cargos”.
O Global Times, edição em inglês de tabloide ligado ao PC chinês, ressaltou que no sábado “Xi também foi eleito por unanimidade presidente da Comissão Militar” —e foi congratulado pelos presidentes dos vizinhos comunistas Coreia do Norte, Vietnã e Laos, mais o Paquistão.
G20 E AS TARIFAS
O WSJ adiantou, sobre o encontro de ministros de finanças do G20 em Buenos Aires, que “a atenção se voltou para as tarifas dos EUA” e “grande parte do mundo vai tentar pressionar” —a começar do Brasil, cujo Ministério da Fazenda confirmou estar “muito preocupado”.
Já a Argentina de Mauricio Macri negocia diretamente com Donald Trump e, segundo o WSJ, não quer o assunto na pauta.
COLHEITA
A partir de revelações de um ex-funcionário (acima) da Cambridge Analytica, Observer, NYT e Channel 4 mostraram que 50 milhões de perfis do Facebook foram "colhidos" e ajudaram depois a eleger Trump. Já se fala em chamar Mark Zuckerberg para depor.
Nelson de Sá
Na coluna Toda Mídia, jornalista aborda mídia internacional.
Balões de R$ 23 mi comprados para a Rio-16 estão sem uso
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2018/03/baloes-de-r-23-mi-comprados-para-a-rio-16-estao-sem-uso.shtml
Equipamentos faziam parte do legado de segurança pública, mas acabaram abandonados
19.mar.2018 às 2h00
Diego Garcia
SÃO PAULO
Adquiridos para auxiliarem na segurança durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, quatro balões que custaram R$ 23,2 milhões aos cofres públicos estão hoje abandonados. A informação foi confirmada pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União.
Os balões foram utilizados ao longo da Rio-2016 e entraram no chamado legado da segurança pública gerado pelos Jogos. Cada balão custou cerca de R$ 5 milhões. Com o treinamento de policiais e guardas municipais foram gastos R$ 3 milhões.
Os balões são capazes de atingir 200 metros de altura e realizar filmagens ininterruptas por até 72 horas, com câmeras de alta definição.
Também foram gastos R$ 1,6 milhão para a compra de dez viaturas novas para a Guarda Municipal, R$ 11,9 milhões em sistemas de 215 câmeras de segurança, R$ 1,7 milhão em equipamentos antibomba e R$ 4,9 milhões em 42 motocicletas para policiais.
Somado, esse valor é menor do que o gasto com os balões.
Após os Jogos, três deles foram doados à Polícia Militar do Rio de Janeiro. O outro foi endereçado à Guarda Municipal do Rio. Nenhum teve o aproveitamento esperado. Em julho de 2017, o ministério concluiu que eles estavam sem uso pelos órgãos.
Em 16 de agosto do ano passado, a controladoria recomendou que os balões fossem revertidos à União para evitar prejuízos, "tendo em vista o atual estado de abandono de tais equipamentos".
Na terça-feira (13), a CGU informou à Folha que os órgãos de segurança pública abriram processos administrativos de reversão de doação dos equipamentos.
Segundo a auditoria, os gestores municipais alegaram elevado custo de manutenção dos balões, além da logística para montagem da operação, exigência de constante atualização de treinamento e poucos resultados.
Para o balão subir, são usados 80 metros cúbicos de gás hélio, que custariam cerca de R$ 40 mil, segundo relatório do Comando de Operações Especiais. Isso faria o equipamento voar por 72 horas.
Em 22 de dezembro de 2016, a Guarda Municipal carioca já havia informado que não tinha interesse em contar com os balões e manifestou a intenção de doação do dispositivo a outro órgão.
A PM atribuiu a inoperância a fatores como ausência de visão noturna nas câmeras, não permissão para acompanhamento de alvos móveis e o fato de o equipamento só poder voar até 100 metros sem autorização da Força Aérea.
Outras recomendações do órgão, como a realização de reparos para evitar a deterioração dos equipamentos e a apuração de eventuais interessados em contar com eles, ainda não foram seguidas.
Governo diz que há interessados nos equipamentos
Procurado pela Folha, o Ministério Extraordinário da Segurança Pública confirmou a informação de que foram abertos processos administrativos de reversão de doação dos balões pela Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro e pela Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.
Após as consultas, a informação é que o balão em posse da Guarda Municipal será, agora, doado a algum dos órgãos de segurança sediados no Distrito Federal que demonstraram interesse na utilização do bem.
Ainda não há definição sobre os três equipamentos em posse da Polícia Militar.
A respeito do pedido do Ministério da Transparência para que fossem feitos reparos nos equipamentos, a pasta informou que o Departamento da Força Nacional analisa o interesse em receber os balões, bem como o custo envolvido para reparos, manutenção e treinamento de novos operadores.
O Ministério da Segurança Pública apontou também que recebeu interessados de entidades públicas estaduais e federais para a aquisição dos balões. Agora, segundo a pasta, a Secretaria Nacional de Segurança Pública está aguardando uma definição da PM para que seja providenciado o fretamento.
Equipamentos faziam parte do legado de segurança pública, mas acabaram abandonados
19.mar.2018 às 2h00
Diego Garcia
SÃO PAULO
Adquiridos para auxiliarem na segurança durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, quatro balões que custaram R$ 23,2 milhões aos cofres públicos estão hoje abandonados. A informação foi confirmada pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União.
Os balões foram utilizados ao longo da Rio-2016 e entraram no chamado legado da segurança pública gerado pelos Jogos. Cada balão custou cerca de R$ 5 milhões. Com o treinamento de policiais e guardas municipais foram gastos R$ 3 milhões.
Os balões são capazes de atingir 200 metros de altura e realizar filmagens ininterruptas por até 72 horas, com câmeras de alta definição.
Também foram gastos R$ 1,6 milhão para a compra de dez viaturas novas para a Guarda Municipal, R$ 11,9 milhões em sistemas de 215 câmeras de segurança, R$ 1,7 milhão em equipamentos antibomba e R$ 4,9 milhões em 42 motocicletas para policiais.
Somado, esse valor é menor do que o gasto com os balões.
Após os Jogos, três deles foram doados à Polícia Militar do Rio de Janeiro. O outro foi endereçado à Guarda Municipal do Rio. Nenhum teve o aproveitamento esperado. Em julho de 2017, o ministério concluiu que eles estavam sem uso pelos órgãos.
Em 16 de agosto do ano passado, a controladoria recomendou que os balões fossem revertidos à União para evitar prejuízos, "tendo em vista o atual estado de abandono de tais equipamentos".
Na terça-feira (13), a CGU informou à Folha que os órgãos de segurança pública abriram processos administrativos de reversão de doação dos equipamentos.
Segundo a auditoria, os gestores municipais alegaram elevado custo de manutenção dos balões, além da logística para montagem da operação, exigência de constante atualização de treinamento e poucos resultados.
Para o balão subir, são usados 80 metros cúbicos de gás hélio, que custariam cerca de R$ 40 mil, segundo relatório do Comando de Operações Especiais. Isso faria o equipamento voar por 72 horas.
Em 22 de dezembro de 2016, a Guarda Municipal carioca já havia informado que não tinha interesse em contar com os balões e manifestou a intenção de doação do dispositivo a outro órgão.
