segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Mais uma bolha nas finanças?

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciusmota/2018/01/1948751-quando-entrar-para-a-politica-e-bom-investimento.shtml

15.jan.2018 às 2h00
Por Vinicius Mota

A economia americana marcha para entabular seu segundo mais longo período de recuperação desde o final da Segunda Guerra. O Fundo Monetário Internacional estima que em 2018 o número de nações em recessão será o menor que já registrou. Em 2017, menos de 4% dos países empobreceram.

A máquina que tem feito jorrar lucro das empresas mundo afora mantém-se ativa. Não houve solavanco a tirar dos trilhos a política quase imperceptível de aperto no custo e na oferta do dinheiro grosso, mas começa a ficar esquisita a arrancada saltitante dos grandes pregões de ações.

O índice que abrange o maior número de empresas nos EUA subiu 23% nos últimos 12 meses e 48% em dois anos. No restante do mundo rico e no emergente, muda apenas o grau da escalada.

Vem aí um novo estouro de bolha financeira? A julgar por alguns indicadores, como os que ajustam a relação entre preços de ações e lucros das empresas a ciclos mais longos, é hora de redobrar a cautela.

Quando uma ação caminha mais depressa, durante muito tempo, que os ganhos empresariais a sustentá-la, um ajuste está provavelmente a caminho.

O consumidor americano, após longo período de contenção, voltou a gastar mais do que ganha.

Queima poupança no ritmo mais forte em quatro décadas, embora o seu endividamento ainda esteja limitado.

Uma bolha é o que é porque, entre outras razões, não se deixa enxergar até que arrebente e faça estragos. Continua a crescer, mesmo diante dos traumas do passado, ancorada em narrativas plausíveis de que desta vez será diferente.

Os mais brilhantes cérebros jamais conseguiram domar a besta dos mercados financeiros. A capacidade de prever eventos extremos nesse terreno demasiadamente humano é precária. Não costuma haver correção suave após longos ciclos de euforia com a riqueza dos papéis.

Vinicius Mota
É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.Escreve às segundas-feiras.

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