A PM atribuiu a inoperância a fatores como ausência de visão noturna nas câmeras, não permissão para acompanhamento de alvos móveis e o fato de o equipamento só poder voar até 100 metros sem autorização da Força Aérea.
Outras recomendações do órgão, como a realização de reparos para evitar a deterioração dos equipamentos e a apuração de eventuais interessados em contar com eles, ainda não foram seguidas.
Governo diz que há interessados nos equipamentos
Procurado pela Folha, o Ministério Extraordinário da Segurança Pública confirmou a informação de que foram abertos processos administrativos de reversão de doação dos balões pela Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro e pela Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.
Após as consultas, a informação é que o balão em posse da Guarda Municipal será, agora, doado a algum dos órgãos de segurança sediados no Distrito Federal que demonstraram interesse na utilização do bem.
Ainda não há definição sobre os três equipamentos em posse da Polícia Militar.
A respeito do pedido do Ministério da Transparência para que fossem feitos reparos nos equipamentos, a pasta informou que o Departamento da Força Nacional analisa o interesse em receber os balões, bem como o custo envolvido para reparos, manutenção e treinamento de novos operadores.
O Ministério da Segurança Pública apontou também que recebeu interessados de entidades públicas estaduais e federais para a aquisição dos balões. Agora, segundo a pasta, a Secretaria Nacional de Segurança Pública está aguardando uma definição da PM para que seja providenciado o fretamento.
Terminal no Ceará pode ser comprado por Roterdã
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/03/terminal-no-ceara-pode-ser-comprado-por-roterda.shtml
Parte da expansão da companhia que administra o porto holandês deverá ocorrer no Brasil
19.mar.2018 às 2h00
Taís Hirata
ROTERDÃ
Percorrer de carro a estrada que corta o porto de Roterdã é praticamente uma viagem para os padrões holandeses. São 37 quilômetros desde o ponto em que os primeiros galpões e gruas começam a surgir na paisagem até o fim da via.
A distância --menos da metade da rota entre Haia e a capital Amsterdã -- dá uma dimensão da grandeza do maior porto da Europa, desbancado como maior do mundo em 2004, pela China.
Outro termômetro é sua movimentação: por ano, são 467,4 milhões de toneladas movimentadas. No porto de Santos, o maior do Brasil, foram 130 milhões em 2017.
Os limites do porto de Roterdã, porém, vão além dos Países Baixos e, neste ano, parte da expansão da companhia que administra o empreendimento holandês deverá ocorrer no Brasil.
O porto acaba de obter a licença ambiental e de instalação para a construção do Porto Central, no Espírito Santo. A entrada no empreendimento se deu em 2014, com a formação de uma joint venture com a brasileira TPK Logística (controlada pela Polimix).
Localizado em frente a bacias de exploração do pré-sal, o porto tem como prioridade o setor de petróleo, ao menos nessa primeira fase de construção, que deverá se iniciar em breve.
"É o que tem a demanda mais urgente. O Brasil tem um déficit de armazenamento, então será uma solução logística para as empresas", diz Duna Uribe, gerente de projetos internacionais do porto.
Agora, o momento é de firmar contratos comerciais com os clientes para definir o investimento --que havia sido estimado em R$ 3 bilhões para a primeira etapa.
Além do Porto Central, a empresa poderá fechar uma aquisição no Ceará, no porto de Pecém, um terminal de uso privado do governo estadual, já em operação.
"Começamos fazendo uma consultoria, em 2015, e durante o processo surgiu o interesse. Agora, estamos investigando a viabilidade de adquirir uma participação. Isso vai ser definido neste ano", afirma Uribe, que é cearense.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Se no Brasil o foco é petróleo, na Europa a preocupação é encontrar soluções para depender menos de combustíveis fósseis e não perder relevância com a transição energética que grande parte dos países europeus tem vivido.
Hoje, cerca de 50% da carga movimentada em Roterdã é de petróleo e seus derivados --naquela mesma estrada que atravessa o porto, Uribe aponta a todo momento refinarias e tanques de gás natural.
Nos últimos anos, a demanda não caiu, mas se estabilizou. "As empresas deixaram de fazer novos investimentos nessa área", afirma a executiva.
"A tendência é de descarbonização na Europa. Precisamos de um plano para sobreviver. Vai melhorar o que existe para poluir menos? Vai atrair outros mercados, de biocombustíveis? Tem muitos projetos em andamento."
Parte da expansão da companhia que administra o porto holandês deverá ocorrer no Brasil
19.mar.2018 às 2h00
Taís Hirata
ROTERDÃ
Percorrer de carro a estrada que corta o porto de Roterdã é praticamente uma viagem para os padrões holandeses. São 37 quilômetros desde o ponto em que os primeiros galpões e gruas começam a surgir na paisagem até o fim da via.
A distância --menos da metade da rota entre Haia e a capital Amsterdã -- dá uma dimensão da grandeza do maior porto da Europa, desbancado como maior do mundo em 2004, pela China.
Outro termômetro é sua movimentação: por ano, são 467,4 milhões de toneladas movimentadas. No porto de Santos, o maior do Brasil, foram 130 milhões em 2017.
Os limites do porto de Roterdã, porém, vão além dos Países Baixos e, neste ano, parte da expansão da companhia que administra o empreendimento holandês deverá ocorrer no Brasil.
O porto acaba de obter a licença ambiental e de instalação para a construção do Porto Central, no Espírito Santo. A entrada no empreendimento se deu em 2014, com a formação de uma joint venture com a brasileira TPK Logística (controlada pela Polimix).
Localizado em frente a bacias de exploração do pré-sal, o porto tem como prioridade o setor de petróleo, ao menos nessa primeira fase de construção, que deverá se iniciar em breve.
"É o que tem a demanda mais urgente. O Brasil tem um déficit de armazenamento, então será uma solução logística para as empresas", diz Duna Uribe, gerente de projetos internacionais do porto.
Agora, o momento é de firmar contratos comerciais com os clientes para definir o investimento --que havia sido estimado em R$ 3 bilhões para a primeira etapa.
Além do Porto Central, a empresa poderá fechar uma aquisição no Ceará, no porto de Pecém, um terminal de uso privado do governo estadual, já em operação.
"Começamos fazendo uma consultoria, em 2015, e durante o processo surgiu o interesse. Agora, estamos investigando a viabilidade de adquirir uma participação. Isso vai ser definido neste ano", afirma Uribe, que é cearense.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Se no Brasil o foco é petróleo, na Europa a preocupação é encontrar soluções para depender menos de combustíveis fósseis e não perder relevância com a transição energética que grande parte dos países europeus tem vivido.
Hoje, cerca de 50% da carga movimentada em Roterdã é de petróleo e seus derivados --naquela mesma estrada que atravessa o porto, Uribe aponta a todo momento refinarias e tanques de gás natural.
Nos últimos anos, a demanda não caiu, mas se estabilizou. "As empresas deixaram de fazer novos investimentos nessa área", afirma a executiva.
"A tendência é de descarbonização na Europa. Precisamos de um plano para sobreviver. Vai melhorar o que existe para poluir menos? Vai atrair outros mercados, de biocombustíveis? Tem muitos projetos em andamento."
Chinesa investe em porto no Maranhão e estuda ferrovias
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/03/chinesa-investe-em-porto-no-maranhao-e-estuda-ferrovias.shtml
CCCC está interessada nos editais de ferrovias previstos para este ano
19.mar.2018 às 2h00
Anaïs Fernandes
SÃO LUÍS
A CCCC (China Communications Construction Company), maior empresa chinesa de infraestrutura, olha com atenção a todos os projetos de concessão de ferrovias no Brasil, afirmou o presidente da companhia para a América do Sul, Chang Yunbo.
Ele veio ao país para o lançamento, na semana passada, da pedra fundamental do Porto São Luís, novo terminal privado multicargas da capital maranhense do qual a estatal chinesa detém 51%.
Interessam à CCCC os editais de ferrovias previstos para este ano, como o da Ferrogrão (MT/PA) e o da Norte-Sul (Porto Nacional-TO a Estrela D'Oeste-SP). A companhia avalia também uma participação na Malha Sul, da Rumo Logística.
"Temos um porto no norte, agora estamos vendo um no sul. Uma vez que haja conexão por ferrovia, é uma logística estratégica", disse, sem revelar mais detalhes.
O executivo diz que a China vê oportunidades em momentos de crise, justificando o interesse, apesar das incertezas econômicas, pelo Brasil. A primeira aquisição da CCCC no país foi a de 80% da construtora Concremat, por R$ 350 milhões, em 2017.
"Ferrovias de grande porte são investimentos de tamanho chinês, como se diz no mercado, porque é um setor que requer um volume de capital ao qual os chineses estão mais adequados", diz Marcos Ganut, diretor da área de infraestrutura da consultoria Alvarez & Marsal.
Com investimentos em portos e ferrovias a China busca não apenas diversificar sua atuação no Brasil --eles já têm presença marcante no setor de energia --, mas garantir a segurança alimentar de uma nação que tem 1,3 bilhão de habitantes.
O Brasil é um parceiro importante: em 2017, quase 79% das exportações nacionais de soja, por exemplo, foram para a China, segundo dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).
"O chinês tem uma questão de planejamento de longo prazo. O tema do fornecimento de alimento e commodities em geral vem sendo tratado com bastante carinho pela China, e nesse contexto o investimento em logística é estratégico", diz Ganut.
Para Yunbo, comprar de outros países não significa que há insegurança, mas diz que a maior função do porto será o transporte de grãos.
CONCORRÊNCIA
O porto de São Luís tem potencial para quase dobrar a movimentação do porto público vizinho do Itaqui, que movimentou 19,1 milhões de toneladas em 2017.
Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não há risco de o novo porto privado abafar o já existente. "Há uma complementação entre os portos. Vamos ter mais um, dois, três e isso é bom para o Maranhão", diz.
Após a primeira fase de obras, orçada em R$ 800 milhões e que deve ser concluída em quatro anos, a capacidade do TUP (Terminal de Uso Privado) será de 15 milhões de toneladas --sendo 7 milhões delas para grãos.
O investimento total do novo porto é estimado em cerca de R$ 2 bilhões.
Junto à CCCC, também têm participação no negócio as brasileiras WPR (24%) e a Lyon Capital, de private equity (20%), além de acionistas minoritários.
A jornalista viajou a convite da Lyon Capital
CCCC está interessada nos editais de ferrovias previstos para este ano
19.mar.2018 às 2h00
Anaïs Fernandes
SÃO LUÍS
A CCCC (China Communications Construction Company), maior empresa chinesa de infraestrutura, olha com atenção a todos os projetos de concessão de ferrovias no Brasil, afirmou o presidente da companhia para a América do Sul, Chang Yunbo.
Ele veio ao país para o lançamento, na semana passada, da pedra fundamental do Porto São Luís, novo terminal privado multicargas da capital maranhense do qual a estatal chinesa detém 51%.
Interessam à CCCC os editais de ferrovias previstos para este ano, como o da Ferrogrão (MT/PA) e o da Norte-Sul (Porto Nacional-TO a Estrela D'Oeste-SP). A companhia avalia também uma participação na Malha Sul, da Rumo Logística.
"Temos um porto no norte, agora estamos vendo um no sul. Uma vez que haja conexão por ferrovia, é uma logística estratégica", disse, sem revelar mais detalhes.
O executivo diz que a China vê oportunidades em momentos de crise, justificando o interesse, apesar das incertezas econômicas, pelo Brasil. A primeira aquisição da CCCC no país foi a de 80% da construtora Concremat, por R$ 350 milhões, em 2017.
"Ferrovias de grande porte são investimentos de tamanho chinês, como se diz no mercado, porque é um setor que requer um volume de capital ao qual os chineses estão mais adequados", diz Marcos Ganut, diretor da área de infraestrutura da consultoria Alvarez & Marsal.
Com investimentos em portos e ferrovias a China busca não apenas diversificar sua atuação no Brasil --eles já têm presença marcante no setor de energia --, mas garantir a segurança alimentar de uma nação que tem 1,3 bilhão de habitantes.
O Brasil é um parceiro importante: em 2017, quase 79% das exportações nacionais de soja, por exemplo, foram para a China, segundo dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).
"O chinês tem uma questão de planejamento de longo prazo. O tema do fornecimento de alimento e commodities em geral vem sendo tratado com bastante carinho pela China, e nesse contexto o investimento em logística é estratégico", diz Ganut.
Para Yunbo, comprar de outros países não significa que há insegurança, mas diz que a maior função do porto será o transporte de grãos.
CONCORRÊNCIA
O porto de São Luís tem potencial para quase dobrar a movimentação do porto público vizinho do Itaqui, que movimentou 19,1 milhões de toneladas em 2017.
Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não há risco de o novo porto privado abafar o já existente. "Há uma complementação entre os portos. Vamos ter mais um, dois, três e isso é bom para o Maranhão", diz.
Após a primeira fase de obras, orçada em R$ 800 milhões e que deve ser concluída em quatro anos, a capacidade do TUP (Terminal de Uso Privado) será de 15 milhões de toneladas --sendo 7 milhões delas para grãos.
O investimento total do novo porto é estimado em cerca de R$ 2 bilhões.
Junto à CCCC, também têm participação no negócio as brasileiras WPR (24%) e a Lyon Capital, de private equity (20%), além de acionistas minoritários.
A jornalista viajou a convite da Lyon Capital
Mortes Tradicionais Brasileiras
Vereadora Marielle Franco é morta no Estácio
Parlamentar havia acabado de voltar de evento na Lapa quando criminosos encostaram em carro guiado por motorista e fizeram os disparos. No domingo, ela denunciou ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari
Por RAFAEL NASCIMENTO
Publicado às 22h10 de 14/03/2018 - Atualizado às 13h50 de 15/03/2018
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2018/03/5522424-vereadora-marielle-franco-e-morta-no-estacio.html#foto=1
Delegado que abriu inquérito sobre acidente de Teori Zavascki é morto em Florianópolis
Agente foi baleado junto com um colega durante briga com empresário
POR RODRIGO BERTOLUCCI E JULIA COPLE 31/05/2017 10:47 / atualizado 31/05/2017 15:17
Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/delegado-que-abriu-inquerito-sobre-acidente-de-teori-zavascki-morto-em-florianopolis-21416932#ixzz5ACKIIInY
stest
Morte suspeita de detetive que acusou Aécio Neves alerta movimentos sociais
Publicado por CdBem: 27/03/2016
Na manhã de sábado, Lucas Arcanjo foi encontrado morto em sua própria casa. Família reafirmou, neste domingo, não acreditar na hipótese de suicídio
O detetive Lucas Gomes Arcanjo, afastado do serviço por licença médica, foi encontrado morto na janela de seu quarto com uma gravata enrolada no pescoço. Conhecido por fazer denúncias que associavam o senador Aécio Neves (PSDB) à lavagem de dinheiro e ao narcotráfico, o policial já havia sofrido quatro atentados, como supostas formas de retaliação. Um deles o deixou com uma seqüela na perna que o obrigou a andar com ajuda de bengala. A família não acredita em suicídio.
https://www.correiodobrasil.com.br/morte-suspeita-de-detetive-que-acusou-aecio-neves-alerta-movimentos-sociais/
Brasil lidera ranking de ativistas ambientais assassinados em 2016
País registrou 25% de um total de 200 mortes registradas em todo o mundo no ano passado.
Por France Presse
13/07/2017 15h14 Atualizado 13/07/2017 15h17
https://g1.globo.com/natureza/noticia/brasil-lidera-ranking-de-ativistas-ambientais-assassinados-em-2016.ghtml
Assassinato de freira defensora da Amazônia Dorothy Stang completa 10 anos
InfoAmazonia 13/02/2015 03:46
por Stefano Wrobleski... - Veja mais em https://infoamazonia.blogosfera.uol.com.br/2015/02/13/assassinato-de-freira-defensora-da-amazonia-dorothy-stang-completa-10-anos/?cmpid=copiaecola
Diretor do PSOL é assassinado a tiros dentro do próprio bar no Pará
Maurício André Souto da Silva levou cinco tiros na cabeça. Partido suspeita de crime de encomenda
Agência Estado
17/01/2013 - 19H33 (ATUALIZADO EM 17/01/2013 - 19H31)
https://noticias.r7.com/cidades/diretor-do-psol-e-assassinado-a-tiros-dentro-do-proprio-bar-no-para-17012013
Quilombola no Maranhão é assassinado com quatro tiros
Por Jeferson Choma, da redação - 12/04/2017
https://www.pstu.org.br/urgente-quilombola-no-maranhao-e-assassinado-com-quatro-tiros/
E para quem ainda acha que está tudo bem:
Paulo Sérgio Almeida Nascimento 13/03/2018 – líder comunitário no Pará – Assassinado
Márcio Oliveira Matos, 26/01/2018 – líder do MST na Bahia – Assassinado
Leandro Altenir Ribeiro Ribas, 19/01/2018 – Líder Comunitário no RS – Assassinado
Jefferson Marcelo, 04/01/2018, Líder comunitário no RJ – assassinado
Carlos Antonio dos Santos (carlão), 08/02/2018 – líder movimento agrário Mato Grosso – Assassinado
José Raimundo da Mota de Souza Júnior 13/07/2017 – líder quilombola/MST bahia – Assassinado
Eraldo Lima Costa e Silva, 20/06/2017 – líder MST Recife – Assassinado
George de Andrade Lima Rodrigues, 23/02/2018 – líder comunitário Recife – Assassinado
Luís César Santiago da Silva (“cabeça do povo”), 15/04/2017 – líder sindical Ceará – Assassinado
José Bernardo da Silva, 27/04/2016 – líder do MST Pernambuco – Assassinado
Paulo Sérgio Santos, 08/07/2014 – líder quilombola na Bahia – Assassinado
Rosenildo Pereira de Almeida (Negão), 08/07/2017 – líder comunitário/MST – Assassinato
Jair Cleber dos Santos, 24/09/2017 – líder movimento agrário Pará – Assassinado
Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, 01/09/2015 – líder indígena Mato Grosso – Assassinado.
Fabio Gabriel Pacifico dos Santos (binho dos palmares), 19/09/2017 – líder quilombola Bahia – Assassinado
Valdenir Juventino Izidoro, (lobo), 04/06/2017 – líder camponês Rondônia – Assassinado
Almir Silva dos Santos, 08/07/2016 – líder comunitário no Maranhão – Assassinado
José Conceição Pereira, 14/04/2016 – Líder comunitário Maranhão – Assassinado
Waldomiro costa Pereira, 20/03/2017 – Líder MST Pará – Assassinado
Valdemir Resplandes, 09/01/2018 – líder MST Pará – Assassinado
Clodoaldo dos Santos, 15/12/2017 – líder sindicalista sindipetro RJ – Assassinado
João Natalício Xukuru-Kariri, 19/10/2016 – líder indígena Alagoas – Assassinado
Edmilson Alves da Silva, 16/02/2016 – Líder comunitário alagoas - Assassinado
Agora foi a vereadora Marielle Franco Rio de Janeiro. Assassinada.
Parlamentar havia acabado de voltar de evento na Lapa quando criminosos encostaram em carro guiado por motorista e fizeram os disparos. No domingo, ela denunciou ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari
Por RAFAEL NASCIMENTO
Publicado às 22h10 de 14/03/2018 - Atualizado às 13h50 de 15/03/2018
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2018/03/5522424-vereadora-marielle-franco-e-morta-no-estacio.html#foto=1
Delegado que abriu inquérito sobre acidente de Teori Zavascki é morto em Florianópolis
Agente foi baleado junto com um colega durante briga com empresário
POR RODRIGO BERTOLUCCI E JULIA COPLE 31/05/2017 10:47 / atualizado 31/05/2017 15:17
Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/delegado-que-abriu-inquerito-sobre-acidente-de-teori-zavascki-morto-em-florianopolis-21416932#ixzz5ACKIIInY
stest
Morte suspeita de detetive que acusou Aécio Neves alerta movimentos sociais
Publicado por CdBem: 27/03/2016
Na manhã de sábado, Lucas Arcanjo foi encontrado morto em sua própria casa. Família reafirmou, neste domingo, não acreditar na hipótese de suicídio
O detetive Lucas Gomes Arcanjo, afastado do serviço por licença médica, foi encontrado morto na janela de seu quarto com uma gravata enrolada no pescoço. Conhecido por fazer denúncias que associavam o senador Aécio Neves (PSDB) à lavagem de dinheiro e ao narcotráfico, o policial já havia sofrido quatro atentados, como supostas formas de retaliação. Um deles o deixou com uma seqüela na perna que o obrigou a andar com ajuda de bengala. A família não acredita em suicídio.
https://www.correiodobrasil.com.br/morte-suspeita-de-detetive-que-acusou-aecio-neves-alerta-movimentos-sociais/
Brasil lidera ranking de ativistas ambientais assassinados em 2016
País registrou 25% de um total de 200 mortes registradas em todo o mundo no ano passado.
Por France Presse
13/07/2017 15h14 Atualizado 13/07/2017 15h17
https://g1.globo.com/natureza/noticia/brasil-lidera-ranking-de-ativistas-ambientais-assassinados-em-2016.ghtml
Assassinato de freira defensora da Amazônia Dorothy Stang completa 10 anos
InfoAmazonia 13/02/2015 03:46
por Stefano Wrobleski... - Veja mais em https://infoamazonia.blogosfera.uol.com.br/2015/02/13/assassinato-de-freira-defensora-da-amazonia-dorothy-stang-completa-10-anos/?cmpid=copiaecola
Diretor do PSOL é assassinado a tiros dentro do próprio bar no Pará
Maurício André Souto da Silva levou cinco tiros na cabeça. Partido suspeita de crime de encomenda
Agência Estado
17/01/2013 - 19H33 (ATUALIZADO EM 17/01/2013 - 19H31)
https://noticias.r7.com/cidades/diretor-do-psol-e-assassinado-a-tiros-dentro-do-proprio-bar-no-para-17012013
Quilombola no Maranhão é assassinado com quatro tiros
Por Jeferson Choma, da redação - 12/04/2017
https://www.pstu.org.br/urgente-quilombola-no-maranhao-e-assassinado-com-quatro-tiros/
E para quem ainda acha que está tudo bem:
Paulo Sérgio Almeida Nascimento 13/03/2018 – líder comunitário no Pará – Assassinado
Márcio Oliveira Matos, 26/01/2018 – líder do MST na Bahia – Assassinado
Leandro Altenir Ribeiro Ribas, 19/01/2018 – Líder Comunitário no RS – Assassinado
Jefferson Marcelo, 04/01/2018, Líder comunitário no RJ – assassinado
Carlos Antonio dos Santos (carlão), 08/02/2018 – líder movimento agrário Mato Grosso – Assassinado
José Raimundo da Mota de Souza Júnior 13/07/2017 – líder quilombola/MST bahia – Assassinado
Eraldo Lima Costa e Silva, 20/06/2017 – líder MST Recife – Assassinado
George de Andrade Lima Rodrigues, 23/02/2018 – líder comunitário Recife – Assassinado
Luís César Santiago da Silva (“cabeça do povo”), 15/04/2017 – líder sindical Ceará – Assassinado
José Bernardo da Silva, 27/04/2016 – líder do MST Pernambuco – Assassinado
Paulo Sérgio Santos, 08/07/2014 – líder quilombola na Bahia – Assassinado
Rosenildo Pereira de Almeida (Negão), 08/07/2017 – líder comunitário/MST – Assassinato
Jair Cleber dos Santos, 24/09/2017 – líder movimento agrário Pará – Assassinado
Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, 01/09/2015 – líder indígena Mato Grosso – Assassinado.
Fabio Gabriel Pacifico dos Santos (binho dos palmares), 19/09/2017 – líder quilombola Bahia – Assassinado
Valdenir Juventino Izidoro, (lobo), 04/06/2017 – líder camponês Rondônia – Assassinado
Almir Silva dos Santos, 08/07/2016 – líder comunitário no Maranhão – Assassinado
José Conceição Pereira, 14/04/2016 – Líder comunitário Maranhão – Assassinado
Waldomiro costa Pereira, 20/03/2017 – Líder MST Pará – Assassinado
Valdemir Resplandes, 09/01/2018 – líder MST Pará – Assassinado
Clodoaldo dos Santos, 15/12/2017 – líder sindicalista sindipetro RJ – Assassinado
João Natalício Xukuru-Kariri, 19/10/2016 – líder indígena Alagoas – Assassinado
Edmilson Alves da Silva, 16/02/2016 – Líder comunitário alagoas - Assassinado
Agora foi a vereadora Marielle Franco Rio de Janeiro. Assassinada.
domingo, 18 de março de 2018
Como são escolhidas as capitais dos países?
Ver: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-42282730
Forças turcas e aliados tomam controle da cidade síria de Afrin
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/forcas-turcas-e-aliados-tomam-controle-da-cidade-siria-de-afrin.shtml
Cidade era reduto curdo no noroeste do país e alvo de Ancara há quase dois meses
18.mar.2018 às 23h01
AFRIN (SÍRIA)
As forças turcas e seus aliados sírios assumiram neste domingo (18) o controle total da cidade de Afrin, reduto curdo no noroeste da Síria e palco de uma ofensiva de Ancara há quase dois meses.
O cerco de Afrin e o avanço das forças turcas e dos rebeldes aliados resultaram nos últimos dias em uma grande fuga de civis, suscitando receios de uma nova tragédia humanitária em um país devastado por uma guerra que deixou mais de 500 mil mortos e milhões de refugiados desde 2011.
Dois correspondentes da AFP entraram em Afrin nesta manhã e comprovaram a presença de combatentes sírios apoiados por Ancara e de soldados turcos em todos os bairros da cidade de Afrin, onde realizavam operações de limpeza de minas.
Dois tanques turcos estavam estacionados em frente a um edifício oficial, enquanto tiros de comemoração eram disparados, acrescentaram os correspondentes, que viram as bandeiras da Turquia e da revolução síria penduradas em diversos prédios.
Os jornalistas da AFP também observaram dezenas de civis deixando o centro da cidade, assustados com as explosões provocadas pelas operações de remoção de minas.
Não houve confronto na cidade de Afrin enquanto os correspondentes da AFP estiveram no local.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, havia anunciado mais cedo neste domingo que o centro da cidade de Afrin tinha sido tomado. De acordo com a imprensa turca, os combatentes curdos quase não resistiram.
OFENSIVA
A cidade era o principal alvo da ofensiva lançada em 20 de janeiro pela Turquia contra a milícia curda das YPG (Unidades de Proteção do Povo), um grupo descrito como "terrorista" por Ancara, mas um valioso aliado de Washington na guerra contra os extremistas islâmicos na Síria.
Os curdos da Síria prometem lutar até a "libertação" de Afrin e afirmam que vão atacar as forças turcas e os rebeldes sírios aliados à Turquia.
"A resistência continuará até a libertação de cada território de Afrin", afirma em um comunicado a administração semiautônoma curda da região conquistada pelas forças turcas.
Diante da possibilidade de mais mortes, dezenas de grupos apelaram às autoridades mundiais para pressionar forças rebeldes turcas e sírias a se retirarem de Afrin e evitar uma “tragédia humana”.
Mais de 40 partidos políticos, associações e sindicatos emitiram a declaração algumas horas após o exército turco e seus aliados rebeldes sírios entrarem em Afrin.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, mais de 1.500 combatentes curdos morreram desde o início da ofensiva.
Os rebeldes aliados da Turquia sofreram 400 baixas. As Forças Armadas turcas relataram 46 soldados mortos.
Nos últimos dias, os bombardeios aéreos e terrestres se intensificaram contra a cidade. Na sexta-feira (16) e no sábado (17), pelo menos 30 civis foram mortos, 16 no bombardeio de um hospital de Afrin, de acordo com o OSDH.
A Turquia assegura que não visa a população civil e negou o ataque ao hospital.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirma que mais de 280 civis foram mortos desde que Ancara lançou a ofensiva.
Para escapar do avanço das forças turcas, cerca de 250 mil pessoas deixaram a cidade de Afrin desde quarta-feira à noite, utilizando um corredor humanitário no sul da cidade que leva a territórios controlados pelos curdos ou pelo regime sírio. Apenas alguns milhares de habitantes permaneceriam em Afrin, segundo o Observatório.
GHOUTA ORIENTAL
O conflito na Síria, que começou há sete anos, envolve atores regionais e potências internacionais em um território muito fragmentado.
Em outra frente desta guerra, em Ghouta Oriental, continua o êxodo em massa de civis. O local é um enclave rebelde nas proximidades de Damasco, cercado pelo regime de Bashar al-Assad desde 2013.
O controle exercido pelos rebeldes neste território é cada vez mais reduzido diante do avanço das forças do governo.
O regime sírio lançou sua ofensiva em meados de fevereiro e seus intensos bombardeios diários deixaram pelo menos 1.400 civis mortos, dos quais 274 crianças, de acordo com o Observatório.
Para escapar dos ataques aéreos, mais de 50 mil civis fugiram da área nos últimos dias, de acordo com a mesma fonte.
Em Khisrin, uma cidade recentemente conquistada pelo regime, civis caminhavam entre os escombros carregando bolsas e cobertores, segundo constatou um cinegrafista que trabalha com a AFP.
De acordo com o Observatório, o regime conquistou no sábado as localidades rebeldes de Kfar Batna e Saqba, ampliando seu controle para 80% desse enclave dividido em três setores isolados.
AFP
Cidade era reduto curdo no noroeste do país e alvo de Ancara há quase dois meses
18.mar.2018 às 23h01
AFRIN (SÍRIA)
As forças turcas e seus aliados sírios assumiram neste domingo (18) o controle total da cidade de Afrin, reduto curdo no noroeste da Síria e palco de uma ofensiva de Ancara há quase dois meses.
O cerco de Afrin e o avanço das forças turcas e dos rebeldes aliados resultaram nos últimos dias em uma grande fuga de civis, suscitando receios de uma nova tragédia humanitária em um país devastado por uma guerra que deixou mais de 500 mil mortos e milhões de refugiados desde 2011.
Dois correspondentes da AFP entraram em Afrin nesta manhã e comprovaram a presença de combatentes sírios apoiados por Ancara e de soldados turcos em todos os bairros da cidade de Afrin, onde realizavam operações de limpeza de minas.
Dois tanques turcos estavam estacionados em frente a um edifício oficial, enquanto tiros de comemoração eram disparados, acrescentaram os correspondentes, que viram as bandeiras da Turquia e da revolução síria penduradas em diversos prédios.
Os jornalistas da AFP também observaram dezenas de civis deixando o centro da cidade, assustados com as explosões provocadas pelas operações de remoção de minas.
Não houve confronto na cidade de Afrin enquanto os correspondentes da AFP estiveram no local.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, havia anunciado mais cedo neste domingo que o centro da cidade de Afrin tinha sido tomado. De acordo com a imprensa turca, os combatentes curdos quase não resistiram.
OFENSIVA
A cidade era o principal alvo da ofensiva lançada em 20 de janeiro pela Turquia contra a milícia curda das YPG (Unidades de Proteção do Povo), um grupo descrito como "terrorista" por Ancara, mas um valioso aliado de Washington na guerra contra os extremistas islâmicos na Síria.
Os curdos da Síria prometem lutar até a "libertação" de Afrin e afirmam que vão atacar as forças turcas e os rebeldes sírios aliados à Turquia.
"A resistência continuará até a libertação de cada território de Afrin", afirma em um comunicado a administração semiautônoma curda da região conquistada pelas forças turcas.
Diante da possibilidade de mais mortes, dezenas de grupos apelaram às autoridades mundiais para pressionar forças rebeldes turcas e sírias a se retirarem de Afrin e evitar uma “tragédia humana”.
Mais de 40 partidos políticos, associações e sindicatos emitiram a declaração algumas horas após o exército turco e seus aliados rebeldes sírios entrarem em Afrin.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, mais de 1.500 combatentes curdos morreram desde o início da ofensiva.
Os rebeldes aliados da Turquia sofreram 400 baixas. As Forças Armadas turcas relataram 46 soldados mortos.
Nos últimos dias, os bombardeios aéreos e terrestres se intensificaram contra a cidade. Na sexta-feira (16) e no sábado (17), pelo menos 30 civis foram mortos, 16 no bombardeio de um hospital de Afrin, de acordo com o OSDH.
A Turquia assegura que não visa a população civil e negou o ataque ao hospital.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirma que mais de 280 civis foram mortos desde que Ancara lançou a ofensiva.
Para escapar do avanço das forças turcas, cerca de 250 mil pessoas deixaram a cidade de Afrin desde quarta-feira à noite, utilizando um corredor humanitário no sul da cidade que leva a territórios controlados pelos curdos ou pelo regime sírio. Apenas alguns milhares de habitantes permaneceriam em Afrin, segundo o Observatório.
GHOUTA ORIENTAL
O conflito na Síria, que começou há sete anos, envolve atores regionais e potências internacionais em um território muito fragmentado.
Em outra frente desta guerra, em Ghouta Oriental, continua o êxodo em massa de civis. O local é um enclave rebelde nas proximidades de Damasco, cercado pelo regime de Bashar al-Assad desde 2013.
O controle exercido pelos rebeldes neste território é cada vez mais reduzido diante do avanço das forças do governo.
O regime sírio lançou sua ofensiva em meados de fevereiro e seus intensos bombardeios diários deixaram pelo menos 1.400 civis mortos, dos quais 274 crianças, de acordo com o Observatório.
Para escapar dos ataques aéreos, mais de 50 mil civis fugiram da área nos últimos dias, de acordo com a mesma fonte.
Em Khisrin, uma cidade recentemente conquistada pelo regime, civis caminhavam entre os escombros carregando bolsas e cobertores, segundo constatou um cinegrafista que trabalha com a AFP.
De acordo com o Observatório, o regime conquistou no sábado as localidades rebeldes de Kfar Batna e Saqba, ampliando seu controle para 80% desse enclave dividido em três setores isolados.
AFP
sábado, 17 de março de 2018
Crise diplomática entre Rússia e Reino Unido atinge a Copa do Mundo
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizpereirajorge/2018/03/crise-diplomatica-entre-russia-e-reino-unido-atinge-a-copa-do-mundo.shtml
No entanto, Fifa parece não temer boicote dos ingleses ao Mundial
17.mar.2018 às 2h00
A Fifa parece não temer que a crise diplomática entre Inglaterra e Rússia faça com que a seleção inglesa boicote a Copa do Mundo, como noticiou a Folha nesta semana. E nem deve passar pela cabeça dos ingleses ficar fora da competição mais importante do esporte. Mas ganha força entre os membros do Parlamento a ideia de que o país busque apoio entre seus aliados internacionais para que a competição seja adiada ou mesmo transferida para outro lugar.
“Gostaria de ver o Parlamento debater se uma ação do governo com outros países para adiar a Copa do Mundo ou movê-la para outro local seria o caminho certo”, disse John Woocock, do Partido Trabalhista, ao jornal Daily Express. Ele lidera um grupo de 20 parlamentares que apontam a Rússia como culpada pelo ataque do dia 4 de março, em Salisbury.
Lembrando que na semana passada o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha foram envenenados e estão hospitalizados. A Inglaterra expulsou do país 23 diplomatas e a relação com a Rússia, que nega envolvimento, ficou muito complicada.
Na quinta (15), Theresa May, Donald Trump, Angela Merkel e Emmanuel Macron emitiram um comunicado conjunto em que os líderes endossam a conclusão de May de que é “altamente provável” que a Rússia está por trás do ataque.
A preocupação dos parlamentares ingleses é que o presidente russo Vladmir Putin use a Copa do mesma forma que Hitler usou a Olimpíada de Munique, em 1936, como publicidade de um regime ditatorial bruto.
Receio tardio e ingênuo. Qualquer governo se vale politicamente do sucesso de seus eventos esportivos. A Rússia, mais ainda do que o Brasil, tem motivos de sobra para que sua candidatura enfrentasse protesto e oposição. É um país que escorrega feio em tudo que se refere a direitos humanos.
E não é de hoje que Putin se beneficia do esporte para aumentar sua aprovação. Em 2014, sua popularidade saltou de 65% para 80% também por causa dos resultados alcançados na Olimpíada de Sochi.
Mesmo tendo seu nome apontado como chefe do esquema de doping, que funcionava como política de Estado desde os Jogos de Londres, em 2012, ele continua surfando uma onda que não perde força. Pesquisa recente do instituto público VTsIOM mostra que metade dos jovens diz que votará na eleição presidencial que acontece neste domingo (18), 82% em Putin.
No entanto é mais do que legítimo que a Inglaterra tome alguma providência em relação à sua participação na Copa do Mundo. O secretário de relações exteriores Boris Johnson disse que não há nenhum plano de barrar a participação no Mundial, mas que o país não terá nenhum representante do alto escalão no evento. Pela gravidade do assunto, parece pouco.
O parlamentar John Woocock deixa claro que a ideia que cresce não defende um boicote isolado da Inglaterra, mas uma ação internacional conjunta. Resta saber se os países aliados estão dispostos a comprar essa briga não apenas com a Rússia, mas com a Fifa.
Enquanto isso no Brasil, Marco Polo Del Nero deita e rola. Suspenso pela Fifa por mais 45 dias, já definiu quem será seu testa de ferro, ops, sucessor, até 2023. Achava que a frase “vocês vão ter que me engolir” era do Zagallo, mas posso jurar que quem repete isso todos os dias é Del Nero.
Mariliz Pereira Jorge
É jornalista e roteirista.
No entanto, Fifa parece não temer boicote dos ingleses ao Mundial
17.mar.2018 às 2h00
A Fifa parece não temer que a crise diplomática entre Inglaterra e Rússia faça com que a seleção inglesa boicote a Copa do Mundo, como noticiou a Folha nesta semana. E nem deve passar pela cabeça dos ingleses ficar fora da competição mais importante do esporte. Mas ganha força entre os membros do Parlamento a ideia de que o país busque apoio entre seus aliados internacionais para que a competição seja adiada ou mesmo transferida para outro lugar.
“Gostaria de ver o Parlamento debater se uma ação do governo com outros países para adiar a Copa do Mundo ou movê-la para outro local seria o caminho certo”, disse John Woocock, do Partido Trabalhista, ao jornal Daily Express. Ele lidera um grupo de 20 parlamentares que apontam a Rússia como culpada pelo ataque do dia 4 de março, em Salisbury.
Lembrando que na semana passada o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha foram envenenados e estão hospitalizados. A Inglaterra expulsou do país 23 diplomatas e a relação com a Rússia, que nega envolvimento, ficou muito complicada.
Na quinta (15), Theresa May, Donald Trump, Angela Merkel e Emmanuel Macron emitiram um comunicado conjunto em que os líderes endossam a conclusão de May de que é “altamente provável” que a Rússia está por trás do ataque.
A preocupação dos parlamentares ingleses é que o presidente russo Vladmir Putin use a Copa do mesma forma que Hitler usou a Olimpíada de Munique, em 1936, como publicidade de um regime ditatorial bruto.
Receio tardio e ingênuo. Qualquer governo se vale politicamente do sucesso de seus eventos esportivos. A Rússia, mais ainda do que o Brasil, tem motivos de sobra para que sua candidatura enfrentasse protesto e oposição. É um país que escorrega feio em tudo que se refere a direitos humanos.
E não é de hoje que Putin se beneficia do esporte para aumentar sua aprovação. Em 2014, sua popularidade saltou de 65% para 80% também por causa dos resultados alcançados na Olimpíada de Sochi.
Mesmo tendo seu nome apontado como chefe do esquema de doping, que funcionava como política de Estado desde os Jogos de Londres, em 2012, ele continua surfando uma onda que não perde força. Pesquisa recente do instituto público VTsIOM mostra que metade dos jovens diz que votará na eleição presidencial que acontece neste domingo (18), 82% em Putin.
No entanto é mais do que legítimo que a Inglaterra tome alguma providência em relação à sua participação na Copa do Mundo. O secretário de relações exteriores Boris Johnson disse que não há nenhum plano de barrar a participação no Mundial, mas que o país não terá nenhum representante do alto escalão no evento. Pela gravidade do assunto, parece pouco.
O parlamentar John Woocock deixa claro que a ideia que cresce não defende um boicote isolado da Inglaterra, mas uma ação internacional conjunta. Resta saber se os países aliados estão dispostos a comprar essa briga não apenas com a Rússia, mas com a Fifa.
Enquanto isso no Brasil, Marco Polo Del Nero deita e rola. Suspenso pela Fifa por mais 45 dias, já definiu quem será seu testa de ferro, ops, sucessor, até 2023. Achava que a frase “vocês vão ter que me engolir” era do Zagallo, mas posso jurar que quem repete isso todos os dias é Del Nero.
Mariliz Pereira Jorge
É jornalista e roteirista.
Rússia expulsa 23 diplomatas, veta novo consulado e fecha Conselho Britânico
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/russia-diz-que-23-diplomatas-britanicos-devem-sair-do-pais-em-uma-semana.shtml
Medidas são resposta a ações de Londres após envenenamento de ex-espião na Inglaterra
17.mar.2018 às 6h31
Atualizado: 17.mar.2018 às 9h34
Igor Gielow
MOSCOU
O Ministério das Relações Exteriores russo divulgou neste sábado (17) as medidas em resposta às ações britânicas contra o governo de Vladimir Putin, acusado de envenenar o ex-espião Serguei Skripal e sua filha numa cidade inglesa no começo do mês.
Serão expulsos 23 diplomatas, o mesmo número que o Reino Unido havia decidido mandar embora de Londres, conforme a praxe nesse episódios. Eles também terão uma semana para deixar Moscou.
Além disso, foi cancelada a permissão para a abertura de um novo consulado britânico no país, o que iria ocorrer em São Petersburgo, segunda maior cidade do país depois de Moscou.
Por fim, a Rússia mandou fechar o Conselho Britânico, entidade que desenvolve atividades culturais e educacionais promovendo valores do Reino Unido e a língua inglesa. Neste caso, a alegação foi de que a entidade funcionava sem registro correto na Rússia.
Para diferenciar-se do governo britânico, cuja primeira-ministra, Theresa May, divulgou suas medidas retaliatórias em sessão do Parlamento na quarta-feira passada, a Rússia primeiro informou o embaixador do Reino Unido em Moscou das medidas. “O lado britânico foi avisado de que, em caso de haver novas ações não amigáveis contra a Rússia, o lado russo se reserva o direito de promover outras medidas retaliatórias”, disse o ministério, em nota.
May disse que a resposta russa “não muda os fatos”. “Nos próximos dias iremos considerar os próximos passos a tomar”, afirmou em conferência de seu partido, o Conservador, em Londres. Ela repetiu suas críticas e acusações a Moscou, e afirmou que as ações do governo Putin são a “antítese dos valores do Reino Unido”, citando o ideário liberal ocidental: como liberdade de expressão e eleições livres.
A medida russa ocorre na véspera da eleição que vai confirmar mais um mandato para Putin, no poder como presidente desde 31 de dezembro de 1999. O caso Skripal é tratado na mídia russa como uma afronta ao país, já que o Reino Unido foi de grande agressividade nas acusações contra o Kremlin —o chanceler Boris Johnson chegou a dizer que o envenenamento provavelmente foi ordenado pessoalmente pelo presidente.
Politicamente, isso cai como uma luva para a imagem interna de Putin, visto em pesquisas de opinião como um defensor ferrenho dos interesse russos. Externamente, exceto que sanções econômicas mais duras sejam tomadas, por ora as queixas britânicas tendem a ficar apenas no campo retórico.
Os alarmes daquilo que o Kremlin chama de russofobia soaram quando Skripal e sua filha, Iulia, foram encontrados inconscientes num banco de praça em Salisbury, no dia 4. Ela visitava o pai, exilado no Reino Unido desde 2010. Eles estão em estado grave devido à ação de um agente neurotóxico chamado Novitchok, desenvolvido na antiga União Soviética nos anos 1970.
Isso bastou para May apontar o dedo acusador contra Moscou, embora especialistas sejam cautelosos e indiquem que o Novitchok pode ter sido facilmente retirado da Rússia durante a balbúrdia política e social que se seguiu à dissolução da União Soviética em 1991. Outros países que faziam parte do império comunista, como o Uzbequistão, também tiveram acesso à substância.
O histórico é desfavorável a Moscou e a seus serviços secretos. Em 2006, um agente exilado que era ativista contra o Kremlin, Alexander Litvinenko, foi envenenado com uma substância radioativa no Reino Unido e morreu. O inquérito que se seguiu acusou diretamente o FSB, principal serviço secreto sucessor da temida KGB soviética, e o Kremlin pela morte. Putin sempre negou responsabilidade no episódio.
O que torna o caso de Skripal mais nebuloso é o fato de que ele vivia uma vida tranquila após passar seis anos na cadeia na Rússia por traição: durante anos, como coronel do serviço secreto militar (o GRU), ele delatou o nome de agentes russos na Europa para os britânicos. Perdoado e trocado por agentes de Moscou que estavam presos nos EUA, ele acabou no Reino Unido. Parece improvável que a esta altura, oito anos depois, ele tivesse alguma informação sensível que já não tivesse contado a Londres.
Tanto o Kremlin quanto o contestado governo May podem auferir ganhos políticos internos com a troca de acusações, o que os torna suspeitos da morte em teoria, embora o risco de tal confrontação pareça alto demais. Há então uma hipótese talvez lógica, de que alguém que foi prejudicado no passado por Skripal resolveu tentar matá-lo. O problema dessa versão é que o Novotchik é de difícil acesso e uso, não sendo uma arma banal. Com isso, o mistério prossegue.
Medidas são resposta a ações de Londres após envenenamento de ex-espião na Inglaterra
17.mar.2018 às 6h31
Atualizado: 17.mar.2018 às 9h34
Igor Gielow
MOSCOU
O Ministério das Relações Exteriores russo divulgou neste sábado (17) as medidas em resposta às ações britânicas contra o governo de Vladimir Putin, acusado de envenenar o ex-espião Serguei Skripal e sua filha numa cidade inglesa no começo do mês.
Serão expulsos 23 diplomatas, o mesmo número que o Reino Unido havia decidido mandar embora de Londres, conforme a praxe nesse episódios. Eles também terão uma semana para deixar Moscou.
Além disso, foi cancelada a permissão para a abertura de um novo consulado britânico no país, o que iria ocorrer em São Petersburgo, segunda maior cidade do país depois de Moscou.
Por fim, a Rússia mandou fechar o Conselho Britânico, entidade que desenvolve atividades culturais e educacionais promovendo valores do Reino Unido e a língua inglesa. Neste caso, a alegação foi de que a entidade funcionava sem registro correto na Rússia.
Para diferenciar-se do governo britânico, cuja primeira-ministra, Theresa May, divulgou suas medidas retaliatórias em sessão do Parlamento na quarta-feira passada, a Rússia primeiro informou o embaixador do Reino Unido em Moscou das medidas. “O lado britânico foi avisado de que, em caso de haver novas ações não amigáveis contra a Rússia, o lado russo se reserva o direito de promover outras medidas retaliatórias”, disse o ministério, em nota.
May disse que a resposta russa “não muda os fatos”. “Nos próximos dias iremos considerar os próximos passos a tomar”, afirmou em conferência de seu partido, o Conservador, em Londres. Ela repetiu suas críticas e acusações a Moscou, e afirmou que as ações do governo Putin são a “antítese dos valores do Reino Unido”, citando o ideário liberal ocidental: como liberdade de expressão e eleições livres.
A medida russa ocorre na véspera da eleição que vai confirmar mais um mandato para Putin, no poder como presidente desde 31 de dezembro de 1999. O caso Skripal é tratado na mídia russa como uma afronta ao país, já que o Reino Unido foi de grande agressividade nas acusações contra o Kremlin —o chanceler Boris Johnson chegou a dizer que o envenenamento provavelmente foi ordenado pessoalmente pelo presidente.
Politicamente, isso cai como uma luva para a imagem interna de Putin, visto em pesquisas de opinião como um defensor ferrenho dos interesse russos. Externamente, exceto que sanções econômicas mais duras sejam tomadas, por ora as queixas britânicas tendem a ficar apenas no campo retórico.
Os alarmes daquilo que o Kremlin chama de russofobia soaram quando Skripal e sua filha, Iulia, foram encontrados inconscientes num banco de praça em Salisbury, no dia 4. Ela visitava o pai, exilado no Reino Unido desde 2010. Eles estão em estado grave devido à ação de um agente neurotóxico chamado Novitchok, desenvolvido na antiga União Soviética nos anos 1970.
Isso bastou para May apontar o dedo acusador contra Moscou, embora especialistas sejam cautelosos e indiquem que o Novitchok pode ter sido facilmente retirado da Rússia durante a balbúrdia política e social que se seguiu à dissolução da União Soviética em 1991. Outros países que faziam parte do império comunista, como o Uzbequistão, também tiveram acesso à substância.
O histórico é desfavorável a Moscou e a seus serviços secretos. Em 2006, um agente exilado que era ativista contra o Kremlin, Alexander Litvinenko, foi envenenado com uma substância radioativa no Reino Unido e morreu. O inquérito que se seguiu acusou diretamente o FSB, principal serviço secreto sucessor da temida KGB soviética, e o Kremlin pela morte. Putin sempre negou responsabilidade no episódio.
O que torna o caso de Skripal mais nebuloso é o fato de que ele vivia uma vida tranquila após passar seis anos na cadeia na Rússia por traição: durante anos, como coronel do serviço secreto militar (o GRU), ele delatou o nome de agentes russos na Europa para os britânicos. Perdoado e trocado por agentes de Moscou que estavam presos nos EUA, ele acabou no Reino Unido. Parece improvável que a esta altura, oito anos depois, ele tivesse alguma informação sensível que já não tivesse contado a Londres.
Tanto o Kremlin quanto o contestado governo May podem auferir ganhos políticos internos com a troca de acusações, o que os torna suspeitos da morte em teoria, embora o risco de tal confrontação pareça alto demais. Há então uma hipótese talvez lógica, de que alguém que foi prejudicado no passado por Skripal resolveu tentar matá-lo. O problema dessa versão é que o Novotchik é de difícil acesso e uso, não sendo uma arma banal. Com isso, o mistério prossegue.
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